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domingo, 29 de dezembro de 2013

Um ano novo, e ninguém sabe para onde ir!

Um novo ano, e ninguém sabe para onde ir!

Para cada um de nós, o ano novo traz uma pergunta implícita: O que está por vir? O que terei de enfrentar? Como será minha vida neste novo ano? Através da história de Abraão, Deus nos dá mostras de que podemos confiar nEle.
Lemos no chamado capítulo dos heróis da fé: “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia” (Hb 11.8). O homem de hoje está concentrado em ter garantias e em ter um plano bem organizado. Ele quer saber por qual caminho seguir e se pergunta no que pode confiar. Resumindo: ele quer considerar todas as eventualidades para poder calcular de forma exata e com antecedência quais atitudes deve tomar. Dificilmente alguém estará disposto a ir para algum lugar ou a assumir alguma tarefa sem conhecer os detalhes, sem determinadas premissas e garantias. A história da vida de Abraão também toca a nossa vida. No começo havia incerteza, mas no fim ele se transformou em exemplo e até no pai de todos aqueles que crêem (Rm 4.11). O motivo foi a sua confiança inabalável no Deus vivo e em Suas promessas. A maior segurança em meio a todas as inseguranças deste mundo é crer na Bíblia.
A maior segurança em meio a todas as inseguranças deste mundo é crer na Bíblia.
Abraão não podia fazer nada além de acreditar naquilo que Deus lhe dizia. Essa atitude de fé é o mais importante que uma pessoa pode ter. A vida de Abraão foi marcante porque ele obedeceu pela fé e atendeu ao chamado divino. Sua fé foi colocada em prática. Fé e ação andam juntas como o violino e o arco, ou como a chave e a fechadura de uma porta. Se falta uma parte, a outra é inútil, pois não há como tocar uma bela melodia, não há como abrir ou fechar a porta. Abraão tinha “somente” a palavra de Deus. O Senhor chamou-o a sair de seu país, a deixar seus relacionamentos e abandonar tudo o que tinha conseguido até então – sem saber para onde iria. Mas, olhando para o restante da história de sua vida, reconhecemos o maravilhoso objetivo que Deus alcançou com Abraão.
Entramos em um novo ano sem saber para onde ele nos levará. Talvez o Senhor Jesus tenha colocado em seu coração um certo fardo, um desejo de fazer alguma coisa em Seu Nome, e talvez você tenha de dar um passo ousado. Também pode ser que você tenha sido chamado por Deus para executar uma tarefa mas não sabe como continuar nem para onde isso o levará. Abraão simplesmente se pôs a caminho, impelido pelo poder da Palavra de Deus.
No começo deste novo ano é muito importante ter isto diante de nossos olhos: precisamos nos pôr a caminho, juntar forças a cada momento e orientar-nos para o alvo. E nosso alvo são as coisas de Deus. É perfeitamente possível que durante o trajeto sejamos assaltados pelo medo, pois a dor, a tristeza, as preocupações e outros sofrimentos podem surgir em nossa vida. Pode ser que às vezes fiquemos resignados no caminho. Mas isto não deve impedir-nos de continuar marchando em direção ao desconhecido, ao futuro – confiando nas firmes promessas de Deus. É exatamente nessa área da nossa vida que a nossa fé no Senhor precisa de um novo impulso.
Pode ser que às vezes fiquemos resignados no caminho. Mas isto não deve impedir-nos de continuar marchando em direção ao desconhecido, ao futuro – confiando nas firmes promessas de Deus.
Depois de listar os heróis da fé (Hebreus 11), a Bíblia nos diz como alcançar o alvo:“...olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma” (Hb 12.2-3).
Depois que Abraão chegou à Terra Prometida, ele teve de suportar muitos testes de sua fé. Enfrentou a tentação de confiar mais em sua própria carne do que no Senhor que havia lhe dado a promessa. Em algumas situações de crise, tomou as rédeas em suas próprias mãos e foi derrotado. Mas o Senhor, em quem Abraão tinha depositado sua confiança, não o deixou cair. No fim, triunfaram a fé de Abraão em Deus e a fidelidade de Deus para com Seu amigo. O autor da carta aos Hebreus descreve a fé de Abraão com as seguintes palavras: “Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa” (Hb 11.9).
Nós também podemos, neste ano recém-iniciado, manter a fé nas promessas de Deus, mesmo quando os outros não nos compreendem e mesmo quando nos vêem como “estrangeiros” em seu meio. A fé em Jesus Cristo, em quem todas as promessas têm o “Sim” de Deus e por quem é o “Amém” (2 Co 1.20), nos ajudará a superar tudo o que é passageiro nesta terra até chegarmos ao grande alvo final. O caminho da nossa existência vai da tenda passageira da vida terrena para junto do Deus eterno.
O objetivo de vida de Abraão era o mais elevado que uma pessoa pode almejar. Ele não somente sonhava com uma cidade melhor, mas a aguardava com expectativa viva e cheia de esperança: “...porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hb 11.10). Abraão morreu e não conheceu esse lugar durante sua vida na terra, mas ainda assim ele esperava pela cidade eterna de Deus.
A fé em Jesus Cristo, em quem todas as promessas têm o “Sim” de Deus e por quem é o “Amém” (2 Co 1.20), nos ajudará a superar tudo o que é passageiro nesta terra até chegarmos ao grande alvo final.
Não sabemos quando Jesus voltará; portanto, seria tolo tentar fazer algum cálculo. Mas uma coisa é certa: também neste ano podemos esperar pela volta de Jesus e pela Jerusalém eterna. Quer o Senhor volte neste ano ou não, quer vejamos o Arrebatamento ou tenhamos de morrer antes – o objetivo e a esperança é a vida eterna com o Senhor, que nos comprou por Seu precioso sangue e que voltará para a Sua Igreja. Um dia isto acontecerá: os mortos em Cristo e aqueles que ainda estiverem vivos serão arrebatados para a presença do Senhor (1 Ts 4.15-17) e terão sua morada na Jerusalém celestial (Ap 21.9-10).
Abraão acreditava nessa cidade. E quando foi convocado a sacrificar seu único filho, Isaque, a respeito de quem o Senhor tinha feito tantas promessas, ele “considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos” (Hb 11.19).
Sejamos cristãos que esperam pelo seu Senhor, neste novo ano mais do que nunca! Então valerá também para nós a maravilhosa promessa: “Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra” (Ap 3.10).
Neste sentido, desejamos a todos os nossos leitores um ano novo ricamente abençoado pelo Senhor. Maranata! (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)
Norbert Lieth É Diretor da Chamada da Meia-Noite Internacional. Suas mensagens têm como tema central a Palavra Profética. Logo após sua conversão, estudou em nossa Escola Bíblica e ficou no Uruguai até concluí-la. Por alguns anos trabalhou como missionário em nossa Obra na Bolívia e depois iniciou a divulgação da nossa literatura na Venezuela, onde permaneceu até 1985. Nesse ano, voltou à Suíça e é o principal preletor em nossas conferências na Europa. É autor de vários livros publicados em alemão, português e espanhol.

Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2009.

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também. 

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O Homem Que é Deus


O Homem: No Natal surgiu em meio à história mundial um homem totalmente integrado nela, mas em muito superior a ela: Jesus Cristo. Ele é inteiramente diferente, singular. Movimentou o mundo como ninguém antes ou depois dEle. A Encyclopaedia Britannica utiliza 20.000 palavras para descrever a pessoa de Jesus. Sua descrição ocupa mais espaço que as biografias de Aristóteles, Cícero, Alexandre Magno, Júlio César, Buda, Confúcio, Maomé ou Napoleão Bonaparte. O homem Jesus tornou-se o maior tema da história mundial. Sobre nenhum outro se escreveu mais do que sobre Ele. A respeito de ninguém se discutiu tanto quanto sobre Jesus. Ninguém foi mais odiado, mas também mais amado; combatido, mas também mais louvado. Sobre nenhum outro foram feitas tantas obras de arte, hinos, poemas, discursos, e compêndios do que sobre Cristo. Diante dEle dividem-se as opiniões – uns gostariam de amaldiçoá-lO, outros testemunham que sua vida foi radicalmente mudada por Jesus e enchida de esperança. Não é possível imaginar a história humana sem Jesus. Na época do Natal, milhões comemoram Seu nascimento consciente ou inconscientemente. Na Páscoa, lembra-se da Sua morte e ressurreição; na Ascensão, da Sua volta para Deus; e no dia de Pentecostes do nascimento da igreja que leva Seu nome, a igreja cristã. – Será que Ele é mais que um homem
O Deus-Homem: A Bíblia diz que Cristo é, ao mesmo tempo e literalmente, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Lemos em 1 Timóteo 3.16: “Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele [Deus] que foi manifestado na carne...” E em 2 Coríntios 5.19 está escrito: “a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo...” A vida terrena de Jesus nos mostra que Ele foi ao mesmo tempo verdadeiro homem, mas continuou também verdadeiro Deus. Percebemos muitos contrastes em Sua vida, tanto provas da Sua inteira humanidade, como da Sua perfeita divindade. Por exemplo, Ele sentia cansaço, mas ao mesmo tempo podia chamar para Si os cansados e dar-lhes a paz (João 4.6; Mateus 11.28). Jesus teve fome, mas era o próprio pão da vida (Mateus 4.2; João 6.35). Cristo teve sede, sendo ao mesmo tempo a água viva (João 19.28; João 7.37). Ele enfrentou a agonia da morte, mas curou todos os tipos de doenças e aliviou qualquer dor. Jesus foi tentado pelo diabo, mas expulsou demônios (Lucas 4.2; Mateus 8.31). Ele vivia no tempo e no espaço, mas era desde a eternidade (João 8.58). Jesus disse: “...o Pai é maior do que eu”, e também: “Eu e o Pai somos um”, ou: “Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14.28; João 10.30; João 14.9). Ele mesmo orava, como também respondia às orações (Lucas 6.12; Atos 10.31). Ele derramou lágrimas junto à sepultura de Lázaro, mas tinha o poder para ressuscitá-lo (João 11.35,43). Ele morreu, mas é a vida eterna – Jesus é o homem perfeito de Deus e o Deus perfeito dos homens.
Por que Deus tornou-se Homem? Ele veio para revelar Deus a nós. Em Jesus Cristo, Deus se manifestou da forma mais clara. Ele é a prova de que Deus não se afasta do pecador, mas se volta para ele e ama todos os homens. Jesus veio para convencer este mundo de sua pecaminosidade e necessidade de redenção. Ele veio para morrer, como homem sem pecado, pelo pecado dos homens, para se entregar como sacrifício por eles, por uma humanidade que tinha caído através do primeiro homem, Adão. Agora, os homens podem ser salvos por Ele. Por isso, Jesus é chamado também de “último Adão” (1 Coríntios 15.45). Ele veio para destruir as obras do diabo, para tirar o poder da morte e para vencer o pecado. Tornar-se homem em Jesus foi a única possibilidade de Deus resgatar um mundo perdido: “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (João 3.17).
Ele voltará: Jesus voltará como era (Atos 1.11). Do modo como foi e subiu ao céu, no mesmo corpo, mas glorificado, Ele retornará. Jesus, o homem que é Deus, o filho de Maria, a criancinha de Belém, o jovem de Nazaré, o Mestre da Judéia que curava, o homem do Calvário, voltará como Rei da glória e como Senhor dos senhores.

Muitos homens, conquistadores, reis e ditadores, já quiseram ser deuses, mas todos fizeram o sangue de homens ser derramado por eles. O imperador romano Augusto (sublime), que conhecemos da história do Natal, fazia-se chamar de “kyrios” (senhor) e até de “soter” (salvador). Mas o Deus que se tornou homem deu Seu sangue por este mundo. Por isso, somente Ele é o Salvador, que diz também a você: “...quem crê no Filho tem a vida eterna...” (João 3.36). No homem perfeito Jesus, Deus torna perfeito a todo que O aceita em seu coração – você crê nEle. (http://www.ajesus.com.br)

sábado, 21 de dezembro de 2013

Manjedoura, cruz e coroa.

Manjedoura, Cruz e Coroa

Por que o Natal teve de acontecer? Qual a relação do Natal com a manjedoura, a cruz e a coroa?

A catástrofe original

Nosso mundo é açoitado por catástrofes freqüentes. O tsunami de dezembro de 2004 matou 230 mil pessoas. O naufrágio do Titanic custou a vida de 1.522 passageiros. A Segunda Guerra Mundial deixou 50 milhões de mortos. Mas a mãe de todas as catástrofes foi a queda em pecado no jardim do Éden. Ela é a causa de todas as catástrofes que em algum momento atingiram a terra. O pecado trouxe a separação entre o homem e Deus. Sem Deus, porém, o homem é engolfado pelo redemoinho da perdição eterna. Se Deus permitisse que um único pecado entrasse no céu, o sofrimento e a morte também entrariam, e Ele não quer isso.
O coração de Deus se parte vendo os homens, que Ele criou para Si e que ama, afastarem-se dEle. Com esse afastamento eles trazem a morte para si. Dizemos, brincando: “Só a morte não tem remédio”. Deus, porém, tem o remédio!

