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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O Soldado e a Oração


Por
Josivaldo de França Pereira

O título editorial de Efésios 6.10-20 é a armadura de Deus, conforme as versões da ARA, ARC, NVI e BLH, entre outras.[1] Contudo, são nos versículos de 10 a 17 que o apóstolo Paulo fala da armadura de Deus de forma mais específica e detalhada.

 Nos versos 10 a 13 Paulo faz uma convocação geral aos membros da igreja de Éfeso para que sejam fortalecidos no Senhor e na força do seu poder, revestindo-se de toda a armadura de Deus, a fim de poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo. A convocação é para uma batalha na esfera espiritual, pois, como o próprio apóstolo diz, “porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes”. E conclui: “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis”.[2]
Dos versículos 14 a 17, o apóstolo compara as peças de uma armadura grega ou romana com elementos da vida cristã, com ênfase não só na coletividade (todos os membros da igreja participando da luta), mas também na individualidade (cada crente assumindo seu posto no combate).  

Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;

Em seguida (versos 18 a 20) o apóstolo fala da oração e, curiosamente, não a compara com nenhuma peça na armadura. Por que Paulo não associa a oração com partes da armadura (ou mesmo com a armadura toda) como fez com a verdade, a justiça, o evangelho, a fé, a salvação e a palavra de Deus? Há muito tempo ouvi dizer que a oração é o “óleo” que lubrifica a armadura de Deus. No entanto, as armaduras gregas e romanas (tendo em vista que Paulo as tinha em mente) não precisavam ser lubrificadas, visto que peças delas eram sobrepostas, porém, sem juntas ou dobradiças. Além disso, o soldado ficava com os braços e pernas livres para facilitar sua mobilização, ao contrário das armaduras medievais. Por fim, se o apóstolo desejasse comparar a oração com alguma coisa ou peça relacionada à armadura de um soldado, certamente ele o teria feito.
Paulo não liga a oração à armadura porque ela, a oração, diz respeito à pessoa e vida devocional do soldado cristão. Pouco adiantaria empunhar a espada se a mão que a segura estiver frouxa e sem forças. Do que serviria estar revestido de uma armadura se o coração que pulsa sob ela encontra-se acovardado? E para quê um capacete se quem estivesse debaixo dele fosse um “miolo mole”? O certo é que o soldado cristão deve tomar toda a armadura de Deus “com toda oração...”.
Nos tempos bíblicos um soldado pagão, antes e após a batalha dirigia suas preces aos seus ídolos. De acordo com Paulo, a oração deve fazer parte do antes, durante e depois da batalha espiritual do soldado cristão porque, contra tão grande inimigo (Satanás), nada pode fazer o soldado em sua própria força. Por isso, enquanto toma e coloca sobre si cada peça da armadura e faz uso dela, o soldado deve orar pedindo a bênção de Deus.[3]
Como deve ser o modo de orar do soldado cristão? Segundo Hendriksen,

O apóstolo destaca, em especial, que a comunhão do soldado com seu General – a comunhão do crente com seu Deus – não deve ser de uma única maneira. São muitos os que sempre estão pedindo coisas. Toda sua vida de oração consiste nisso. Entretanto, a oração – a primeira menção da palavra é no sentido geral – não deve incluir somente clamores de ajuda, mas também confissão de pecado, profissão de fé, adoração, ação de graças, intercessão. Ademais, a vida de oração deve ser definida, não somente dizer “Oh Senhor, abençoa a todo o que espera tua bênção”, o que é muito geral, mas “súplicas” ou “petições” por necessidades definidas, rogos por bênçãos específicas. Isto significa que a pessoa que ora deve ter conhecimento de situações concretas ao seu redor ou, pelo menos, não deve ficar limitada ao seu próprio horizonte reduzido, devendo conhecer as situações onde sua ajuda é necessária.[4]

