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quinta-feira, 28 de março de 2013

O que significa perseverar até o fim?


"Perseverar até o fim" aparece nos evangelhos e o contexto é o Senhor falando aos judeus referindo-se ao reino. Os capítulos 10 e 24 de Mateus e também Marcos 13 se referem à grande tribulação, e ali fala de salvação do corpo de carne, de sair vivo da tribulação para poder habitar no reino de mil anos. Compare com o versículo 22 de Mateus 24: "E, se aqueles dias não fossem abreviados, NENHUMA CARNE se salvaria".



Mat_10:22 E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. 

Mat_24:13 Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. 

Mar_13:13 E sereis odiados por todos por amor do meu nome; mas quem perseverar até ao fim, esse será salvo. 

A expressão "persevera" ou "persevere" aparece nas epístolas na forma de admoestação:

1Tm_4:16 Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. PERSEVERA nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem. 

Aqui também não está falando da salvação da alma, mas da salvação (ou de manter-se a salvo) da apostasia dos últimos tempos, que é o assunto do capítulo (veja os primeiros versículos). É apenas perseverando nos ensinos da Palavra de Deus, e aqui especificamente nas instruções dadas a Timóteo, que ficamos a salvo de problemas nesta vida e podemos nos dedicar mais livremente às coisas do Senhor.

1Tm_5:5 Ora, a que é verdadeiramente viúva e desamparada espera em Deus, e PERSEVERA de noite e de dia em rogos e orações; 

Aqui também nada tem a ver com salvação da alma, mas o termo aparece como uma qualidade das viúvas, que deveria ser também uma qualidade de todo crente: perseverar em oração o tempo todo.

Tgo_1:25 Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso PERSEVERA, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito. 

Mais uma vez o verbo perseverar é usado no sentido de uma vida de comunhão com Deus.

2Jo_1:9 Todo aquele que prevarica, e NÃO PERSEVERA na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem PERSEVERA na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. 

Aqui sim está falando de salvação para os que perseveram e de perdição para os que não perseveram na doutrina de Cristo. Mas que doutrina de Cristo é esta à qual João se refere? Não se refere a algo que FAZEMOS, mas naquilo em que CREMOS.

O assunto do apóstolo são os "enganadores [que] entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo" (2 Jo 1:7). São os falsos mestres, que ensinam que Jesus Cristo não é Deus, mas um ser criado. Você encontra esta doutrina maligna em religiões como Testemunhas de Jeová, Mórmons e Espíritas.

Para ser salvo é preciso crer em Cristo como Deus e Homem, e é isto que está subentendido na expressão "veio em carne" (2 Jo 1:7). Dizer que alguém nasceu é uma coisa, pois todos os seres humanos nasceram. Mas dizer que alguém veio em carne significa que tinha preexistência e assumiu um corpo humano. Um espírita poderia aqui argumentar que a reencarnação também funciona assim, mas o problema é que a Palavra de Deus afirma categoricamente não existir reencarnação, mesmo porque o homem só morre uma vez.

"Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo" Hb 9:27

Assim, a fé cristã que salva é crer em Jesus como divino, Deus e Homem, a Pessoa do Filho Eterno, que veio em carne, em semelhança humana, porém sem pecado, para morrer como o único sacrifício aceitável por Deus, como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

1Jo_5:20 E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. 

Joã_1:1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus

Joã_1:14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. 

Rom_8:3 Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; 

"O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado" 1 Jo 1:7

1Jo_2:2 E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. 

1Jo_4:10 Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.

por Mario Persona 
http://www.respondi.com.br/2013/03/o-que-significa-perseverar-ate-o-fim.html

domingo, 24 de março de 2013

O que é Teologia da glória?





Existe uma tensão apropriada na relação entre os cristãos e o mundo. Servimos a um Senhor que veio para trazer vida abundante (João 10.10), que venceu o mundo (João 16.33), que está sujeitando todas as coisas aos seus pés (Efésios 1.22), que verá todo joelho se dobrar e toda língua confessar que Ele é Senhor, para a glória do Pai (Filipenses 2.10). Jesus é o segundo Adão que teve sucesso onde o primeiro Adão fracassou, não somente por obedecer à lei de Deus perfeitamente, não somente por expiar nossa falha em guardar a lei, mas por cumprir o mandato de domínio. A igreja, que é a segunda Eva, ou noiva do segundo Adão, é uma ajudadora idônea de Jesus para cumprir esse chamado. Estamos em união com ele, ossos de seus ossos. Devemos estar engajados em insistir sobre os direitos régios do Rei Jesus.
O problema é que nós, como os discípulos antes de nós, frequentemente somos mais zelosos pelo nosso próprio sucesso, pela nossa própria glória do que o somos pelo reino. Eles queriam saber quem seria o primeiro no reino. Muitas vezes fazemos o mesmo. A noção de “a teologia da glória” é um meio de nos advertir contra essa tentação. Fundamentada no pensamento luterano, somos lembramos que as armas da nossa guerra não são carnais (2 Coríntios 2.10), que o primeiro será o último e o último será o primeiro (Mateus 20.16). Somos chamados a morrer pelos nossos inimigos, e não a matá-los; a dar livremente em vez de tomar; a oferecer a outra face; e até mesmo a viver em paz e quietude com todos os homens, tanto quanto possível. Isso os luteranos chamam sabiamente de “a teologia da cruz”. Devemos viver vidas de sacrifício.
Um retrato desequilibrado do lado da glória é encontrado no evangelho da prosperidade. Essa heresia ensina que é a vontade de Deus que todos nós desfrutemos de grande saúde e riqueza, que como filhos do Rei todos devemos viver como príncipes. Um retrato desequilibrado do lado da cruz é encontrado na heresia ascética – não coma, não beba, não toque. Aqui as bênçãos de Deus são malvistas, vistas como sinal de mundanismo e não como dons das mãos de Deus. Aqui a pobreza é vista como uma virtude em si mesma. O pior de tudo é que essa perspectiva pode se degenerar numa negação do reinado de Cristo sobre todas as coisas.
Nosso chamado não é buscar nosso próprio conforto, muito menos nossa glória. Antes, somos chamados a tornar conhecida a glória do nosso Rei. Devemos tornar visível o reino invisível de Deus. Contudo, fazemos isso através de meios ordinários. À medida que trabalhamos fielmente, em vez de subir a escada financeira, à medida que trocamos fraldas, em vez de contar o nosso ouro, à medida que Ele é exaltado e nós humilhados, não estamos evitando a glória da cruz, mas sim abraçando a glória da cruz. Vivemos morrendo. Vencemos perdendo. Conquistamos recuando. Nos orgulhamos de nossa fraqueza.
Jesus reina. Mas quanto a nós, seus súditos, não são muitos os sábios, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres. Portanto, aquele que se gloria glorie-se no Senhor. Quando mais manifestamos a Cristo e ele crucificado, mais manifestamos o seu reinado soberano.
 
Fonte: Highlands Ministries
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – junho/2012

R. C. Sproul Jr.
Dr. R.C. Sproul Jr. gradou-se no Reformed Theological Seminary e no Grove City College. Recebeu seu Doutorado em Ministério em 2001. É o pastor fundador da Saint Peter Presbyterian Church, e é o fundador, diretor e professor do Highlands Ministries. Sproul Jr. escreveu e editou dezenas de livros, incluindo Biblical Economics, Almighty Over All,Tearing Down Strongholds, Eternity in our Hearts, Bound for Glory, When You Rise Up, Believing God e The Call to Wonder (2012). The important thing is that he is the the father of Darby, Campbell, Shannon, Delaney, Erin Claire, Maili, Reilly and Donovan. 

quinta-feira, 21 de março de 2013

José - JESUS.