A solução de Deus – Ele enviou Seu Filho

No jardim do Éden Deus já tinha um plano para a nossa salvação e o anunciou de antemão, ainda que de maneira cifrada, logo depois da queda em pecado: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Uma infinda cadeia de declarações proféticas apontava sempre para o Salvador que viria, por exemplo:
  • Uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e destruirá todos os filhos de Sete” (Nm 24.17).
  • E tu, Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2).
A cruz demarca o fim de todas as tentativas humanas de auto-salvação. Por isso, Jesus podia proclamar de forma tão exclusivista: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).
O último anúncio da vinda do Salvador prometido foi feito por um anjo que revelou a José o nascimento e o nome do bebê celestial: “...Maria, tua mulher... dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.20-21).
No decorrer da História, muitas pessoas passaram pelo palco do mundo, pessoas de renome e fama, reis e imperadores, poetas e filósofos, gurus e mágicos, bons e maus. Mas jamais o mundo tinha visto Deus no meio dos homens – até que se fez o Natal. O bebê na manjedoura não é um deus como o imaginavam os gregos, habitando o Olimpo, ou os germanos, o Walhalla. Ele é o único que pôde dizer: Eu sou o Criador, e por meio de mim tudo foi feito e criado (Jo 1.1,3), “Eu sou a verdade” (Jo 14.6), “Eu sou o bom pastor” (Jo 10.11), “Eu sou a porta [para o céu]” (Jo 10.7).
Como Ele veio ao mundo? Chegou com trombetas e fanfarras? Acompanhado das miríades celestiais? Não! Deus escolheu Maria, uma mulher ainda não desposada em Israel, que achou graça diante dEle, para trazer ao mundo o Filho de Deus. Com isso Ele também surpreendeu os judeus, que recordavam o que a profecia dizia sobre seu Messias: “eis aí te vem o teu Rei” (Zc 9.9). “esmiuçará e consumirá todos estes reinos” (Dn 2.44). Por isso, não esperavam um bebê na manjedoura, mas um rei! Um rei com manifestação triunfal de líder poderoso, enxotando os romanos de Israel, estabelecendo sua residência em Jerusalém e nomeando os escribas e fariseus como seus ministros.
Mas Jesus não veio assim, e por isso os judeus O rejeitaram. Não haviam reparado em passagens das Escrituras que diziam que Ele tinha de vir primeiro como um bebê: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6). E é desse único Homem que depende nossa eternidade – no céu ou no inferno. Toda a vida, todo o ministério do Messias pode ser simbolizado por três objetos:
  • Manjedoura (representa a vinda de Jesus ao mundo).
  • Cruz (representa nossa salvação, que Jesus consumou na cruz).
  • Coroa (simboliza a coroa de Jesus quando voltar como Rei).
Não há cruz sem manjedoura! Não há coroa sem cruz! E sem manjedoura e sem cruz não há céu para nós! Por isso, antes de tudo, foi preciso que houvesse o Natal.

Por que a cruz incomoda

Críticos da fé cristã sempre perguntam: “Por que essa morte brutal na cruz? No Cristianismo tudo gira em torno de um instrumento de execução. Deus não poderia ter escolhido um caminho mais suave para resolver as coisas conosco? Por que o caminho da expiação foi pavimentado com morte, dor, lágrimas e sofrimento? Não poderia ter sido de forma mais agradável, mais estética e estilosa? Deus não poderia simplesmente fechar um olho diante das nossas insuficiências humanas?”.
Todos esses “por quês?” não fazem sentido, pois minimizam o pecado. Minimizar o pecado parece ser a doença de nossa época. Só a cruz soluciona o problema do pecado. Só na cruz podemos achar o que não encontramos em nenhum livro de filósofos ou pensadores:
  • A cruz nos mostra como é grande o abismo que o pecado criou entre os homens e Deus. Esse abismo de separação é tão imensuravelmente gigantesco que conduz ao próprio inferno (Mt 5.29).
  • A cruz nos fornece uma idéia realista do quanto Deus foi longe em Seu amor para resolver a questão do nosso pecado. Ele chegou ao ponto de separar-se dAquele que mais amava, Seu único Filho.
  • A cruz de Jesus é a maior humilhação de Deus. O Criador do Universo e de toda a vida não se defende e deixa que O executem como malfeitor. Que alto preço pelo nosso pecado! Mas assim Jesus pode convidar cada pecador a vir a Ele: “o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37). O inverso também é válido: quem não vem está perdido, perdido para sempre!
  • A cruz demarca o fim de todas as tentativas humanas de auto-salvação. Por isso, Jesus podia proclamar de forma tão exclusivista: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Diante da cruz todas as religiões são meras miragens no deserto da existência humana.
A mensagem do Natal, juntamente com a mensagem da cruz, é uma proclamação de salvação única e sem igual: “Porque o Filho do Homem veio salvar o que estava perdido” (Mt 18.11).

Ele voltará

Jesus virá a este mundo uma segunda vez. Não mais como criança, mas como Rei, Juiz e Regente mundial. Em Mateus 24.30, Ele predisse esse evento: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens, com poder e muita glória”.
Que grande motivo de alegria! O Criador do mundo virá! Mas, por que está escrito: “Eis que vem com nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terrase lamentarão sobre ele...” (Ap 1.7)? Por que clamarão: “e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro” (Ap 6.16)? A resposta é simples: porque muitos tiveram tempo, ouviram de Jesus e da necessidade de aceitá-lO, mas disseram não! E então estarão perdidos e não poderão desfazer suas decisões. Quando Jesus vier como Juiz, será definitivamente tarde demais! Por isso os homens clamarão e chorarão.
Que grande motivo de alegria! O Criador do mundo virá!
A maioria das pessoas segue por caminhos onde Jesus não está. É impressionante a criatividade na hora de elaborar sendas próprias bem longe de Jesus. Por exemplo, a atriz Shirley MacLaine, que vive numa fazenda com seu cão, disse: “Com meu cachorro Terry tenho um deus próprio a meu lado – ele é a reencarnação do deus egípcio Anubis, que tem a forma de um cão. Isso parece esquisito, mas Terry e eu já vivemos pelos menos uma vida juntos no antigo Egito. Ele como um deus-animal e eu como princesa. Agora a vida nos reuniu mais uma vez”.
Jesus voltará visivelmente: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele”, escreve João em Apocalipse 1.7. Neil Armstrong foi o primeiro homem a colocar seus pés no solo da Lua em 20 de julho de 1969, e 500 milhões de pessoas assistiram esse evento pela televisão. Lady Diana da Inglaterra perdeu a vida em um acidente de carro, e no dia 6 de setembro de 1997, quando ocorreu o até então maior funeral de todos os tempos, a cerimônia foi acompanhada por 2,5 bilhões de pessoas – 40% da população mundial! Por isso seu enterro entrou na História como o primeiro funeral globalizado.
Mas para que todos vejam a vinda de Cristo não serão necessárias câmaras de filmagem. Todas as pessoas verão ao vivo esse maior acontecimento da História mundial. Jesus será visto por todos. Não apenas pela população mundial viva na ocasião, mas por todas as gerações de todos os tempos. Todos os leitores deste artigo também estarão presenciando o evento. E nesse momento apenas uma única questão estará em pauta: De que grupo farei parte? Dos salvos ou dos perdidos?
Jesus voltará repentinamente: “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do Homem” (Mt 24.27). Ele será visto simultaneamente por todo o mundo. Em que hora do dia? Encontramos a resposta em Lucas 17.34: “Digo-vos que, naquela noite, dois estarão numa cama; um será tomado, e deixado o outro.” Seria de noite? Adiante, lemos: “Dois estarão no campo [atividade diurna]; um será tomado, e o outro, deixado” (Lc 17.36). Desconheço se Cristóvão Colombo, o descobridor das Américas, sabia da existência dessa passagem. Mas, a partir dela, poderia ter deduzido que, se a volta de Cristo acontecer em um único momento para o mundo todo, e se a Bíblia descreve esse momento como acontecendo de dia e de noite, isso é possível apenas sobre uma esfera. Portanto, posso navegar para o Oeste e mesmo assim chegarei ao Leste. É curioso observar que o evangelista Lucas registrou essas palavras numa época em que as pessoas não tinham a menor idéia de que a terra era redonda.
Esses versículos mostram mais um aspecto significativo. Na volta de Cristo haverá uma divisão entre os homens, a diferenciação entre aceitos e rejeitados. E esse é o maior problema da humanidade. Só uma questão é relevante: fazer parte dos salvos ou dos perdidos.