Talvez não tenhamos em nenhum outro escrito do apóstolo Paulo uma ênfase tão grande na oração como a que se encontra em Efésios 6.18: “com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”. Nesse versículo, por quatro vezes o apóstolo utiliza as declinações da palavra grega pâs (toda... todo... toda... todos).[5]
Paulo não se contenta em dizer que devemos nos revestir ou tomar toda a armadura de Deus e simplesmente orar e suplicar, mas sim, que devemos fazê-lo com toda oração e súplica. Não é apenas orar no Espírito, mas em todo tempo no Espírito, ou seja, no poder e força do Espírito Santo sempre! (cf. Rm 8.26). Não diz que devemos vigiar somente com perseverança e súplica, mas com toda perseverança e súplica (cf. Lc 18.1; Rm 12.12; Cl 4.2; 1Ts 5.17). Não devemos orar apenas por nós mesmos ou por irmãos e irmãs que nos são mais achegados, porém, por todos os santos. O soldado cristão não deve lutar só por ele mesmo. Ele precisa socorrer seus companheiros de luta, isto é, orar por todos os seus irmãos que juntamente com ele participam da mesma batalha espiritual.[6]
  1. Assim, o apóstolo, não querendo ficar fora das orações da igreja, pede que os irmãos se lembrem dele em suas súplicas a fim de que, no abrir de sua boca, Deus lhe conceda a palavra para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho pelo qual ele estava preso e que, em Cristo, fosse ousado para falar como lhe cumpria fazer.[7]




[1] A versão usada aqui é a 2ª edição da ARA (Almeida Revista e Atualizada).
[2] Recomendo a você a leitura dos excelentes livros de Martyn Lloyd-Jones:O Combate Cristão O Soldado Cristão, nos quais o autor faz uma exposição completa e minuciosa de Efésios 6. 10-20. Ambos os livros são da editora PES.
[3] Cf. Guillermo Hendriksen, Comentário del Nuevo Testamento: Exposición de Efesios. Grand Rapids: SLC, 1984, p. 305.
[4] Idem, p. 305-06.
[5] Cf. Russel N. Champlin, O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. Vol. 4. São Paulo: Hagnos, 2002, p. 648-49; Hendriksen, p. 305-07.
[6] Veja mais sobre batalha espiritual em: Mark I. Bubeck, O Adversário. São Paulo: Vida Nova, 1993; Augustus Nicodemus Lopes, O que você precisa saber sobre Batalha Espiritual. 5ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2012; David Powlison, Confrontos de Poder: Resgatando a verdade bíblica sobre a Batalha Espiritual. São Paulo: Cultura Cristã, 1999; David Searle, Na força do seu poder: Armando-se para a Batalha Espiritual. São Paulo: Cultura Cristã, 1998; Ray Stedman, Batalha Espiritual: Como vencer nossas lutas diárias contra Satanás e seus anjos. 2ª ed. São Paulo: Abba Press, 1995.
[7] Paulo faz um pedido semelhante em Colossenses 4.3,4.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A vontade do homem e o Rei da glória