José - Jesus

Habitou Jacó na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã. Esta é a história de Jacó. Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus irmãos; sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia más notícias deles a seu pai. Ora, Israel amava mais a José que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas. Vendo, pois, seus irmãos que o pai o amava mais que a todos os outros filhos, odiaram-no e já não lhe podiam falar pacificamente” (Gn 37.1-4).

I. A vida de José era uma vida profética

O profeta é um homem através do qual Deus pode falar: vem a ser um “canal de comunicação” de Deus. Por esta razão, além das palavras e dos sonhos de José, também a sua vida, as experiências, a humilhação e as ações têm significado profético. Através da vida de José vemos reluzir, de maneira cristalina, a vida do Senhor Jesus aqui na terra. Certamente todos conhecemos este fato: quando ele procurou seus irmãos, acabou sendo rejeitado por eles. Ele foi humilhado, jogado numa cisterna e, posteriormente, na prisão. Assim como o Senhor Jesus, também José foi primeiramente vendido e posteriormente, exaltado, sentou-se no trono.
Por que a vida de José é considerada como profética, contrariamente à de seus irmãos? É muito importante que os filhos de Deus saibam isso. – Também a nossa vida deveria ser uma vida profética. Deus procura pessoas cuja vida ele possa transformar em uma profecia. Deus não tem apenas o grande desejo de que cheguemos ao céu, mas que, antes disso, o Seu Nome seja engrandecido através da revelação do Seu Filho Jesus em Seus filhos e através dos Seus filhos! Este alvo de Deus encontramos reiteradas vezes na Bíblia. Deus nos predestinou para sermos semelhantes à imagem do Seu Filho: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). – “...meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl 4.19). É isto o que significa uma vida profética! Quando se olha para uma pessoa dessas, podemos enxergar Jesus. Suas ações, suas experiências, seus passos são exatamente iguais aos de Jesus Cristo. Isso aconteceu também com José.
Qual foi o segredo da sua vida profética? Sobre a sua vida pairava o sopro da morte! Ao contrário de seus irmãos, José era o homem que trilhou o caminho da morte e na verdade era ele quem deveria fazê-lo. Ele permitiu que Deus o conduzisse por esse caminho. É fácil falar em “caminho da morte” e de “morte”, mas existem mortes e mortes, existem renúncias e renúncias! O apóstolo Paulo diz isto claramente: “...levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal” (2 Co 4.10-11). – “...levando sempre no (nosso) corpo o morrer de Jesus...” Isto é ter uma vida profética! Apesar de que José não conheceu Jesus, em sua vida podemos reconhecer – profeticamente – a morte de Jesus. Podemos ver que a sua vida era provada pelo Verbo eterno, que mais tarde se tornou carne, a Palavra transformada em carne. O Salmo 105.17-19 mostra claramente o plano de Deus para a vida de José: “Adiante deles enviou um homem, José, vendido como escravo; cujos pés apertaram com grilhões e a quem puseram em ferros (isto é a sua morte), até cumprir-se a profecia a respeito dele, e tê-lo provado a palavra do Senhor. Outra versão bíblica diz: “...a palavra do Senhor o provou” (ACF). Este era o alvo. E o que é a Palavra do Senhor? A Bíblia? Sim, porém é ainda algo mais: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14a). – “...a palavra do Senhor o provou”. Isso é o que Deus deseja ver em sua e em minha vida! Quando Ele nos prepara para seguirmos no caminho da morte, somos provados por Jesus Cristo e o Seu caráter molda o nosso. Abençoados são os que têm esse caráter! José era um desses homens abençoados! Nós também somos?