Você já decidiu?

Deus criou cada homem com personalidade individual que dispõe de uma vontade livre. Isso nos diferencia e eleva nitidamente acima dos animais. A vontade livre permite ambos – afastar-nos de Deus ou nos aproximar dEle. Em Cristo, Deus fez todo o necessário para nos mostrar o caminho para o reino dos céus. Mesmo assim, a Bíblia alerta e ensina de forma muito enfática que nem todos seguem pelo caminho da salvação. O que Deus poderia fazer nesse caso? Se Ele nos tirasse a vontade livre, iria privar-nos de nossa personalidade; seríamos máquinas, fantoches ou robôs que apenas realizam um programa pré-determinado. Porém, tanto aqui como no além a vontade livre representa parte integrante da personalidade. Assim, é da nossa escolha que depende nosso paradeiro eterno.
Será que nos preparamos para esse dia que certamente virá? Na parábola das dez virgens, o Senhor Jesus nos exorta a estarmos preparados. Existe um aspecto nessa parábola que chama nossa atenção de forma especial: todas as dez eram “crentes”, todas elas acreditavam que as bodas iriam acontecer, todas estavam convictas de que o casamento seria um fato. Mesmo assim, não agiram segundo suas convicções. Apenas cinco alcançaram o alvo. Às não-preparadas Jesus disse: “Em verdade vos digo que não vos conheço” (Mt 25.12). Com isso, perderam toda a eternidade. Aconteceu aquilo que Heinrich Kemner disse certa vez: “Podemos ir para o inferno dormindo”. De Hermann Bezzel vem a forte advertência: “Podemos gastar totalmente os bancos da igreja e mesmo assim nos perder eternamente.” “Crentes” que apenas admitem fatos, mas não os vinculam à sua vida pessoal, colocam em jogo sua vida eterna.

Todos os três ou nenhum

Todos os anos, muitos gostam de celebrar o menino Jesus na manjedoura. Para muitos, seu cristianismo pára por aí. Mas os três objetos que mencionei são inseparáveis. Jesus significa a manjedoura em Sua encarnação, a cruz de Seus sofrimentos e a ressurreição, mas também a coroa de Seu reinado, que será revelada a todos quando voltar. Esse foi, desde o princípio, o plano divino de salvação da grande catástrofe original deste mundo. A última catástrofe que os homens sem Jesus experimentarão será o inferno. Infelizmente, esse cataclismo custará mais vidas que todas as catástrofes da História somadas, e essa morte durará para todo o sempre! No Natal, e não somente no Natal, Deus pergunta-nos pessoalmente se queremos aceitar o pacote todo, o presente divino que inclui manjedoura, cruz e coroa. Diga sim a esse presente, aceite o perdão dos seus pecados através de Jesus Cristo e firme seu compromisso com Deus fazendo uma oração sincera. (Werner Gitt -http://www.chamada.com.br)
Werner Gitt nasceu em 1937. Formou-se na Universidade Técnica de Hannover (Alemanha) e concluiu seu doutorado em Engenharia em 1971. Dirigiu o Departamento de Tecnologia da Informação do Instituto Federal de Física e Tecnologia de Braunschweig de 1972 a 2002, onde foi nomeado professor catedrático em 1978. Ele é autor de diversos livros sobre a Bíblia e a Ciência.

Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, dezembro de 2012.

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Porque celebramos o Natal

Por Que Celebramos o Natal?

A festa de Natal é uma das mais populares do mundo. Muitos aproveitam a oportunidade para dar e receber presentes, mas quem mais usufrui dessa data é o comércio, que a cada ano começa mais cedo com a decoração natalina e sugere presentes para todos os bolsos e gostos. Mas será que ainda se sabe a verdadeira razão do Natal? Quem conhece sua origem? Será que é apenas uma festa de família, um momento de celebrar laços de amor e amizade? Para muitos, o Natal significa estresse, para outros representa solidão e um tempo onde o vazio interior é percebido com mais intensidade. Será que essa festa perdeu todo o seu sentido?
Vejamos porque devemos celebrar o Natal:

O Natal é a maior alegria que um ser humano pode encontrar

Encontramos este testemunho em Mateus 2.10-11: “E, vendo eles [os magos] a estrela,alegraram-se com grande e intenso júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe...” Ainda antes do nascimento de Jesus, Maria já exclamou: “o meu espírito se alegrouem Deus, meu Salvador” (Lc 1.47). E o anjo falou aos pastores de Belém: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo” (Lc 2.10).

Jesus é a luz no fim do túnel, a libertação da escravidão do pecado e a única garantia de futuro. Quem encontra Jesus é alguém que andou errante e finalmente achou o caminho de volta ao lar. E isso é motivo de intensa alegria, da maior alegria!
A desgraça do pecado é imensa, mas a alegria pela salvação em Jesus é incomparavelmente maior. Quantas vezes já sentimos grande júbilo e profundo alívio quando superamos um fracasso! Mas quando nos achegamos a Jesus, nos livramos de toda a culpa e das nuvens escuras da desesperança que pairam sobre nossa vida. Quando recebemos a Jesus, os raios do amor divino nos alcançam trazendo júbilo e alegria maiores que qualquer sofrimento, culpa ou frustração. Jesus é a luz no fim do túnel, a libertação da escravidão do pecado e a única garantia de futuro. Quem encontra Jesus é alguém que andou errante e finalmente achou o caminho de volta ao lar. E isso é motivo de intensa alegria, da maior alegria!

O Natal é a maior ação de busca e salvamento da história da humanidade!

Lemos no Evangelho de Mateus: “Ela [Maria] dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele [Jesus] salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21). E no Evangelho de Lucas está escrito que “hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11).