Quando era apenas uma jovem crente, sempre tinha alguém dizendo para mim: “você tem toda a vida pela frente”, eu me encontro, frequentemente, lutando em oração para descobrir qual é a perfeita vontade de Deus para a minha vida. Tenho certeza que muitos se identificam com isso. É uma luta constante para estar contente onde estamos e para confiar o futuro a Deus. Como Sinclair Ferguson sabiamente disse: “Não há como evitar ou substituir a, muitas vezes, longa e árdua experiência de descobrir a vontade de Deus para as nossas vidas”. O fato é que para aprender a confiar as nossas vidas a Deus leva tempo e esforço. Nós sabemos que nós estamos onde estamos porque Deus, soberanamente, nos chamou e nos colocou ali, e sabemos que estaremos onde estaremos já que Deus, soberanamente, nos colocará lá. Mas somente quando começarmos a enxergar Deus em Cristo como nosso Rei é que iremos aprender descansar verdadeiramente em Sua vontade.
Se entendermos genuinamente que Deus é Rei, nós não nos indignaremos com os malfeitores (Salmo 146.3) e não colocaremos nossa confiança em príncipes nem dependeremos da ajuda humana (Salmo 146.3). Em vez disso, como corpo de Cristo, iremos sorrir no futuro porque confiamos verdadeiramente em seu gracioso e justo reino (Salmo 2.4; Provérbios 31.25).
É realmente possível cultivar esse espírito dependente e confiante em Deus cujo Reino é infindável (Salmo 145.13), enquanto assistimos ao mundo ao nosso redor se destruir em rebelião e futilidade? Com certeza é! É quando tiramos tempo para conhecer o nosso Deus, olhar sua beleza e cultivar intimidade com Ele que nós começaremos a ver um espírito confiante se desenvolvendo em nós. Só então ele ajustará a vontade de nosso coração à Sua vontade.
Quem é o Rei? O salmista nos diz que Ele é: “O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso nas batalhas… O Senhor dos exércitos, Ele é o Rei da Glória” (Salmo 24.8, 10)! O Deus a quem adoramos e servimos é o “Rei eterno, imortal, invisível, Deus único (1 Timóteo 1.17a) “que habita em luz inacessível” (1 Timóteo 6.16). Ele está assentado em Seu trono. Seu manto enche o templo. Querubins o cercam e nunca cessam de cantar louvores a Ele, clamando dia e noite: “Santo, Santo, Santo é o Deus dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória (Isaías 6.3).
Enquanto há o prazer em conhecer a Deus, também é penoso buscar conhecê-lo. À medida que começamos a conhecê-lo, a contemplar a Sua glória e admirar Sua majestade, Ele começa a revelar os pecados de nossos corações (Lucas 5.1-8, especialmente o v. 8).  Muitas vezes falhamos em confiar nele, em adora-lo como devemos e em depender dele como nosso Rei. Isso tudo é uma parte necessária de nosso aprendizado em depender Dele.
Ele odeia o nosso pecado. Ele fica descontente, como nosso Pai, quando falhamos com Ele. Mas ele nos adotou à sua família por meio do seu Filho amado. Ele nos fez seus filhos. Ele nos vestiu com justiça e o manto real de seu Filho. Que Ele iria derramar seu amor sobre criaturas pecadoras, que ele iria nos fazer “sacerdotes reais e Nação Santa” e que ele nos chamaria de filhos é algo espiritualmente humilhante e inspirador. Por que ele faria isso por nós? A única resposta é que ele é o Rei e, por isso, faz o que bem entender. Em sua misericórdia e graça, Deus Pai quer uma noiva pra seu Filho, o Rei. Jonathan Edwards resumiu o propósito de Deus na criação, queda, redenção e consumação:
Deus criou o mundo para o seu Filho, e procurará para ele uma esposa ou noiva a quem irá outorgar o seu amor, pois o mútuo prazer entre a noiva e o noivo é o fim da criação.
E como Samuel Rutherford belamente também expressou:
Nem os olhos da noiva, nem sua vestimenta, mas a face do seu querido esposo. Não olharei para a glória, mas para a graça do meu Rei. Não para a coroa dada, mas para a sua mão perfurada. O Cordeiro é toda a glória da terra do Emanuel.
Como devemos responder à obra do Rei da graça e da glória? O que podemos dar a ele? Nosso Rei “não se deleita em sacrifícios; do contrário, eu os to daria”, mas um “espírito quebrantado e um coração contrito” ele não desprezará (Salmo 51.16-17). Quando olharmos para o Rei em sua beleza, desfrutarmos de seu maravilhoso trabalho e entregarmos nossas necessidades a Ele, então começaremos a desejar o que ele quer para nós.
Aqui estão três coisas que o nosso Rei deseja para nós:
1. Ouvi-lo. Ninguém pode saber a vontade secreta de Deus, é claro; mas negligenciar ouvir o Rei revelando sua vontade por meio de Sua Palavra é uma grande rebelião. Frequentemente eu me vejo procurando o último livro cristão sobre piedade ou ouvindo o conselho de mulheres sábias antes de olhar para as palavras do Rei, “em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Colossenses 2.3). A Palavra de Deus é “viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hebreus 4.12). Nenhuma outra Palavra é verdadeira e efetiva para nos guiar em nossas vidas. Não há outro Conselheiro que nunca precisou de conselheiro (Isaías 40.13-14). Assim como James Motgomery Boice lindamente colocou em seu hino “Give Praise to God”: “Ninguém pode aconselhar a Deus, toda sabedoria e verdades estão reveladas perante seus olhos afiados. Ele guia nossos passos para frente e para trás. Ele é nosso firme conselheiro”.  Nós precisamos o conselho e a ajuda Dele. Que Deus nos dê graça para nos voltarmos às suas sábias palavras em nosso tempo de necessidade.
2. Confiar nele. Tudo sobre o nosso Rei demanda que nós confiemos nele. Não há maior ato de dependência do que se voltar a Ele em fé e oração. É muito fácil que nossos tolos corações se voltem para a sabedoria do mundo antes de olharmos para o onisciente Rei para sermos guiados. “Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó” (Salmo 103.14). Nós não temos um Rei “que não possa compadecer-se das nossas fraquezas” (Hebreus 4.15).  Ele é o Filho de Deus e o Filho do Homem, “Nasceu para se entregar por seu povo, nasceu uma criança e um Rei”. Ele entende nossa fragilidade. Quando nos lembramos da grande humilhação experimentada para a nossa redenção, nós somos encorajados a confiar toda a nossa vida a ele. Quando nos lembramos que ele desceu tão baixo, a ponto de nascer sobre uma manjedoura, que ele foi a Jerusalém em um jumento e que ele se sujeitou à coroa de espinhos, como não sermos convencidos que ele se importa conosco e que “Ele sabe nossas necessidades antes que lhe peçamos” (Mateus 6.8). Ele já assegurou para nós “a linda herança” (Salmo 16.6). Quanto mais conhecemos seu caráter real e seus caminhos soberanos, mais seremos capazes de dizer: “se isso agradar ao Rei” (Ester 1.19; 3.9; 5.4; 8; 7.3; 8.5; 9.13; Ne 2. 7), quando chegarmos a Ele em oração.