II. A vida de José era uma vida “de Deus”

Olhando sob o prisma puramente espiritual, onde estava a origem da vida profética e abençoada de José? Estava em seu pai Jacó!
Olhando sob o prisma puramente espiritual, onde estava a origem da vida profética e abençoada de José? Estava em seu pai Jacó! Isso é da maior importância. Uma pessoa pode até ser uma bênção para os outros; mas, se ela não refletir a vida de Cristo em sua vida, então ela não possui origem divina, ela não tem sua origem no Pai, em Deus. Usando linguagem bíblica: ela não é “nascida de Deus”. Toda moral, todas as boas obras, todas as tentativas de santificação, todos os esforços religiosos, todas as palavras piedosas e orações que provêm de uma vida não “nascida de Deus”, não terão qualquer valor para Deus!
Se você deseja ter uma vida profética como José, então você precisa ser “nascido de Deus”! Acho importante desenvolver um pouco esse aspecto básico.
O que significa esse “ser nascido de Deus”? A 1ª Epístola de João nos esclarece isso sem deixar dúvidas. Ela contém sete vezes a expressão “nascido de Deus” e nos mostra sete acontecimentos relacionados a ela:
1. “Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1 Jo 2.29). Aqui temos a primeira conseqüência de “ser nascido de Deus”: a prática da justiça! Agora poderíamos concluir: eu vivo corretamente, não faço mal a ninguém, logo sou nascido de Deus. Não mesmo! A Bíblia não se refere apenas a viver corretamente, mas praticar a justiça, estar comprometido com a justiça. É isso o que significa ser justo diante de Deus. Mas isso não contradiz o que a Bíblia também afirma: “Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10). Lemos ainda: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30).
Assim, no sentido bíblico, viver corretamente não é “fazer o que é certo e não importunar ninguém” – pois isso é secundário – porém é ter compromisso com Jesus e significa: fazer aquilo que Deus quer. “Este é o meu Filho amado... a ele ouvi” (Mt 17.5b).
2. “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1 Jo 3.9). Esse versículo causa dificuldades para muitos filhos de Deus, quando dizem: Sou nascido de Deus, aceitei a Jesus, mas, apesar disso ainda peco muitas vezes, e agora leio que “esse não pode viver pecando”! Continuemos a leitura da Palavra de Deus, pois somente compreenderemos isso se também lermos o próximo “nascido de Deus”.
3. “...porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo” (1 Jo 5.4). Qual é a diferença? Em 1 João 3.9 diz: “Todo aquele que é nascido de Deus”. Agora chegamos mais perto do ponto central. Se você é um renascido, o que de fato é renascido em você? Seu corpo? Se o seu corpo fosse renascido, então você nunca mais adoeceria e nunca morreria. Graças a Deus, o nosso corpo não é renascido, pois assim ficaríamos para sempre nesse mundo carregado de maldição. Mas o que renasceu em nós? O espírito! O ser humano é formado por corpo, alma e espírito. No homem natural o espírito está morto por causa do pecado. Somente o espírito pode nascer novamente através da Palavra de Deus. Quem vivenciou o renascimento, experimenta o grande milagre de que um espírito renascido não pode pecar, pois aquilo que é “nascido de Deus” é perfeito e não pode pecar. O que, então, ainda pode pecar? A carne! Mas através disso o espírito fica maculado, a nova vida é represada e afugentada. Por isso é importante que cheguemos ao lugar onde podemos nos livrar da carne pecaminosa, e este lugar é a cruz do Gólgota, onde nos arriscamos a afirmar: “Estou crucificado com Cristo”. Quando o meu “eu” estiver crucificado, então o espírito renascido – onde mora o Espírito de Deus – poderá se desenvolver. Então se entenderá melhor o versículo “...todo o que é nascido de Deus vence o mundo”. Isso quer dizer: Primeiramente o espírito é transformado pelo novo nascimento e, aos poucos, as demais áreas do corpo e da alma são atingidas, como foi expresso pelo apóstolo Paulo: “...e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23b).
4. “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 Jo 4.7). Antes de mais nada, esse versículo nos mostra que aquele que é renascido, o que é “nascido de Deus” não apenas crê em Deus e em Jesus, mas ele também ama o Senhor de todo o coração e com toda a alma. Como se identifica que esse amor é verdadeiro? O amor sincero doa! Onde houver amor verdadeiro ao Senhor não há nenhum sacrifício para entregar tudo. Ali só se poderá dizer: “De todo o coração, Senhor, toma a minha vida, pois Tu me amaste primeiro!” – Você já entregou tudo? Deus tem um grande interesse nisso. A Bíblia nos mostra que Ele não se interessa em primeira mão pela sua vida piedosa, seu conhecimento bíblico, sua inteligência, porém, somente nisso: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro, que ages tão infiel e impetuosamente, você me ama? E a resposta dele foi: “Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo” (Jo 21.17). O Senhor protege a todos que O amam. Você é nascido de Deus? Então você também ama ao Senhor e tudo pertence a Ele.
5. “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus” (1 Jo 5.1a). A fé, ou seja, a fé que agrada a Deus é resultado de alguém “nascido de Deus”. Essa fé se manifesta na vida do crente se Jesus realmente é o seu Senhor.
6. “...e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido” (1 Jo 5.1b).Isto é: quem ama a Deus também ama aos seus irmãos. Essa é uma maneira de comprovar se o seu renascimento é genuíno. Pode-se ter uma vida piedosa, pode-se fazer de tudo para desenvolver a piedade e, mesmo assim, ter uma atitude gélida para um irmão ou uma irmã que tenha uma opinião diferente da nossa. Por que há tanta falta de união entre as diferentes comunidades e igrejas? Paulo disse: “...pois todos eles buscam o que é seu próprio” (Fp 2.21a). Em outras palavras: a sua religião não tem Jesus como alvo, mas o seu “eu” piedosamente camuflado.
7. “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o Maligno não lhe toca” (1 Jo 5.18 – ACF). “...conserva-se a si mesmo”. A pessoa “nascida de Deus” muitas vezes é terrivelmente tentada. Ela pode sentir-se impelida a pecar com cada uma de suas células. No entanto, se essa pessoa viver corretamente diante do Senhor e tiver em mente essa maravilhosa palavra: “...o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo”, ela se agarra em Jesus. Assim vimos que quem é “nascido de Deus” produz fruto múltiplo com sete aspectos. Resumindo: 1. Praticar a justiça; 2. Não pecar; 3. Vencer o mundo; 4. Amar a Deus; 5. Ter fé; 6. Amor aos irmãos; 7. Conservar-se.
E José foi tentado? Sim, provavelmente mais do que qualquer outro relatado no Antigo Testamento, mas ele fugiu do pecado.
Você poderá argumentar: “Esse alvo é muito elevado! Não consigo alcançá-lo!” Certamente você não o alcançará com forças próprias; você não conseguirá produzi-lo em si mesmo. Mas a vida proveniente de Deus em você conseguirá fazê-lo, ela o produzirá. A única coisa que você não deverá fazer: você mesmo querer produzir essa vida. Deus não requer nenhum esforço de sua parte, mas somente isto: o seu “sim” total para Ele e o seu “não” total para o pecado. José agiu assim. Ele não era um homem perfeito. Por exemplo, ele gabou-se insensivelmente com os seus sonhos e, mesmo assim, ele tinha esse fruto múltiplo. Por quê? Porque ele participava daquilo que 2 Pedro 1.4 diz: “...vos torneis co-participantes da natureza divina”. A única condição indicada é livrar-se “da corrupção das paixões que há no mundo”. Foi o que José fez. E José foi tentado? Sim, provavelmente mais do que qualquer outro relatado no Antigo Testamento. Mas também nisso ele foi uma prefiguração do Senhor Jesus, pois o Senhor também foi tentado assim como nós, porém, sem pecado. José foi assediado e tentado, mas ele fugiu do pecado.