Levantar a bandeira da paz, fazer marchas, passeatas e demonstrações em prol da paz igualmente será em vão. Agostinho, um dos pais da Igreja, formulou de maneira muito adequada o que traz paz ao coração: “Nosso coração fica inquieto até encontrar a paz em Ti, Senhor!”
A maior catástrofe da humanidade foi sua queda em pecado. Ela foi tão terrível que não havia outra possibilidade de salvação a não ser Jesus Cristo tornar-se homem. Deus, o Criador, tornou-se homem em Jesus e morreu por nós. Ele deu Seu sangue e Sua vida para termos o perdão. A grandeza dessa operação de salvamento manifesta a enormidade de nossa culpa e a grandiosidade do amor de Deus. Quem não consegue ou não quer crer nessa verdade é como alguém que se acidentou por sua própria culpa mas não quer aceitar ajuda de ninguém e permanece preso às ferragens do carro.

O Natal é a maior paz que podemos usufruir

A base do Natal está alicerçada na misericórdia de Deus: “graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas, para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz” (Lc 1.78-79).
Como clama por paz o nosso mundo! Os grandes e poderosos estão empenhados por ela, mas enquanto cada um, pessoalmente, não tiver paz dentro de si, o mundo continuará agitado. Trevas e sombras de morte caracterizam a imagem dos nossos dias. Todas as guerras e revoltas, todos o conflitos familiares e interpessoais são expressões da inquietação que habita em nossos corações. O grande pintor Michelângelo já dizia: “Não é a pintura nem a escultura que saciam a alma sedenta”. Todo o empenho em edificar e construir a paz não trará ao mundo essa tão esperada dádiva. Levantar a bandeira da paz, fazer marchas, passeatas e demonstrações em prol da paz igualmente será em vão. Agostinho, um dos pais da Igreja, formulou de maneira muito adequada o que traz paz ao coração: “Nosso coração fica inquieto até encontrar a paz em Ti, Senhor!” Somente Jesus poderá dirigir nossos passos pelo caminho da paz. Quem encontrou a paz com Deus através de Jesus Cristo tem uma paz inigualável no coração, e os efeitos não se farão esperar, “porque ele é a nossapaz...” (Ef 2.14) Nos campos de Belém os anjos declararam: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lc 2.14).

O Natal é a maior esperança que alguém pode ter


Jesus é o Salvador de todos que O aceitam, e trouxe a luz da eterna esperança aos salvos. Através dEle a escuridão da alma se transforma em luz.
Segurando o menino Jesus em seus braços, o idoso Simeão louvou a Deus, dizendo: “porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel” (Lc 2.30-32). Ele tinha a esperança de ver o Salvador prometido, e teve o privilégio de segurá-lO em seus braços. Jesus é a esperança do mundo.
Jesus é o Salvador de todos que O aceitam, e trouxe a luz da eterna esperança aos salvos. Através dEle a escuridão da alma se transforma em luz. Quando conhecemos Jesus, nossos olhos se abrem. Sua Palavra nos proporciona tesouros espirituais inimagináveis, que Ele adquiriu para nós ao ressuscitar: vida eterna nas mansões celestiais junto de Deus, o Pai; felicidade eterna sem jamais ficarmos tristes; harmonia eterna sem a existência de pecado ou conflito; o fim do medo, da angústia, do estresse, das dúvidas e inquietações. Quem deixa Jesus guiar sua vida também poderá ver as coisas desta vida terrena a partir de outra perspectiva, de um ângulo diferente, iluminado por Deus.

Jesus é o maior presente que alguém pode receber

Por isso está escrito na Palavra de Deus: “Graças a Deus pelo seu dom [presente] inefável!” (2 Co 9.15). “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).
O Natal é a festa dos presentes. Gostamos de dar e de recebê-los. Mas todo presente precisa ser aceito. Ficamos decepcionados quando alguém rejeita o que preparamos e entregamos com muito amor e carinho.

Não há presente maior que o amor de Deus, que vem ao nosso encontro na pessoa de Jesus.
Não há presente maior que o amor de Deus, que vem ao nosso encontro na pessoa de Jesus. Não há esplendor maior, não há bem material, luxo terreno ou qualquer coisa que possa, de alguma forma, ser minimamente comparado ao que Jesus nos dá. Ele veio do céu à terra para nos presentear com a vida eterna. Você aceita esse presente? Ou prefere ficar enlaçado com coisas terrenas que com o tempo se vão?
Você quer receber esse presente de Deus? O presente do perdão de todos os seus pecados, o presente da vida eterna? Se você o aceitar, Jesus Cristo transformará toda a sua vida – pois para Ele tudo é possível!
O Natal pode começar a fazer sentido para você. Jesus quer se tornar a maior festa de sua vida. Ele lhe diz agora mesmo: “Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.10,13-14). (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)


Norbert Lieth É Diretor da Chamada da Meia-Noite Internacional. Suas mensagens têm como tema central a Palavra Profética. Logo após sua conversão, estudou em nossa Escola Bíblica e ficou no Uruguai até concluí-la. Por alguns anos trabalhou como missionário em nossa Obra na Bolívia e depois iniciou a divulgação da nossa literatura na Venezuela, onde permaneceu até 1985. Nesse ano, voltou à Suíça e é o principal preletor em nossas conferências na Europa. É autor de vários livros publicados em alemão, português e espanhol.

Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, dezembro de 2006.

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também. 

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Como entender corretamente os textos proféticos...

Como entender corretamente os textos proféticos da Bíblia?

Israel como exemplo de caso

A existência do Estado de Israel tem algum significado teológico relevante para nós? Ou é apenas um fato político “normal” sem relação direta com a história da salvação divina e com nosso entendimento bíblico? Essas duas posições diferentes são defendidas por cristãos que se consideram fiéis à Bíblia. Na história da interpretação bíblica o caso de Israel sempre foi emblemático e desempenhou um papel-chave para entender o que a Bíblia diz e demonstra como lidar com outros textos proféticos: Jesus estabelecerá um reino de mil anos de paz (o Milênio)? As profecias ainda não cumpridas do Antigo Testamento se cumprirão literalmente? A Igreja de Jesus substituiu o antigo povo de Israel?
Usar Israel como exemplo de caso adequa-se para estudar e entender qualquer outro texto profético da Bíblia. Dentro da brevidade aqui exigida tentaremos analisar as questões hermenêuticas (relativas à interpretação) que devem ser esclarecidas se quisermos compreender corretamente o que a Bíblia tem a declarar acerca do futuro.

1. Os dois polos na questão de Israel: substituído pela Igreja ou promessas concretas para o futuro do antigo povo de Deus?

