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sábado, 11 de setembro de 2010

Amor na prática .Alessandro Mendonça.

Amor na prática .



O texto a seguir mostra um exemplo prático do “espírito da lei” quanto à consideração pelo próximo. A partir dele, podemos tecer um paralelo com os aspectos práticos da vivência do amor cristão ao próximo.
“Vendo extraviado o boi ou ovelha de teu irmão, não te desviarás deles; restitui-los-ás sem falta a teu irmão. E se teu irmão não estiver perto de ti, ou não o conheceres, recolhê-los-ás na tua casa, para que fiquem contigo, até que teu irmão os busque, e tu lhos restituirás. Assim também farás com o seu jumento, e assim farás com as suas roupas; assim farás também com toda a coisa perdida, que se perder de teu irmão, e tu a achares; não te poderás omitir. Se vires o jumento que é de teu irmão, ou o seu boi, caídos no caminho, não te desviarás deles; sem falta o ajudarás a levantá-los.”
O texto de nosso estudo (Deuteronômio 22:1-4) não trata explicitamente de amor. Mas trata de fazer o que é certo em consideração ao próximo. E isso, segundo Jesus, é amar, posto que o cumprimento da Lei é o amor.
Para aqueles que vêem no amor apenas sua dimensão romântica, o ato de recolher um animal perdido em casa não se parece nada com o amor das telas de cinema ou dos sonhos de menina. Entretanto é um exemplo ótimo para se ensinar que as oportunidades de amar fazem parte do nosso cotidiano. O amor não é um sentimento que, de tão nobre, deva ser guardado e reservado para ocasiões especiais como salvar uma donzela em apuros ou morrer pela pátria. Amor é para o dia-a-dia, seja para um ato de heroísmo ou para apenas devolver um boi perdido.
O exemplo bíblico do ‘boi perdido’ é ótimo também para ressaltar outro aspecto do amor na prática: As oportunidades de amar interferem nos nossos planos.Elas são inconvenientes. O texto deixa isso claro quando adverte: “Se... tu a achares não te poderás omitir”. Ou seja, no caso em questão, fazer o que é certo implica em que o sujeito deveria capturar o animal perdido (caso estivesse solto) ou libertá-lo (caso estivesse preso numa vala, por exemplo). De um jeito ou de outro haverá uma boa dose de trabalho, desgaste e cansaço. O amor faz a gente alterar nossa agenda, remarcar nossos compromissos e colocar o outro (algum desconhecido desatento com seus animais) como nossa prioridade. “Não te omitirás”, diz o texto. Isso nos mostra outro aspecto relacionado: O amor implica sacrifícios. Implica gastos. Se ao menos o objeto perdido fosse uma xuxinha de amarrar cabelo... Mas não, um boi ou um jumento dão muito, muito mais trabalho. Onde colocá-los? Como alimentá-los? E por quanto tempo? Melhor seria deixar de lado e simplesmente ignorar. Razões para isso não faltariam. Afinalas oportunidades de amar são cheias de justificativas para não se amar:“não é minha responsabilidade”, “problema de quem não cuida de seu boi”, “não é minha culpa”, “não é minha obrigação”. Não parece justo interromper meus afazeres para cuidar da provável displicência do outro. Mas é justamente a coisa certa a fazer. Nesse caso, vale lembrar da parábola do bom samaritano que encontrou não um boi, mas um homem à beira do caminho. Fica ainda mais evidente a omissão dos dois judeus que se negam a prestar socorro. Eles sabiam muito bem o que fazer. Um homem não valeria muito mais do que um boi ou jumento?
Além de todas as dificuldades implicadas no amor na prática, há algo pior: as oportunidades de amar não oferecem garantia alguma de recompensas imediatas. Quem se dispõe ao trabalho de ‘devolver o boi’ o faz sem pretensões compensatórias. O amor, além de custar caro para quem oferece, não custa nada para quem o recebe. É de graça. É da Graça. Alguém argumentará: Então por que amar? Por que se sacrificar em função de alguém sem nada em troca? Simples: porque nós também temos nossos ‘bois perdidos’. Nós também precisamos de alguém que se compadeça e que dê meia-volta e recupere algo nosso. Quantas pessoas já recuperaram nossa auto-estima perdida, nossa fé e força perdidas? E isso nos leva a mais uma lição: Fica mais fácil amar se todos amam juntos.Imagine viver numa sociedade onde todos guardassem e devolvessem aquilo que você perdeu. Seria bem mais fácil fazer o mesmo.
As nações mais desenvolvidas do mundo atual têm um princípio de sequer tocar em algo de valor que esteja perdido. A educação recomenda que qualquer coisa (dinheiro ou objetos) seja deixada exatamente no mesmo lugar, afim de que o dono, ao perceber-se da perda, possa retornar e encontrar seu bem. A lei mosaica ia além e determinava que quem encontrasse, assumisse a responsabilidade pelo cuidado e pela procura do dono. Assim, Deus pretendia que Israel fosse a comunidade onde nada se perdesse. Assim Deus pretende que seja a igreja: um grande depósito de achados e perdidos. Uma comunidade que assuma a responsabilidade de restituir o boi ou jumento perdidos, mas também o respeito e o amor próprio perdidos, a pureza perdida, a esperança perdida. Filhos perdidos aos pais, maridos perdidos às suas esposas e famílias, criminosos perdidos à sociedade. Afinal, restituir o perdido é o “negócio de Deus” e nós um dia já fomos o ‘boi’.