3. Obedecê-lo. Se você está procurando a vontade de Deus para a sua vida, por que você não iria gostar de conhecer Aquele que deu a vida por você, de aprender o que Ele espera de você por meio de Sua Palavra e, então, obedecê-la? Essa é a resposta apropriada para uma pessoa que começa a compreender o que o Rei fez por nós. O Evangelho não é que obedecemos para conseguir algo Dele. Pelo contrário, o evangelho é que nós recebemos tudo dele e, portanto, nós lhe obedecemos em gratidão pela abundância de sua graça e misericórdia, em Cristo, para conosco.
Você quer conhecer a vontade de Deus para onde a sua vida está neste momento? Confie em Jesus. Você quer saber a vontade de Deus para o seu futuro? Então confie em Jesus. Jesus é o Rei que venceu a morte e o pecado. Nós sabemos que seu objetivo é trazer muitos filhos para a glória, subjugar os inimigos dele e os nossos e glorificar o próprio nome. E nós sabemos que ele não descansará até que seja vitorioso. Ele é o Rei da graça e da glória.
Nós não devemos descansar até que a vontade e os propósitos Dele se tornem os nossos. Que Deus nos dê graça para nos submetermos a sua vontade e batalharmos com ele até que possamos cantar um louvor incessante: “Toma minha vontade e submete-a a tua. Ela já não será mais minha. Tome meu coração para si. Ele será seu trono real. Ele será seu trono real!”

Traduzido por Victor Bimbato | Reforma21.org | Original aqui
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sábado, 13 de setembro de 2014

A Espantosa Verdade do Arrebatamento


Thomas Ice
Quando nos sentamos e contemplamos as grandes verdades contidas no plano de Deus para a história, como estão reveladas na Bíblia, é verdadeiramente espantoso examinar tal realidade. Uma listagem parcial incluiria o seguinte: a criação que Deus realizou a partir do nada; a criação dos anjos de Deus e seu papel na história; a queda do homem no pecado; a Arca de Noé e o Dilúvio; a torre de Babel; o chamado de Abraão; o Êxodo e a formação da nação de Israel; a história de altos e baixos de Israel; a primeira vinda de Cristo; Sua morte, ressurreição e ascensão; a fundação da Igreja; e a promessa de Cristo de retornar e levar Sua noiva para o céu no Arrebatamento. Estes fatos reais e históricos são maiores do que qualquer relato fictício que a maioria dos fazedores de filmes poderia conceber. Portanto, um dia o Pai dirá ao Filho para ir buscar Sua noiva e, naquele momento, todo crente que estiver vivo, não importa onde esteja, será levado para o alto, nas nuvens, para encontrar-se com o Senhor, a fim de ser conduzido para o céu. Este será realmente um acontecimento fantástico!