III. O alvo de Deus com a vida de José

Deus tinha um triplo objetivo: Primeiramente, com a sua ida ao Egito, José deveria preservar seus irmãos da morte pela fome (mais tarde eles puderam buscar mantimento lá). Em segundo lugar, ele teve a incumbência de manter seus irmãos – que representavam o povo de Israel – afastados dos outros povos da terra de Canaã, pois corriam o risco da miscigenação com estes. Por isso ele os trouxe para o Egito. Eles ficaram separados dos povos pagãos, na terra de Gósen. Em terceiro lugar, (o objetivo maior de Deus para a vida de José) ele colaborou para que Jesus – o Messias – pudesse vir para o Seu povo, devidamente preparado para Ele.
Deus também tem o mesmo alvo com os Seus filhos: Primeiramente, que levemos muitas pessoas do nosso convívio a Jesus, preservando-os da morte eterna. Em segundo lugar, que nossa vida santificada seja um incentivo para a santificação de nossos irmãos, para que eles fiquem guardados da miscigenação. Terceiro: que através de nossa vida frutífera apressemos a Vinda de nosso Senhor Jesus.
Vamos olhar um pouco mais sobre José. Afinal, quem era ele? Seus irmãos o consideravam como o menor e mais desprezado. Os versículos 2 e 4 de Gênesis 37 nos dizem que ele tinha 17 anos de idade e que era pastor de gado e que os seus irmãos eram seus inimigos. Ele era desprezado... esse é um dos pré-requisitos mais importantes para que o Senhor possa Se revelar através da nossa vida! Ser humilde, desprezado, um “João Ninguém”...! Teoricamente até sabemos isso, mas como é a prática no nosso cotidiano?
A Bíblia conta que Jesus, a mais alta Majestade, era “...desprezado e o mais rejeitado entre os homens” (Is 53.3a). Jesus diz de Si mesmo: “o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir...” (Mt 20.27-28).
Humildade – servir! Nosso maior problema é a nossa vaidade. O Senhor gostaria tanto de poder agir através da sua vida, se o seu “eu”, ou seja lá o que for, desse lugar! Sempre e sempre buscamos a nossa própria honra. Isso está arraigado em nossa carne e sangue. Mas os princípios de Deus são totalmente diferentes e a Bíblia nos mostra isso claramente: quando Deus quer realizar alguma coisa através de alguém, então Ele escolhe um “João Ninguém”, um “zero à esquerda”: “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus” (1 Co 1.26-29). Mas o serviço do Senhor não requer sabedoria, santidade, justiça e redenção? Sim, isso é necessário (!) e o versículo 30 nos dá a resposta: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30). Jesus em você é tudo... só você não é nada!
José não era apenas o menor e mais desprezado, mas era também o mais amado por seu pai. Mas por quê? “...porque era filho da sua velhice” (Gn 37.3). O pai o amava especialmente por que ele era um dos seus últimos filhos. Isso não nos lembra imediatamente das palavras: “Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros” (Mt 19.30)? – Talvez você também tenha o desejo em seu coração, de ser amado pelo Pai. Você anela por isso, mas você precisa reconhecer: tanto tempo eu o enfrentei, tantos anos fui rebelde contra ele, somente depois de muito tempo tornei-me um verdadeiro filho de Deus. Neste caso, ouça essa feliz mensagem: Você pode se tornar em um amado pelo Pai, assim como José o foi!
Encontramos quatro razões pelas quais José era o amado de seu pai. A primeira razão é de natureza profética (nem Jacó e nem José sabiam disso): Deus havia escolhido José para revelar a Jesus Cristo através de sua vida. Assim, em Jesus Cristo – que ainda não havia vindo ao mundo – José já era o amado do Pai. Você também pode ser assim, pois está escrito: “...pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” (Ef 1.6 – ACF). Portanto, quem vem a Jesus, quem O aceita como seu Salvador, esse é um amado aos olhos de Deus, através do Amado, o Filho!
A segunda razão – olhando superficialmente – não possui beleza alguma. Mas observando mais atentamente, trata-se de uma maravilhosa ação do Espírito Santo: José, ao contrário dos seus irmãos, procurava a comunhão com o pai de um modo especial. Ele tinha o forte desejo de estar com o seu pai. A Bíblia relata: “e José trazia más notícias deles (dos irmãos)a seu pai”. Sempre que ele ouvia algo ruim, ele contava imediatamente ao seu pai. Por isso passou a ser odiado pelos seus irmãos. Com isso vemos que José era “um com o pai”, ele tinha uma comunhão íntima com ele, pois o amava.
Outra razão: Porque José era o único que usava de franqueza com o seu pai. Ele lhe falava de tudo, não somente sobre o que seus irmãos faziam, mas também de si mesmo. Falava-lhe de seus sonhos – nada agradáveis para Jacó – pois neles o pai era retratado como o Sol, que se curvava diante de José. Era como uma criança, sincera e verdadeira.
E José foi tentado? Sim, provavelmente mais do que qualquer outro relatado no Antigo Testamento, mas ele fugiu do pecado.
Finalmente: Porque era obediente ao seu pai, mesmo que lhe fosse difícil. Ele deveria procurar os seus irmãos, que o odiavam. Quando o pai lhe falou: “Vem, enviar-te-ei a eles”, José respondeu: “Eis-me aqui” (Gn 37.13).
Observamos que José estava ligado ao seu pai através de quatro laços, quatro cordas de amor. Analisemos mais de perto, o seu significado prático.
A primeira corda: o Filho Jesus Cristo. É Jesus Cristo que nos liga intimamente com o Eterno Deus. A Salvação é o grande milagre. Nos corações de todas as pessoas brota a pergunta: “Como consigo chegar a Deus?” Os seguidores de todas as religiões (Hinduísmo, Budismo, Islamismo, etc.) estão à procura da maneira de se tornar um com o inacessível e eterno Deus, mas não a encontram. Há somente uma possibilidade – Jesus Cristo, que diz: “Eu sou o caminho” (Jo 14.6a).
A segunda corda: o desejo de comunhão com Deus.
A terceira corda: um coração sincero e aberto diante de Deus.
A quarta corda: disposição para seguir em qualquer caminho.
Vimos, também, que José não apenas era o amado do pai, mas também era a consciência de seus irmãos. Quando eles faziam algo errado na presença de José, eles temiam. Quando José estava presente não acontecia nada de que o pai não ficasse sabendo. Podemos extrair uma maravilhosa verdade disso: tudo o que os irmãos faziam era como se o fizessem na presença do pai, porque José estava presente. Era como se, através de José, o pai viesse ao encontro deles, pois José e seu pai “eram um”. Jesus nos diz: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). Por isso Jesus era a “consciência” para todas as pessoas que estavam com Ele. Em todos os lugares em que Jesus andava, por causa de Sua santidade, era como um espelho que revelava o pecado dessas pessoas. Esse é o segredo para se tornar uma pessoa abençoada. Você serve de “consciência” para sua vizinhança, seus filhos, seus colegas – não através de sermões e palavras bíblicas, mas “sendo um” com o Senhor?
José, o amado, recebeu um presente especial de seu pai: uma túnica colorida (Gn 37.3). Isso não nos lembra da ação de Deus, quando Ele viu Adão e Eva diante de Si, nus e cobertos por aventais de folhas de figueira? Ele lhes fez vestimentas de peles para eles. O próprio Deus as fez. Jacó representa uma figura de Deus. Ele fez uma túnica colorida para José... era um presente do pai para José e, em Isaías 61.10, encontramos uma passagem paralela:“Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça”. Você pode não se sentir justificado, mas Deus o veste com uma “túnica colorida”, com o manto de justiça. O guarda-roupas divino está à sua disposição! Quantas vezes Ele nos convida para nos vestirmos! Quando você se considerar muito indigno, Jó 40.10b lhe diz: “...veste-te de majestade e de glória”. Quando você sabe que o velho ser está deteriorado em você pelo pecado, Efésios 4.24a aconselha que “vos revistais do novo homem”. Quando você se sentir muito fraco e miserável, Isaías 52.1 conclama: “veste-te da tua fortaleza...”. A túnica colorida reflete suas cores em Colossenses 3.12 e 14: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade... amor”. Como acontece esse revestir-se? A Bíblia responde: “...mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo...” (Rm 13.14). Ele tem tudo o que você não tem! Ele consumou tudo o que você não consegue completar. Se a sua vida pretende ser uma vida profética, uma vida que reflete a Jesus Cristo, então você precisa dizer conscientemente: “Senhor, tome posse de minha vida agora”. Nesse caso você precisa aceitar a Jesus Cristo, pela primeira vez ou novamente, como a túnica colorida recebida do Pai, como o manto de justiça. É isso que você deseja? (Wim Malgo - http://www.chamada.com.br)
Wim Malgo (1922-1992), foi fundador da "Obra Missionária Chamada da Meia-Noite" e presidente da "Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel". Durante décadas suas mensagens bíblicas, proféticas e de santificação, profundas e atuais, transmitiram uma visão clara do Plano de Deus e ajudaram inúmeras pessoas em sua vida de fé.

Extraído do livro José - Jesus

Cada leitor tem a possibilidade de encontrar sua própria imagem nos diferentes problemas e nas diversas comparações que este livro traz sobre a vida de José.

domingo, 17 de março de 2013

Salmo 1 e 2 sobre a graça incomum.