4 comentários:

  1. Compadecer-se de um boi??? Hoje em dia muitos de nós não nos compadecemos nem de nossos semelhantes! As noticias escabrosas e sanguinárias dos tele-jornais ja não nos comovem. As filas intermináveis nos hospitais públicos quase não nos fazem sentir compaixão. As nossas crianças se divertem com games com nível de criminalidade e violência assustadores. Os noticiários policiais são na verdade, um retrato da nossa sociedade.

    Precisamos desesperadamente fazer uma análise de nossos valores.

    Que ótima postagem!

    Parabéns meu irmão, e um abraço!!!

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  2. O irmão Wanderley Santana me encoraja com o seu comentário a 'garimpar' neste século tenebroso os valores do Reino.
    Obrigado irmão por se manifestar com suas palavras, como está escrito: O Senhor reservou para si 7.000 que não dobraram seus joelhos diante de baal e nem o beijaram,I Rs19:18.

    Iveraldo Pereira.

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  3. Ontem preguei sobre Mt 24:12, onde a biblia diz que por se multiplicar a iniquidade o amor de muito ia esfriar. Perguntei aos que me ouviam se esse texto algum dia lhes pertubou, se eles ja se viram nele? Mas para responde a essa pergunta era necessario fazemos algumas perguntas a nós mesmo? Será que tenho sentindo a dor do meu irmao? Será que ainda acredito nas pessoas? Ou sento que estou seco, que nao me importa o que os outros estão passando. Esses sinais revelam como estar acessa a chama do amor em nosso coraçoes. Jesus disse que o amor seria a nossa identidade, como foi falado no artigo, podermos arranjar muitas desculpas para não amar. ,as isso é sinal de um coração que esfriou, pois um coração onde o amor de Deus eatá operando não é seco as necessidades da pessoas.Muitos estão tão ocupados consigo mesmo, que nao percebem o " boi" que ficou preso e quando pecebem, não podem perder tempo para solta-lo, mas isso é sinal de uma coração que esfriou.Mas podemos recorrer ao dono do amor, ao proprio amor e buscarmos os seus recursos. Em 2 Tessalonicense 2:17 e 3:5 . Paulos fez uma oração pelos Tessalonicenses, ele pediu que o proprio Pai e o Senhor Jesus Cristo concedesse Animo aos seus corações e os fortalecesse para fazerem SEMPRE o bem, tanto em atos, como em palavras, depois ele pede que o Senhor os guie ao amor de DEus e a perseverança de Cristo. Como filhos de Deus podemos contar com a graça e o poder disponivel para amar em atos e palavra.

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  4. Otima postagem!!Fiquei feliz por tão belo assunto. tenho uma mensagem como o tema sobre é possivel amar a DEus sem amar seu irmao? Em breve irei posta

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