O Impacto do Arrebatamento

Romanos 11.25 indica que o ponto do disparo do Arrebatamento será quando “haja entrado a plenitude dos gentios”. Um dos melhores léxicos gregos de nossos dias diz que o substantivo traduzido por “plenitude” nesta passagem significa “o que é levado a ser completo; um número inteiro”.[1] Também Atos 15.14 diz: “Expôs Simão como Deus, primeiramente, visitou os gentios, afim de constituir dentre eles um povo para o seu nome”. Desta forma, quando aquele último gentio convertido vier à fé em Cristo, a Igreja, o Corpo de Cristo, estará completa e o Arrebatamento acontecerá. O número completo dos gentios terá chegado e então nosso Senhor voltará Sua atenção para a salvação de Israel (Rm 11.26), durante o subseqüente período da Tribulação.
O Arrebatamento da Igreja será um acontecimento verdadeiramente fabuloso, que confundirá o mundo. Pense nele por um momento. Como é que o mundo (que hoje rejeita a possibilidade de que um Deus que faz milagres esteja vivo) explicará o súbito desaparecimento de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo em um instante de tempo? De modo geral, as pessoas que forem deixadas para trás não estarão abertas para a possibilidade do Arrebatamento, embora todos aqueles que tiverem sido levados sejam cristãos que criam na Bíblia. Seja qual for a explicação das autoridades, será uma grande mentira que propagarão. No entanto, eu creio que o Arrebatamento será um chamado para despertar àqueles muitos que estavam familiarmente próximos dos cristãos antes do acontecimento.
Cônjuges, filhos, parentes, vizinhos e amigos que ouviram aqueles cristãos tolos conversando sobre seu súbito e aguardado desaparecimento certamente repararão nesse preocupante evento global. Muitos começarão a vir à fé em Cristo depois do Arrebatamento e antes que comece a Tribulação de sete anos. Afinal, haverá um intervalo de tempo entre o Arrebatamento, que termina a era da Igreja, e o início da Tribulação, que começa com a assinatura da aliança entre o Anticristo Romano Reavivado e a nação de Israel (Dn 9.24-27). Esse intervalo poderá ser de dias, semanas, meses ou até mesmo de anos, uma vez que será removido no Arrebatamento “aquele que agora o detém”, a saber, o Espírito Santo que habita na Igreja (2 Ts 2.6-8), possibilitando assim o surgimento do homem da iniqüidade, isto é, do Anticristo.
Como é que o mundo (que hoje rejeita a possibilidade de que um Deus que faz milagres esteja vivo) explicará o súbito desaparecimento de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo em um instante de tempo?
Daniel 7 e 11 esboçam a elevação da besta e do Anticristo ao poder e isto levará algum tempo. Primeiro, haverá necessidade de que o Império Romano Reavivado de dez nações surja porque será a partir dessa federação que subirá o pequeno chifre (Dn 7.20), e este é o Anticristo. Isto demorará algum tempo. Depois, o Anticristo negociará ou imporá a aliança de sete anos com Israel (Dn 9.27) e a Tribulação terá início.
O intervalo entre o Arrebatamento e o início da Tribulação será, provavelmente, de um ano ou mais, para que todos estes acontecimentos, que levam ao início da Tribulação, possam começar. Creio que Deus, o Espírito Santo, conduzirá muitos à fé em Cristo como o Messias mesmo antes do começo da Tribulação. A mim me parece que o evento do Arrebatamento dará a ignição a um grande ajuntamento de almas para a fé em Cristo, uma vez que será uma fantástica demonstração do poder miraculoso de Deus em conjunção com um mover do Espírito Santo. Este atrairá indivíduos à fé em Cristo ao abrir suas mentes para receberem a mensagem do Evangelho (At 16.14). Também parece que centenas de milhões de pessoas serão salvas durante o período da Tribulação em si, como se pode observar em Apocalipse 7.9: “Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos”.