Vamos limitar-nos à comparação entre essas duas correntes antagônicas sem entrar no fato de que nos dois “campos” existem ainda mais diferenciações e variantes.
a) Teologia da substituição: as promessas feitas a Israel e ainda não cumpridas foram transferidas à Igreja de Jesus. Promessas terrenas (como o retorno à terra de Israel) não se cumprirão literalmente; elas foram transferidas simbólica e espiritualmente à Igreja do Novo Testamento. Essa posição é conhecida como a Teologia da Substituição, já que substitui o povo de Israel (como etnia) pelo Israel “espiritual”, a Igreja. Dentro dessa concepção o retorno do povo de Israel à sua terra não teria qualquer significado profético no plano divino de salvação.
A tese de que a Igreja substituiu Israel é um elemento básico no Amilenismo, que ensina que não haverá um reino de mil anos literal (Milênio). Segundo essa corrente, aquilo que Apocalipse 20 descreve já começou por ocasião da primeira vinda de Jesus e perdurará até Sua volta. Essa é a posição clássica da teologia reformada (e em parte da luterana).
Com isso desaparecem quase todas as diferenças entre o Antigo e o Novo Testamento, a Aliança Abraâmica vale tanto para Israel como para a Igreja (“Teologia Aliancista”). Segundo Calvino, o Israel do Antigo Testamento já era a Igreja “como que na infância” (Institutas II, 11.2). O “Israel verdadeiro” é absorvido pela “Igreja de Jesus”, existe apenas uma “comunhão dos crentes, e essa comunhão existia desde o início da antiga ordem até o tempo atual e existirá na terra até o fim do mundo”.[1]
b) Cumprimento literal: as promessas ainda em aberto para Israel como povo se cumprirão literalmente no futuro. Delas fazem parte a conversão do remanescente (“todo o Israel”, Rm 11.26) ao Messias em conexão com a volta de Jesus e então sua existência sem opressão em sua própria terra (“restauração de Israel”). Dentro dessa perspectiva, o retorno do povo secular à terra de Israel depois da Segunda Guerra Mundial faz parte do cumprimento do plano divino. E esse retorno cria as condições para os futuros eventos de Zacarias 12 a 14.
Dentro da perspectiva literal, o retorno do povo secular à terra de Israel depois da Segunda Guerra Mundial faz parte do cumprimento do plano divino.
Dentro dessa perspectiva esperamos um cumprimento literal das promessas de um reino milenar, para cujo estabelecimento o Senhor voltará. Essa é a posição do Pré-Milenismo (Jesus virá antes do estabelecimento do Milênio real). Na Europa essa posição ficou mais conhecida como Dispensacionalismo.[2] Mas nesse debate não deveríamos nos ater a “rótulos”, já que não existe um Dispensacionalismo fechado, mas diversas variantes agrupadas em volta de uma idéia central.[3] Repetidamente os detratores do cumprimento literal esboçam a caricatura de um Dispensacionalismo extremado. Aí surge a impressão de que todos os que esperam pela restauração de Israel e por um Milênio literal também apóiam doutrinas dispensacionalistas particulares (por exemplo, que o Sermão do Monte se aplica somente ao Milênio...). Esse definitivamente não é o caso!
Com isso chegamos a um resultado intermediário: as posições “a” e “b” se excluem mutuamente e exigem um posicionamento. Que pontos de orientação nos seriam úteis nessa tomada de posição?

2. A posição reformada acerca das Escrituras: retorno ao sentido literal da Bíblia.

Um propósito central dos reformadores era o retorno a um entendimento claro da voz das Escrituras (claritas scripturae). Isso exigiu da parte deles uma postura firme contra a arbitrariedade na exegese das Escrituras que se instaurara ainda nos primeiros séculos da História da Igreja. Na época, ao invés de aceitar o sentido literal dos textos como determinante, buscava-se um sentido “múltiplo” no que as Escrituras declaram. Com isso abriram-se as portas para todo tipo de alegoria (simbolismo), espiritualização e reinterpretação do texto sagrado. Isso conduziu a uma deturpação das verdades que Deus havia revelado aos escritores da Bíblia.
Um dos protagonistas dessa “espiritualização” foi Orígines, um dos pais da Igreja (185-254), posteriormente criticado duramente, e com justiça, por Martim Lutero. À alegoria e à arbitrariedade na exegese de textos bíblicos os reformadores contrapunham sua reivindicação central: válido seria o sentido simples e evidente das Escrituras, o sentido “literal”. Segundo essa idéia, um texto bíblico deve ser interpretado da forma mais próxima possível de seu sentido original, o mais perto possível daquilo que seus autores originais queriam dizer, sempre levando-se em consideração a gramática, o uso idiomático e o contexto da passagem.

3. Como os reformadores entendiam Israel

Tendo em vista essa regra de aceitação do sentido literal de uma passagem bíblica, é surpreendente que os principais reformadores não a aplicaram quando se tratava da questão de Israel. Enquanto Lutero, em sua antiga interpretação de Romanos (de 1515 a 1516) ainda dizia que no fim dos tempos uma grande parte do povo judeu como “remanescente” étnico (como coletividade nacional) iria converter-se a Jesus, mais tarde afastou-se dessa interpretação. Calvino também explicou Romanos 11.25ss. – contrariando o sentido literal e o contexto – como a comunidade de judeus e gentios que viriam a crer em Cristo no decorrer de toda a história eclesiástica. Isso correspondia à sua idéia de uma só Igreja “desde o princípio até o fim do mundo” (veja o Catecismo de Heidelberg, pergunta 54).
Como foi possível essa “desapropriação” de Israel, com suas promessas especiais transferidas para a Igreja? Certamente as questões escatológicas não foram as que mais ocuparam a atenção dos reformadores. As batalhas teológicas mais decisivas aconteciam em outras áreas, especialmente na questão da salvação e acerca da doutrina da justificação.
Na área da Escatologia os reformadores ficaram presos à posição encontrada em Agostinho, um dos pais da Igreja (354–430). Mas já antes dele, ainda no segundo século, a igreja primitiva tinha começado a ver a si mesma como única herdeira das promessas feitas a Israel (carta de Barnabé, Justino Mártir). Oríogenes, com seu método alegórico, forneceu as ferramentas que possibilitaram transferir para a Igreja as passagens que eram destinadas a Israel. Mais tarde, a Igreja Católica Romana defendeu seu poderio e sua suposta eleição com todos os meios possíveis e imagináveis. Ela já não tinha o mínimo interesse em devolver as promessas feitas a Israel a seus verdadeiros e originais destinatários. Em seu reino milenar presente (amilenismo!), Cristo já estaria há muito reinando através do papado.
Enquanto Lutero, em sua antiga interpretação de Romanos (de 1515 a 1516) ainda dizia que no fim dos tempos uma grande parte do povo judeu como “remanescente” étnico (como coletividade nacional) iria converter-se a Jesus, mais tarde afastou-se dessa interpretação.
Pelo menos na questão do Milênio, nos três primeiros séculos a Igreja antiga ainda tentava preservar a substância bíblica, mantendo a doutrina de um Reino futuro. No mais tardar com Agostinho começou, também nessa questão, um afastamento do sentido literal da Escritura, e esse afastamento tornou-se predominante em toda a Igreja. E os reformadores, mais de mil anos depois de Agostinho, pelo visto não dispunham do tempo nem da necessária clareza para impor a validade de seus princípios escriturísticos à questão de Israel. Hoje, quem quiser se reportar conseqüentemente à Reforma nesse sentido, precisa ir decididamente além dos reformadores e aplicar a literalidade do texto sagrado a todas as questões, inclusive à questão de Israel. Caso contrário, ficará preso a um confessionalismo tradicionalista.