Nas quatro últimas edições do News, consideramos cinco Salmos (5, 11, 69, 73 e 92) que se opõem à falsa doutrina da graça comum. Mas os Salmos têm muito mais a dizer em defesa da graça soberana, particular e incomum de Deus. Dada a importância desse assunto e o interesse e apoio considerável dos nossos leitores – alguns inclusive mencionando Salmos específicos que desejariam que fossem incluídos – proponho lidar com mais Salmos, começando com o primeiro e o segundo.
A primeira palavra do Salmo 1, tanto em hebraico como em português, é “bem-aventurado”, uma palavra-chave no debate sobre graça comum. Um homem “bem-aventurado” (Sl 1.1) é alguém bendito e tornado feliz pelo fato de Deus o ter trazido à comunhão viva com ele mesmo. Que Deus nos abençoa significa que ele tem uma atitude favorável de graça e de misericórdia para conosco, que ele interna e graciosamente restringe o pecado em nós e que ele nos capacita a fazer boas obras que são agradáveis aos seus olhos por meio de Jesus Cristo. O caminho da bem-aventurança e da felicidade para nós como povo de Deus é aquele da prática da antítese, a separação espiritual dos ímpios – nenhum “andar”, “deter-se”, “assentar” em comunhão com eles (1). O versículo 1 é contrário à noção de muitos defensores da graça comum, os quais afirmam que os crentes devem ser amigos dos incrédulos e deveriam cooperar com os “não cristãos de boa vontade” na construção do reino de Deus sobre a Terra. Embora o versículo 1 declare, negativamente, o que o homem bem-aventurado não faz, o versículo 2 apresenta, positivamente, seu deleite e meditação na Palavra de Deus. Ao evitar o ímpio (1) e banquetear-se com as Sagradas Escrituras (2), o santo fiel é comparado a uma árvore bem regada e frutífera (3).
A segunda metade do primeiro Salmo volta-se para os ímpios (4-6), começando com a declaração simples e devastadora: “Não são assim os ímpios” (4). Contrário ao povo de Deus (1-2), os não convertidos reúnem-se em seu pecado e desprezo pela Palavra de Deus. Enquanto o homem piedoso é “bem-aventurado” (1), “não são assim os ímpios” (4). A atitude de Deus para com eles não é de amor e favor, mas de ira. Jeová não opera graciosamente neles para refrear o pecado e tornar suas obras parcialmente justas aos seus olhos. Eles não produzem nenhum “fruto” bom e não “prosperam” espiritualmente (3). Não existe nenhuma graça comum aqui!
O Salmo 1.6 observa que “o SENHOR conhece o caminho dos justos; porém o caminho dos ímpios perecerá”. Obviamente, o Deus onisciente “conhece” os caminhos dos crentes e dos incrédulos, se “conhece” aqui simplesmente significa “estar intelectualmente ciente”. Esse texto está dizendo, portanto, que Jeová “conhece [com o conhecimento íntimo de amor]” o “caminho” (i.e., estilo de vida, comportamento) dos seus santos. O paralelismo hebraico do Salmo 1.6 nos ensina que Deus não “conhece” (i.e., ama) o “caminho” (i.e., estilo de vida, comportamento) dos ímpios; ele odeia o “caminho” deles porque os réprobos são totalmente depravados, assim como todas as suas obras (Pv 6.16-19; Rm 3.10-18). Dessa forma, não somente os ímpios serão condenados no grande dia do juízo (Sl 1.5) e lançados como a palha perante o vento (4), mas Deus detesta tanto o comportamento e estilo de vida deles que até mesmo “o caminho dos ímpios perecerá” (6)!
O Salmo 2 fornece uma excelente refutação da graça comum e do que ela é supostamente capaz de fazer. Os “pagãos” (KJV), os “povos”, os “reis da terra” e os “governos” (1-2) são os judeus, os gentios e seus líderes, Herodes e Pôncio Pilatos, de acordo com Atos 4.25-28.
De acordo com a teoria da graça comum, o império romano e as pessoas com domínio terreno, supremacia militar, prosperidade material, estradas excelentes, jurisprudência desenvolvida e alto nível de civilização foram grandemente abençoadas por Deus. Enquanto os romanos pagãos tinham a graça comum mais politicamente, os judeus incrédulos tinham supostamente a graça comum mais religiosamente (por meio de sua possessão externa da lei e da descendência física de Abraão, etc.).
Mas o que os romanos e judeus ímpios fizeram com todo esse suposto amor de Deus por eles, para eles, sobre eles e neles? O Salmo 2 diz que eles atacaram Jeová e o “seu ungido” (2) ou Messias (do hebraico) ou Cristo (do grego) e pregaram o Filho encarnado de Deus na cruz! Esses supostos promotores da “lei natural” (os romanos) e da lei do Antigo Testamento (os judeus) rejeitaram a lei de Deus e romperam suas “ataduras” e “cordas” (3). Quantas boas obras produzidas pela graça comum!
Será que esses judeus e gentios ímpios frustraram o propósito divino de salvar o seu povo e exaltar o seu Filho? Não! “Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião” (6). Existe algum amor divino por esses incrédulos que receberam tantas coisas boas na providência (não graça) de Deus? Não! O Senhor ri e zomba deles (4). Ele não abençoa ou fala bem deles ou a eles; ele lhes fala “em sua ira” (5). De forma alguma ele está satisfeito com eles ou com suas obras; ele os turba “no seu furor” (5).
A crucificação de Cristo foi seguida por sua ressurreição (7; Atos 13.33) e ascensão à mão direita de Deus (Sl 2.6) e governo sobre todas as nações (8-9). E o que dizer do governo providencial de Cristo sobre os ímpios réprobos? É esse parcialmente um governo de amor para eles e parcialmente um governo de ira santa contra eles? Não, é inteiramente desse último tipo: “Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro” (9). Em termos teológicos, os eleitos estão debaixo do reino de graça de Cristo; os réprobos estão debaixo do seu reino de poder (não graça).
O chamado do evangelho está presente no Salmo 2: “confiem” em Cristo (12), “sede prudentes” e “deixai-vos instruir” (10). “Servi ao SENHOR com temor, e alegrai-vos com tremor” (11). “Beijai o Filho” — um ato de homenagem e submissão — para que não “pereçais” sob o seu furor e “ira”, algo que pode acontecer “em breve” (12).
O Salmo 2 terminar da forma que o Salmo 1 começa, com uma afirmação da bem-aventurança do povo eleito de Deus: “Bem-aventurados todos aqueles que nele confiam” (Sl 2.12). Aqueles que não creem não são bem-aventurados, mas malditos (Gl 3.6-14; Dt 27.11-28.68).
 
Fonte: http://www.cprf.co.uk/crnews/crnmay2010.htm
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – abril/2011