Uma Atitude Adequada em Relação ao Arrebatamento

Qual é a atitude adequada que os cristãos deveriam ter à medida que a noiva aguarda por seu Noivo? Primeiro, não é uma atitude apropriada esperar que o maravilhoso Arrebatamento ocorra para que possamos escapar das responsabilidades aqui na terra. Lembro-me que, no Seminário, logo antes do exame de grego, um dos meus colegas disse: “Não tenho nenhum problema que o Arrebatamento não pudesse resolver neste exato momento”. O Arrebatamento é, para nós, um escape da ira de Deus, mas isto não significa que seja uma fuga de responsabilidades. É verdade que “a ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus” (Rm 8.19); e que “não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23). Isto é verdadeiro porque nós experimentamos a dor de viver debaixo de maldição em um mundo decaído, e aguardamos diariamente a redenção do nosso corpo no Arrebatamento.
Entretecidas por todas as epístolas do Novo Testamento estão presentes as mensagens motivadoras sobre como o retorno do Noivo para a Sua noiva, a qualquer momento, nos capacita a perseverar na fé, nesta hora atual, a fim de agradá-lO.
Fico especialmente impactado por aquilo que o apóstolo Pedro diz em 1 Pedro, capítulo 1. Repetidas vezes, Pedro encoraja seus companheiros crentes judeus a suportarem as dificuldades atuais à luz de sua futura herança, que eles receberão em Cristo. Ele nos diz que nossa herança está “reservada nos céus para vós outros” (1Pe 1.4); que ela é uma“salvação preparada para revelar-se no último tempo” (v. 5); e que esta salvação “redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo, a quem, não havendo visto, amais” (vv. 7-8). Ainda no capítulo 1, Pedro continua a admoestar os crentes judeus, da seguinte maneira: “Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo” (v. 13).Vemos que a base de Pedro, assim como dos outros escritores das epístolas do Novo Testamento, é estimular os crentes a perseverarem no presente, mantendo o foco em nosso futuro com Cristo. Isto é contrário ao pensamento de muitos hoje na Igreja, que ensinam que não podemos falar sobre a profecia bíblica e o futuro porque estamos tratando de questões no presente. Isso está errado! Os escritores inspirados das epístolas do Novo Testamento sabiam que o plano de Deus para a Igreja é termos certeza sobre para onde estamos indo no futuro, de sorte que os crentes tenham uma grande confiança e esperança no presente.
Experimentamos a dor de viver debaixo de maldição em um mundo decaído, e aguardamos diariamente a redenção do nosso corpo no Arrebatamento.
O apóstolo João tem a mesma mentalidade que a encontrada em Pedro, quando diz:“Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele temesta esperança, assim como ele é puro” (1Jo 3.2-3). Observe que tanto Pedro quanto João admoestam seu rebanho a “ter” a esperança fixada no futuro retorno de Cristo, que resultará no viver piedoso no presente (1Pe 1.13; 1Jo 3.3). Quando um crente sabe quem ele é em Cristo, é orientado adequadamente para seu destino em Cristo, e pensa nas implicações que isto tem para sua vida, como poderia não viver por Cristo no presente? Parte do problema está em que muitíssimos crentes, inclusive pastores, não pensam sobre as implicações daquilo que o Novo Testamento ensina nessas áreas. A lógica do Novo Testamento a respeito do futuro é que ele causará impacto sobre a vida dos crentes no presente. Pelo menos ele impactará aqueles que percebem as implicações deste ensinamento, que está entretecido por todos os ensinamentos das epístolas do Novo Testamento.

Conclusão

Que maravilhoso dia será o dia do Arrebatamento para todos os crentes que estiverem vivos, mesmo para aqueles que não acham que ele pode acontecer a qualquer momento. Será maravilhoso porque nossa salvação estará completa à medida que a Igreja perceber tudo aquilo pelo que temos aguardado, inclusive vermos o Senhor face a face pela primeira vez. A maravilhosa esperança do Arrebatamento para a Igreja deveria ser algo real na vida de todos os crentes, porque as epístolas se aplicam a nós hoje tanto quanto se aplicavam aos crentes quando elas foram escritas. Tal maravilhosa esperança é uma das principais razões pelas quais nós alegremente vivemos por Cristo hoje e priorizamos nossa vida tendo em vista os valores eternos, sabendo que temos “uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros” (1Pe 1.4) Maranata! (Pre-Trib Perspectives)
Thomas Ice é diretor-executivo do Pre-Trib Research Center.. Ele é autor de muitos livros e um dos editores da Bíblia de Estudo Profética.

Nota:

1. W. F. Arndt, F. W. Danker, F. W. Gingrich, & Walter Bauer, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature [Um Léxico Greco-Inglês do Novo Testamento e de Outras Literaturas Cristãs Primitivas], 3ª ed. (Chicago: University of Chicago Press, 2000), p. 830.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O Evangelho muda tudo