4. O sentido literal de textos proféticos

O leitor da Bíblia encontra-se diante de uma alternativa bem clara: estou disposto a deixar que o texto fale por si mesmo ou leio o texto bíblico através do filtro de um certo sistema teológico? É óbvio que nenhum leitor da Bíblia se aproximará do testemunho das Escrituras completamente isento do conhecimento que já tem e das convicções já formadas em seu coração . Cada um de nós tem a tendência de considerar sua própria explicação como a opção correta (até então), que também deveria fazer sentido para todos os outros.
Apesar desse elemento humano, a Palavra de Deus comprovou sua força fazendo-se entender e se impondo como verdade, mesmo diante dos maiores disparates.
Vejamos um exemplo para comprovar essa afirmação: o Antigo Testamento constantemente associa a renovação do coração do povo judeu com sua volta à terra. Sobre isso basta ler Ezequiel 36.24-28; Ezequiel 37.12-26; Amós 9.11-15 (comp. Jr 16.15; 23.8; 24.6; 31.8,23-34). Quem estudar esses textos encontrará declarações bem claras do Deus vivo acerca de Israel, Seu povo escolhido. A base para ligar a salvação com a terra é a Aliança Abraâmica (Gn 13.15; Gn 17.6-8, etc). Essa aliança é incondicional, ou seja, não impõe condições para ser válida nem depende da obediência de Israel. Como Deus iria invalidá-la?
No Novo Testamento essa promessa feita a Israel volta a ser reafirmada e não há uma palavra sequer dizendo que ela foi revogada ou invalidada, nem mesmo quando trata da unidade entre judeus e gentios formando juntos a Igreja (Ef 2.11ss.; Rm 11.17-24). E quando, por exemplo, Tiago cita em Atos 15.15-20 a promessa de Amós 9.11-12 feita para Israel nos tempos finais, ele não afirma, de forma alguma, que essa promessa já se cumpriu na Igreja ou com a Igreja. O que Tiago mostra ao citar essa passagem é que os planos futuros que Deus tem para Israel de forma alguma representam algum prejuízo para os gentios: se Deus, no futuro, plantar definitivamente Seu povo na terra de Israel, isso também será uma bênção para os gentios. Isso combina e se harmoniza perfeitamente (At 15.15), de forma que não podemos nem devemos excluir da Igreja os gentios convertidos nem considerá-los “cristãos de segunda categoria”. Os dois casos (cumprimento futuro da promessa de Amós e o atual ajuntamento da Igreja) são regidos pelo mesmo princípio: a bênção de Deus para judeus e a bênção de Deus para os gentios não são excludentes; elas incluem a ambos.
No Novo Testamento não há um único texto questionando a validade das promessas do Antigo Testamento feitas a Israel. Tudo o que o Novo Testamento diz sobre Israel e seu futuro converge para sua conversão a Jesus como seu Messias e a um cumprimento abrangente e pleno de todas as profecias. Numerosas afirmações (por exemplo, Mt 19.28; Mt 23.37-39; Lc 21.24; Lc 22.30; At 1.6; Rm 11.25-27) reforçam a esperança de Israel porque foram feitas pelo próprio Senhor Jesus (e depois confirmadas por Paulo).
Jacob Thiessen fez uma análise mostrando como são sólidas as fontes neotestamentárias garantindo uma restauração final de Israel (Israel und die Gemeinde [Israel e a Igreja], 2008). E Michel J. Vlach provou em sua dissertação que, onde o Novo Testamento complementa promessas do Antigo Testamento e as aplica a situações atuais (por exexemplo Amós 9.11ss. em Atos 15.15ss.), isso nunca acontece de forma a anular seu sentido original ou literal nem as retira de Israel.[4]
Por isso, sempre vale a pena batalhar pelo literalismo bíblico, inclusive quando a questão é Israel. O que está em jogo não é nada mais, nada menos que a fidelidade das promessas de Deus, que não deixará ao léu a menina dos Seus olhos (Zc 2.12; Dt 32.10). Igualmente em jogo está a nossa própria fidelidade para com o sentido verdadeiro do texto sagrado. Quem se desvia dele para satisfazer algum sistema teológico corre o risco de repetir o mesmo erro em outras áreas. Que Deus nos proteja disso! (Dr. Wolfgang Nestvogel -http://www.chamada.com.br)
Wolfgang Nestvogel é pastor da Igreja Evangélica Professante de Hannover (Alemanha).

Notas:

  1. L. Berkhof, Systematic Theology, 1969, p. 571.
  2. Todo dispensacionalista também é pré-milenista. Mas a afirmação não é válida ao inverso: existem pré-milenistas que não compartilham de certas posições dispensacionalistas. Por isso existe a diferenciação entre pré-milenistas “dispensacionalistas” e “históricos”.
  3. Bíblia de Estudo Scofield documenta o dispensacionalismo clássico da geração mais antiga enquanto um autor importante como John Walvoord defende um dispensacionalismo revisado, e outra diferenciação acontece no dispensacionalismo progressivo (a partir de 1986), defendido por C.A.Blaising e outros.
  4. Michal Vlach, The Church as a Replacement of Israel? An Analysis of Supersessionism, Frankfurt, 2009.

Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, agosto de 2012.

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Por que tantas pregações tão ruins?




POR CARL TRUEMAN | 02 de dezembro de 2013


A pregação é fundamental para o protestantismo. A proclamação da palavra de Deus é o meio primário pelo qual o cristão encontra Deus. Assim, a pergunta óbvia é: por que tantas pregações são tão ruins?
Esse não é um problema encontrado apenas em pequenas igrejas das quais ninguém jamais ouviu. Alguns anos atrás eu estava em uma conferência onde um grupo de pregadores estava sendo apontado como modelos para serem seguidos. Um desses pregadores, de uma das maiores e mais conhecidas igrejas evangélicas do universo dos novos calvinistas fez um sermão cheio de belas anedotas pessoais. Ao fim, ele havia enternecido meu coração em seu favor, como pessoa. Mas como pregação, aquilo foi simplesmente terrível, funcionalmente desconexo do texto bíblico que havia sido lido. Sinceramente, ele poderia muito bem ter substituído a leitura bíblica por um solilóquio de Rei Lear e não precisaria mudar uma sentença sequer do sermão. Pode ter sido eloquente e emocionante; mas, como pregação, foi uma completa catástrofe. E, infelizmente, foi uma catástrofe apresentada para uma multidão de milhares como o modelo do que se fazer no púlpito.
Afinal, por que tanto das pregações, mesmo as das celebridades das conferências, é tão ruim? É impossível responder essa questão em apenas uma frase. Sermões podem ser ruins por uma variedade de razões. Aqui estão oito que me parecer ser as mais significativas. Eu as dividi em categorias: teológica, culturais e técnicas.