sexta-feira, 15 de março de 2013

A IGREJIZAÇÃO DA SOCIEDADE



"Em sua pre­sente ver­são “social” a inter­net pro­move a igre­ji­za­ção da expe­ri­ên­cia com uma efi­cá­cia que a pró­pria igreja não seria capaz de sonhar. Os velhos meca­nis­mos de vali­da­ção e de reforço encon­tra­ram ter­reno per­feito para se ins­ta­lar e mul­ti­pli­car: pri­meiro no salão árido dos blogs, dos power­points e das men­sa­gens enca­mi­nha­das de e-​​mail, mas mais recen­te­mente nas camas con­for­tá­veis do twit­ter e do facebook."
Houve tempo em que o mundo era um deserto, e quem encon­trava uma igreja encon­trava um tesouro. Hoje em dia, quando ninguém tem como ignorar o mal que a igreja ins­ti­tu­ci­o­nal per­pe­trou e per­mi­tiu ao longo dos sécu­los, pode ser fácil igno­rar que ao longo de todo esse tempo a igreja per­ma­ne­ceu, a seu pró­prio modo ambí­guo (por­que ins­ti­tu­ci­o­nal) um refú­gio e um con­forto – num tempo em que essas coi­sas eram con­si­de­ra­vel­mente mais raras e mais caras do que no nosso.
Por quase dois milê­nios a igreja foi, no oci­dente, o único lugar em que gente de todos os sexos, raças e níveis soci­ais podia ser con­ce­bi­vel­mente vista debaixo do mesmo teto ao mesmo tempo. Homens e mulhe­res, cam­po­ne­ses e magis­tra­dos, resi­den­tes e estran­gei­ros, ricos e pobres fazendo alguma coisa jun­tos? Ofi­ci­al­mente? Em público? Só se fosse na igreja. É claro que valiam e se reen­ce­na­vam, em sua maior parte, as dife­ren­ças de tra­ta­mento e as dis­tân­cias soci­ais do mundo lá fora, mas incri­vel­mente todos os joe­lhos se dobra­vam diante da mesma ideia.
A seu modo capenga e durante toda uma era, por­tanto, a igreja mostrou-​​se capaz de ofe­re­cer um senso de per­tença àque­les que não podiam espe­rar encon­trar abso­lu­ta­mente qual­quer outro espaço social que se mos­trasse dis­posto a acolhê-​​las. Não é incon­ce­bí­vel que a per­sis­tên­cia e a pro­e­mi­nên­cia da igreja como “lugar para todos” tenha seme­ado no cora­ção dos homens, num pro­cesso que pode ter durado toda a era cristã, a noção de direi­tos huma­nos universais.
É lógico que a igreja for­mal não só rece­bia as mui­tas recom­pen­sas dessa una­ni­mi­dade, mas exi­gia tam­bém um preço, a total con­for­mi­dade de com­por­ta­mento e de opinião.
O pro­blema e o fas­cí­nio de uma ins­ti­tui­ção estão em que o seu preço é tam­bém a sua recom­pensa: quando mais con­for­mado e enga­jado você se mos­tra, mais ina­ba­lá­vel e com­pen­sa­dor será o senso de iden­ti­dade gerado pela sua expe­ri­ên­cia – e menor o risco de você sentir-​​se ten­tado a ques­ti­o­nar a vali­dade da ins­ti­tui­ção ou da sua par­ti­ci­pa­ção nela.
Curi­o­sa­mente, esse efeito de reforço da expe­ri­ên­cia ecle­siás­tica mostrou-​​se mais impor­tante e irre­sis­tí­vel quando a igreja come­çou a ser seri­a­mente ques­ti­o­nada pelo mundo fora das suas portas.
A curva de secu­la­ri­za­ção da soci­e­dade come­çou a alçar-​​se nos sécu­los XVIII e XIX, mas seu dese­nho ficou nítido e seu tra­jeto com­pleto somente no século XX. E pre­ci­sa­mente quando o mundo come­çou a duvi­dar apai­xo­na­da­mente de tudo que a igreja con­si­de­rava certo e impor­tante, o meca­nismo de reforço da expe­ri­ên­cia ecle­siás­tica mostrou-​​se mais lubri­fi­cado e eficaz.
Você podia pas­sar uma semana difí­cil entre gente incré­dula que dis­cor­dava estre­pi­to­sa­mente de todas as suas esco­lhas, renún­cias e pri­o­ri­da­des, mas o domingo estava ali para rea­cen­der a sua fé. Sema­nal­mente a igreja se mos­trava pronta a exer­cer a sua fun­ção de máquina de refor­çar as suas cren­ças, res­tau­rando desse modo o seu senso de iden­ti­dade (e com isso a sua moti­va­ção para continuar).
A expe­ri­ên­cia ecle­siás­tica nesse período dei­xou de ter muito a ver com o con­teúdo da fé e pas­sou a concentrar-​​se na pre­mi­a­ção da par­ti­ci­pa­ção. A reu­nião de ado­ra­ção teve de se tor­nar muito dife­rente, uma expe­ri­ên­cia muito mais satis­fa­tó­ria em ter­mos sen­so­ri­ais, emo­ci­o­nais e soci­ais do que tinha sido por mil anos; não devido a qual­quer com­pro­misso com a orto­do­xia, mas de modo a maxi­mi­zar os meca­nis­mos de reforço ine­ren­tes à par­ti­ci­pa­ção na instituição.
Todos se reu­niam, se abra­ça­vam, can­ta­vam can­ções doces e pun­gen­tes, cho­ra­vam jun­tos a clara incom­pre­en­são do mundo e davam tapi­nhas nas cos­tas uns dos outros por resis­ti­rem bra­va­mente às ten­ta­ções da liber­dade. Con­fe­tes eram joga­dos por todos sobre todos, as pró­xi­mas datas e metas de venda eram refor­ça­das e todos par­tiam para a semana no deserto com um senso de per­tença revigorado.
Você saía dali ina­ba­lá­vel, imba­tí­vel,uns­top­pa­ble, intei­ra­mente pronto para resis­tir ao impacto de alguém que dis­cor­dasse de você. E saía tam­bém igno­rante de que encon­trar alguém que dis­corda de você pode ser a coisa mais sau­dá­vel, apai­xo­nante e cura­tiva que pode acon­te­cer a qual­quer um.
O mundo está bas­tante secu­lar para que a mai­o­ria das pes­soas con­corde comigo que nin­guém deve­ria ter de viver desse modo: mani­pu­lado por recom­pen­sas que você tam­bém ofe­rece a outros na mesma con­di­ção e que por sua vez ser­vem tam­bém para manipulá-​​los; ater­ro­ri­zado diante da inde­pen­dên­cia de quem dis­corda de você por­que sim­ples­mente exis­tindo ela coloca em risco o seu sen­ti­mento de identidade.
Mas no momento em que a curva da secu­la­ri­za­ção estava com­pleta e pare­cia que se apro­xi­mava o dia em que todos cami­nha­ría­mos de modo cons­ci­ente e res­pon­sá­vel por esta terra, sem a neces­si­dade de meca­nis­mos con­cor­ren­tes de vali­da­ção con­tí­nua, entrou em cena a inter­net – e quando a inter­net ficou pronta completava-​​se tam­bém o pro­cesso de igre­ji­za­ção da sociedade.
Em sua pre­sente ver­são “social” a inter­net pro­move a igre­ji­za­ção da expe­ri­ên­cia com uma efi­cá­cia que a pró­pria igreja não seria capaz de sonhar. Os velhos meca­nis­mos de vali­da­ção e de reforço encon­tra­ram ter­reno per­feito para se ins­ta­lar e mul­ti­pli­car: pri­meiro no salão árido dos blogs, dos power­points e das men­sa­gens enca­mi­nha­das de e-​​mail, mas mais recen­te­mente nas camas con­for­tá­veis do twit­ter e do facebook.
Nos velhos tem­pos as pes­soas tinham de espe­rar o domingo para a sua ses­são sema­nal de reforço e pre­mi­a­ção; hoje o reforço é dis­pen­sado dire­ta­mente na veia, em modo stre­a­ming/​transmissão contínua.
Enfim: a inter­net per­mite que você con­viva sem pausa e sem inter­fe­rên­cia com a opi­nião e com a apro­va­ção de gente que você esco­lheu a dedo por­que pensa como você. 24 horas por dia. 7 dias por semana. Tole­rân­cia zero.
Aquele tio­zi­nho que você adi­ci­o­nou dis­trai­da­mente ou resig­na­da­mente no face­book: quando ele ousar man­char o seu mural com uma men­sa­gem cujo teor político-​​filosófico-​​teológico-​​estético-​​musical-​​desportivo-​​sexual que você não aprova, o que resta fazer? Tra­tar de excluir o cara, ou pelo menos desinscrever-​​se do con­teúdo dele, de modo a nunca mais ter de se sub­me­ter a uma opi­nião diversa da sua. Não tenho conta no face­book, mas se tivesse eu faria a mesma coisa, espe­ci­al­mente por­que as pes­soas estão rara­mente cer­tas: isto é, é irri­tan­te­mente comum que dis­cor­dem de mim.
O face­book é este mundo ideal em que você só pre­cisa con­ver­sar com seus “ami­gos”, ganhando ao mesmo tempo o pri­vi­lé­gio de que pou­cos reis efe­ti­va­mente des­fru­ta­ram, o de poder calar todas as vozes dissidentes.
O para­doxo é que a expe­ri­ên­cia da inter­net “social” acaba nos incen­ti­vando a mer­gu­lhar cada vez mais doen­ti­a­mente, de modo infan­til mas tam­bém irre­sis­tí­vel, em nós mes­mos. Temos mais “con­ta­tos” do que nunca, mas a ope­ra­ção da coisa garante que ter­mi­na­re­mos por con­su­mir ape­nas a infor­ma­ção que reforça aquilo em que nós mesmo já cremos.
Para dizer de outro modo, a inter­net e sua oni­pre­sença tor­nou a expe­ri­ên­cia da igreja por­tá­til, no sen­tido em que posso sen­tir a cada ins­tante a com­pa­nhia e a apro­va­ção de gente que com­par­ti­lha da minha visão de mundo. Meu mural do face­book é um espaço apa­ren­te­mente rico, vivo e diver­si­fi­cado, e provê evi­dên­cia inequí­voca da quan­ti­dade de gente que me estima e que me aceita como sou – mas trata-​​se de um espaço cri­ado, desen­vol­vido e man­tido de modo a per­ma­ne­cer livre de ver­da­deira dis­cus­são e de pen­sa­men­tos dis­cor­dan­tes. Você parece estar ouvindo uma infi­ni­dade de vozes, mas com 900 ami­gos falando sem tré­gua no seu mural você está ape­nas gal­va­ni­zando aquilo em que você acre­dita: está ouvindo ape­nas a sua pró­pria voz.
E já que você recom­pensa os outros do mesmo modo que eles recom­pen­sam você, a ten­dên­cia é que a opi­nião de vocês fique cada vez mais pola­ri­zada em rela­ção ao mundo lá fora. Não faz dife­rença se você é cris­tão ou ateu, hetero ou gay, de direita ou de esquerda: a inter­net social vai pro­ver o senso de iden­ti­dade e de ultraje de que você pre­cisa para poder igno­rar ou ven­cer a ame­aça dos seus antagonistas.
Pre­ci­sa­mente como o cris­tão que saía do culto de domingo com o seu senso de identidade/​alienação for­ta­le­cido, o face­book, o twit­ter e seus ami­gos pro­vém esse pano de fundo que nos per­mite atra­ves­sar into­ca­dos a incon­ve­ni­ente expe­ri­ên­cia do mundo real — tra­ba­lho, ôni­bus, metrô, cal­çada, res­tau­rante, táxi, ricos e pobres, nor­des­ti­nos e yup­pies, comu­nis­tas e empre­sá­rios, men­di­gos e boçais, gente pro­tes­tante ou de can­dom­blé. Cami­nha­mos ina­ba­lá­veis em meio a um oce­ano de des­co­nhe­ci­dos que não nos com­pre­en­de­riam e que não que­re­mos com­pre­en­der, por­que tra­ze­mos a nossa igreja den­tro de nós. Fecha­dos cada um no seu mundo, celu­lar em punho, esta­mos para todos os efei­tos intei­ra­mente livres de inte­ra­ções emba­ra­ço­sas e não-​​antecipadas com gente que não esco­lhe­mos expli­ci­ta­mente aprovar.
Ao mesmo tempo, não é pre­ciso pon­de­rar muito para enten­der que gas­ta­mos cada vez menos tempo com ami­gos de carne e osso. É quase covar­dia recor­rer ao ibope, mas as pes­qui­sas con­cor­dam com o óbvio: que gas­ta­mos menos tempo com con­ver­sas e encon­tros infor­mais do que fazía­mos há dez, vinte anos. Nunca gastou-​​se tanto tempo com entre­te­ni­mento, exer­cí­cio e trans­porte e tão pouco com fes­tas, bares, jogos, pela­das, pas­seios, saraus, luaus, bai­les, ban­que­tes, noi­tes de São João, rodas de samba. Pique­ni­ques, alguém lem­bra do último? Rece­ber ami­gos em casa, essas coi­sas do século XIII.
Qual foi a última vez que um amigo de carne e osso apre­sen­tou você a uma pes­soa de carne e osso?
Pelo menos, no tempo da supre­ma­cia da igreja, o corpo-​​a-​​corpo sem con­for­tos do mundo real nos for­çava a enfren­tar uma maior diver­si­dade de valo­res, inte­res­ses e de opi­niões. No uni­verso esten­dido do tra­ba­lho, da escola ou da vizi­nhança, e ape­sar de toda a nossa cau­tela, ami­gos se impu­nham e nos con­quis­ta­vam mesmo que não qui­sés­se­mos. Mesmo quando, absur­da­mente, pen­sa­vam e agiam como jamais faría­mos nós mesmos.
Quem perde com essa ausên­cia de inte­ra­ção é você, meu velho, sou eu. Ten­de­mos todos ao cir­cu­lar, ten­de­mos todos à este­ri­li­dade, e nos­sos cír­cu­los de con­fir­ma­ção nos fazem meno­res em vez de nos fazer crescer.
Se que­re­mos um dia che­gar a expe­ri­men­tar o social – isto é, che­gar a ver o mundo como de fora de nós mes­mos e ver a nós mes­mos como somos, – nossa única espe­rança é encon­trar pelo menos uma pes­soa que dis­corde espe­ta­cu­lar­mente de nós... e que ainda se digne a ser visto na nossa com­pa­nhia com alguma cum­pli­ci­dade e orgu­lho. Somos sem qual­quer dúvida um traste, mas pode quem sabe nos redi­mir um amigo insu­por­tá­vel. Ele será tal­vez comu­nista se você for de direita ou homo­fó­bico se você for gay, mas faz parte do mila­gre. Basta que seja alguém que temos de aten­der de madru­gada, alguém que ouse sen­tar no seu lugar, alguém que te conheça bem demais e que não caia nas suas armadilhas.
Essa ame­aça de reden­ção e de auto­co­nhe­ci­mento nos espreita fora do nosso cír­culo: não é à toa que man­te­nha­mos tra­vas em todas as portas.