Teológica

Primeiro, a razão teológica: para pregar bem, o pregador precisar entender o que ele está fazendo. Entender o que é uma tarefa é básico para fazer bem essa tarefa. Se você pensa que pregação é apenas comunicar informações, entreter ou fomentar uma discussão, isso vai moldar a forma com que você prega. O maior perigo para os estudantes nos seminários é que eles assumem que as aulas que eles ouvem são modelos para os sermões que eles vão fazer nos púlpitos. E não são. Pregação é um ato teológico. O pregador encontra seu correspondente não nos auditórios ou salas de aula nem, na pior das opções, no circuito de stand-up comedy. Ele o encontra nos profetas do Antigo Testamento, trazendo uma palavra de confrontação do Senhor que explica a realidade e demanda uma resposta.

Culturais

Em segundo lugar, há uma falha em prover um contexto apropriado para o treinamento dos pregadores. Os seminários tem um poder limitado; pregar três ou quatro vezes para seus colegas de classe e ser filmado enquanto isso não é uma preparação adequada para o púlpito. E a estranha prática de desencorajar pessoas que não foram licenciadas para tal não ajuda. Como alguém pode licenciar alguém para pregar a não ser que se saiba se ele consegue pregar? E como alguém vai saber fazê-lo se não tiver experiências reais em uma igreja real? A falta dos cultos noturnos em muitas igrejas não é apenas um triste testemunho sobre a perda do Dia do Senhor; também limita as oportunidades de pregação para aqueles em treinamento. Igrejas precisam fazer um trabalho melhor em encorajar aqueles que pensam que foram chamados para serem pregadores para testarem seus dons, talvez em cultos noturnos ou em outras situações. Basta pensar um pouco.
Em terceiro, há uma relativização da palavra pregada e o crescimento da ênfase no aconselhamento pessoal. Eu não estou negando a utilidade do aconselhamento pessoal, mas estou dizendo que a maioria dos problemas que muitos de nós temos deveriam ser lidados muito adequadamente por meio da proclamação pública da palavra de Deus. O mundo ao nosso redor nos diz que somos todos únicos e temos problemas igualmente únicos. Essa conversa sobre exclusividade é bastante exagerada. Precisamos criar uma cultura eclesiástica onde a exclusividade é relativizada e onde pessoas vêm à igreja esperando que a palavra pregada irá lidar com seus problemas particulares. Fico abismado com o fato de que, por mais que Paulo faça algumas aplicações individuais bastante pontuais, ele normalmente opera em um nível mais genérico. Seminários deveriam fazer da pregação a prioridade em todos os níveis; pregadores deveriam aprender a pregar com a confiança de que irão impactar indivíduos para o bem ao falarem com todos eles do púlpito.
Em quarto, , às vezes, um fracasso em estabelecer a própria voz. Tendo sido convertido na década de 80, eu me lembro que não havia nada mais vergonhoso do que ouvir mais um pregador britânico que havia decidido que deveria soar exatamente como o Dr. Lloyd-Jones e pregar por tanto tempo quanto o grande Galês pregava. Muitos sermões brilhantes de meia hora eram implodidos pela necessidade do pregador de esticá-los até a marca de cinquenta minutos.
Hoje, talvez, o problema seja pior. Há alguns anos, questionei um grupo de estudantes sobre quem eram seus modelos favoritos de pregação. Nenhum deles mencionou qualquer dos pastores sob quem eles haviam crescido. Os nomes todos pertenciam ao pequeno e limitado grupo do circuito de pregação das megaconferências.
Isso é desastroso por mais razões, mas não menos pelo fato de que essas conferências apresentam consistentemente como normativo um espectro muito limitado de vozes e estilos. Cada pregador precisa encontrar sua própria voz; a tragédia é que a dinâmica de preencher cinco ou dez mil assentos em um estádio significa que a única voz ouvida é aquela daquele capaz de atrair tanta gente. Mas muitas dessas vozes pastoreiam igrejas onde há pouco contato entre o pastor e o povo. Eles podem encher estádios, mas não são as únicas vozes que os aspirantes a pregadores deveriam ouvir. O tempo e o acaso podem transformar homens em pastores de mega-igrejas. Muitos pregadores muito melhores operam em igrejas menores e são eles que realmente podem testemunhar sobre a importância de se encontrar a própria voz.
Em quinto, nos círculos presbiterianos, pelo menos, é possível que se tenha uma imagem muito grande do ministério. Isso é contra-intuitivo, particularmente vindo de um presbiteriano que acredita que uma visão grande do ministério pastoral é um aspecto importante de uma igreja saudável. O que eu quero dizer aqui é: se a cultura da sua igreja projeta uma imagem tão alta do ministério a ponto da congregação pensar que o ministério ordenado é o único chamado digno para um homem cristão, a consequência infeliz é que homens que não tem as habilidades básicas para serem ministros irão, apesar disso, sentir a necessidade de serem ministros, para poderem servir da melhor forma. E homens, no ministério, que realmente não tem as habilidades pessoais necessárias para pregar não irão pregar bem. Precisamos de igrejas onde um entendimento saudável da vocação cristã é ensinada e cultivada, para que os homens não sintam esse tipo de pressão.

Técnicas

Há muitos aspectos técnicos na pregação, mas aqui estão três das mais comuns falhas técnicas que geram pregações ruins:

A falha da falta de estrutura clara. Minha impressão é que pregadores em treinamento muitas vezes assumem que a estrutura do sermão que prepararam é tão clara para a congregação quanto é para eles. E raramente é. Pregadores experientes conseguem tornar a estrutura clara simplesmente por meio de clareza de pensamento, progressão lógica e sentenças bem conectadas. Até que se atinja esse nível, eu aconselho os estudantes a esclarecerem logo no início qual é a estrutura. “Os três pontos que eu quero que vocês vejam nessa passagem são…” pode ser uma forma muito mecânica de começar a seção principal de um sermão, mas pelo menos deixa claro quais são os objetivos do pregador.
A falha de não conhecer ou não entender a congregação. Isso se manifesta de muitas formas. Normalmente, para estudantes e pregadores recém ordenados, se manifesta em entupir o sermão com o máximo possível de linguagem teológica especializada (conhecida na sala de aula como “terminologia técnica” e no púlpito como “conversa fiada”). O importante não é impressionar a congregação com o seu conhecimento. É apontar as pessoas para Cristo da forma mais clara e concisa possível.
A falha de não saber o que deixar de fora. Talvez, depois da falta de uma estrutura clara, essa é a falha mais comum entre os pregadores em treinamento. Você já leu tudo que poderia sobre a passagem; agora você quer dizer à congregação tudo o que você aprendeu. Você não pode fazer isso. Não faça a congregação beber de um hidrante. Pense com cuidado sobre quais são as coisas  mais importantes para essa congregação nesse momento (o que requer, é claro, conhecer alguma coisa sobre a congregação) e foque nisso. Todo aquele material fascinante restante? Bom, use em outro sermão sobre a mesma passagem um dia.