http://forjauniversal.com/2013/a-igrejizacao-da-sociedade/

segunda-feira, 11 de março de 2013

A sementeira da Palavra




Referência: Lucas 8.4-8,12-15
1.O semeador
Entre os semeadores, há uns que saem sem semear e há outros que semeiam sem sair. Mas Jesus diz que o semeador saiu a semear, mas não diz que voltou, pois quem lança a mão do arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus.
2.O campo da semeadura
E se esse semeador quando saiu, achasse o campo tomado? E se se armassem contra ele os espinhos? E se se levantassem contra ele as pedras? E se se fechassem os caminhos, que havia de fazer?
Todos estes problemas enfrentou o semeador. Começou ele a semear, mas com pouca ventura. Uma parte caiu entre os espinhos e afogaram-no os espinhos. Outra parte caiu sobre as pedras e secou-se nas pedras por falta de umidade. Outra parte caiu no caminho e pisaram-no os homens e comeram-no as aves.
Ora vede como todas as criaturas do mundo se armaram contra esta sementeira. Todas as criaturas quantas há no mundo se reduzem a 4 gêneros:
1)Criaturas racionais – como os homens;
2)Criaturas sensitivas – como os animais
3)Criaturas vegetativas – Como as plantas
4)Criaturas insensíveis – Como as pedras.
Faltou algumas dessas que se não armasse contra o semeador? Nenhuma!
A natureza insensível, o perseguiu nas pedras.
A natureza vegetativa, o perseguiu nos espinhos.
A natureza sensitiva, o perseguiu nas aves.
A natureza racional, o perseguiu nos homens.
As pedras secaram-no, os espinhos afogaram-no, as aves comeram-no e os homens? Pisaram-no.
Quando semeamos a Palavra encontramos homens homens, homens pedra, homens que férem como espinho e homens secos como o chão da estrada. Houve aqui semente mirrada, semente afogada, semente comida e semente pisada.
Mas o semeador não desanimou nem desistiu porque a outra parte caiu em terra boa e produziu a 30, 60 e 100 por um.
“Os que com lágrimas semeiam, com júbilo voltarão trazendo seus feixes”. O semeador foi perseverante e viu a multiplicação da sementeira.
3.Os diversos tipos de solo – o significado da parábola
A semente que semeou o semeador é a Palavra de Deus. Os espinhos, as pedras, o caminho e a terra boa em que a semente caiu são os diversos tipos de coração dos homens.
a)Os espinhos – São os corações embaraçados com cuidados, com riquezas, com prazeres carnais. E nestes afoga-se a Palavra de Deus.
b)As pedras – São os corações que recebem com alegria, mas depois rechaçam a Palavra. São os corações duros e obstinados e nestes seca-se a Palavra de Deus, e se nasce, não cria raízes.
c)Os caminhos – São os corações inquietos e perturbados com a passagem e tropel das coisas do mundo, umas que vão, outras que vêm, outras que atravessam e todas que passam e nestes é pisada a Palavra de Deus.
d)A terra boa – São os corações que acolhem a Palavra e neles frutifica com tanta fecundidade e abund6ancia que se colhe cento por um.
4.Por que a Palavra prospera tão pouco hoje?
Se a Palavra de Deus é tão eficaz e poderosa, como vemos tão poucos frutos hoje? Se ela frutifica a cento por um, por que hoje não frutifica nem a um por cento? Na Igreja Primitiva, na Reforma, nos Reavivamentos multidões convertiam-se a Cristo. Vidas eram transformadas, lares eram reerguidos, cidades eram salvas, nações eram restauradas.
Hoje, a despeito de termos tantos pregadores e tantos sermões e tanta semeadura, porque há tão poucos frutos genuínos? Por que tão poucos homens se arrependem de verdade? Por que tão poucos resultados se Deus é o mesmo e se a Palavra é a mesma?
5.Identificando as causas
a)Será por parte de Deus? Por parte de Deus não pode ser. Ele é o mesmo eternamente. Ele tem poder para salvar. Ele não tem prazer na morte do ímpio. Ele quer que todos cheguem ao arrependimento. Ele tem prazer na misericórdia. Ele é rico em perdoar. As sementes perderam porque os espinhos a afogaram, as pedras a secaram, os homens a pisaram e as aves a comeram. Mas não diz que elas se perderam por causa do sol ou da chuva, pois estes são dádivas de Deus.
b)Será por parte do ouvinte? Desde que o homem caiu, ele sempre é o mesmo. Se Deus não lhe abrir o coração, não lhe conduzir ao arrependimento e não lhe plantar a fé salvadora não pode crer.
6.A verdadeira causa
A causa está no semeador. Cristo não o comparou ao que semeador, mas ao que semeia. Não diz Cristo: “Saiu a semear o semeador”, mas sim “saiu o semeador a semear”.
Entre o semeador e o que semeia há muita diferença. Uma coisa é o soldado outra é o que peleja. Uma coisa é o governador, outra o que governa. Uma coisa é o pregador, outra é o que prega. Semeador e pregador é nome; o que semeia e o que prega é ação. As ações são as que dão ser ao pregador.
Ter nome de pregador ou ser pregador de nome não importa nada. As ações, a vida, o exemplo é que dão resultado.
Palavras sem vida são tiro sem bala, atroam mas não férem. O pregar que é falar, faz-se com a boca; o pregar que é semear, faz-se com as mãos.
Exemplo: Elias foi boca de Deus. A Palavra de Deus na sua boca era verdade. O bastão profético na mão de Eliseu tinha poder.
Precisamos pregar aos ouvidos e também aos olhos:
a)Jesus pregou aos ouvidos e aos olhos – Ide dizer a João o que estais ouvindo e vendo.
b)Felipe pregou aos ouvidos e aos olhos em Samaria.
c)Paulo pregou aos ouvidos e aos olhos – A minha pregação não consiste em palavras de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder.
Mas precisamos pregar também a Palavra com fidelidade:
a)Muitos pregadores pregam hoje não a Palavra de Deus, mas seus próprios sonhos, visões e revelações forâneos às Escrituras. Disse Deus por Jeremias: “O profeta que tem sonho conte-o apenas como sonho; mas aquele em quem está a minha Palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo?Diz o Senhor” (23:28).
b)Jesus defendeu-se do diabo no deserto citando a Palavra de Deus, então o diabo o levou ao pináculo do templo e também o tentou citando a Palavra de Deus. De sorte que Cristo se defendeu do diabo citando a Escritura e o diabo tentou a Cristo com a Escritura. Todas as Escrituras são palavra de deus, pois se Cristo toma a Escritura para se defender do diabo, como toma o diabo a Escritura para tentar a Cristo? A razão é que Cristo toma a Escritura no seu sentido, o diabo torce a Escritura. Pregar a Escritura no seu verdadeiro sentido é pregar a Palavra de Deus; pregar a Escritura no sentido em que Deus não a disse é pregar a palavra do diabo. A Palavra de Deus interpretada com fidelidade é Palavra de Deus, interpretada de forma errada é ferramenta do diabo. O pináculo do templo tem sido hoje o lugar onde a Palavra de Deus tem sido golpeada, torcida, adulterada pelo liberalismo, sincretismo e misticismo.
7.Que mensagem devemos pregar?
Muitos rejeitam, zombam e não querem ouvir a Palavra de Deus. Mas a doutrina de que eles zombam, essa é a que lhes devemos pregar, porque é a mais proveitosa.
A semente que caiu no caminho comeram-na as aves. Estas aves, como explicou Jesus são os demônios, que tiram a Palavra de Deus dos corações dos homens. Pois porque não comeu o diabo a semente que caiu entre os espinhos? Ou a semente que caiu nas pedras? Se não a semente que caiu no caminho? Porque a semente que caiu no caminho, PISARAM-NA OS HOMENS.
E a mensagem que os homens pisam, essa é a que o diabo teme, pois a mensagem que os homens aplaudem o diabo não se acautela, porque sabe que não são essas as pregações que hão de lhe tirar as almas das mãos.
Explicando Cristo a parábola diz que as pedras são aqueles que ouvem a pregação com gosto, mas depois viram pedras! O frutificar não se ajunta com o gostar, senão com o padecer. A pregação que frutica não é aquela que dá gosto ao ouvinte, é aquela que lhe produz a agonia do arrependimento. Quando o ouvinte a cada palavra do pregador treme. Quando o ouvinte vai do sermão para casa atônito com seus pecados, essa é a pregação que convém e que dará fruto.
Devemos esperar não que os homens saiam dos nossos cultos contentes de nós, mas descontentes de si. Devemos pregar o que convém à sã doutrina e não para entreter e agradar aqueles que estão desesperadamente precisando de ser salvos.
Que Deus nos ajude a semear, sabendo que a Palavra de Deus não volta vazia. Sabendo uma alma vale mais do que o mundo inteiro.
http://hernandesdiaslopes.com.br/2010/12/a-sementeira-da-palavra/#.UT6ISuS-qSA