O Evangelho é o poder de Deus para a salvação, e, infelizmente, muitas igrejas tem vergonha de proclamá-lo (Romanos 1.16). Como resultado, talvez não experimentemos os frutos da transformação em nossas igrejas que normalmente é associada ao evangelho (Colossenses 1.4-6; 2 Pedro 1.3-9). A transformação pelo Evangelho normalmente é encontrada na companhia da proclamação do Evangelho.
O Evangelho pode (cuidadosamente) ser resumido da seguinte maneira: Deus enviou seu Filho, Jesus Cristo, para viver nossa vida, morrer nossa morte e ressuscitar triunfante para reunir, pelo Espírito Santo, pecadores perdoados em uma nova vida como o povo de seu Reino, debaixo de seu gracioso reinado.
O foco do Evangelho não é na incapacidade da humanidade (incluindo a transformação), mas na glória de Deus. Eu sou transformado quando vivo de acordo com o Evangelho (Gálatas 2.14) – evitando tanto o legalismo como a libertinagem – e buscando a alegria encontrada ao render completamente a minha vida desregrada em troca de expressar graciosamente a vida justa de Cristo em cada aspecto da minha caminhada como cristão (Gálatas 2.20).
O Evangelho é o que nos endireita perante Deus (justificação) e também é o que nos liberta para nos deleitarmos nele (santificação). O Evangelho muda tudo!

Como o evangelho muda tudo?

É possível resumir simplesmente na não tão simples frase de J. I. Packer: “Deus salva pecadores”

Deus

“Deus – Jeová Triúno, Pai, Filho e Espítiro; três Pessoas trabalhando juntos em sabedoria soberana, poder e amor proporcionam a salvação de um povo escolhido, o Pai elegendo, o Filho cumprindo a vontade do pai ao redimir, o Espírito realizando o propósito do Pai e do Filho ao transformar.”

Salva

“Salva – realiza tudo, do começo ao fim, que está envolvido no processo de trazer o homem da morte no pecado para a vida em glória: planeja, proporciona e comunica a redenção, convoca e preserva, justifica, santifica e glorifica. Pecadores não salvam a si mesmos de forma alguma. A salvação, do começo ao fim, completa e totalmente, no passado, no presente e no futuro, é do Senhor, glorificado para sempre – amém.”

Pecadores

“Pecadores – Quando nascemos, estamos mortos, condenados, depravados, corruptos, perversos, pecadores e completamente incapacitados de salvar ou mesmo levanter um dedo sequer para alcançar a salvação (Romanos 2-3; 6.23). O pobre pecador nem mesmo sabe que está morto. A lei de Deus mostra a extensão de nossa perversidade (Gálatas 3.24).”
A graça de Deus é extendida a nós, não porque mereçamos, mas apesar de não merecermos (Romanos 5.8). Nossas obras, mesmo quando tentamos fazer boas obras, não são adequadas para contribuir para nossa salvação ou santificação. Uma vez que o Espírito regenera nossas almas perdidas, nós recebemos pela fé a obra completa de Cristo, que proporciona nossa justificação – uma declaração da justiça dele em nós. Conforme sua graça continua trabalhando em nossas vidas, o Evangelho frutifica em cada aspecto de nossas vidas (Colossenses 1.6; 2 Pedro 1-3-9).
Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo.com
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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Louvor na congregação*


*(Título original)

Líder de louvor: você não é um Rock Star



Eu uso “líder de louvor” apenas no sentido de me referir ao cara que lidera a música. É claro, a adoração musical é apenas uma parte do louvor que acontece no Domingo. É apenas uma das velas acesas, ao lado da adoração por meio da pregação, da comunhão, do serviço, da entrega e de estacionar nas vagas mais distantes para que os mais velhos estacionem mais perto.
Mas quando as pessoas falam que gostaram do “louvor”, geralmente se referem à “banda”. E o primeiro a evitar isso deveria ser o próprio líder de louvor. Assim, aqui estão quatro dicas para o líder de uma banda…

Você não é um rock star

A tarefa do líder de louvor é não interferir na adoração, e redirecionar nossa atenção para Deus. Ele não fará isso se está mostrando sua habilidade de liderar. Líderes de louvor devem ser humildes. Devem se vestir com modéstia. Às vezes os músicos têm um estilo definido quando estão tocando durante a semana. Mas quando vão à frente, na igreja, sua marca pessoal é o mais importante. Quando um baterista reclama de ficar dentro do “aquário”, você já imagina que ele está mais interessado em se exibir do que em focar no Senhor. Quando o baixista pede por uma oportunidade de fazer um solo, aí está mais uma prima donna que você descobriu. O pastor precisa ser o principal responsável pela adoração musical. Se o líder da banda exige liberdade criativa, rejeita qualquer opinião dos líderes ou se torna impaciente com os limites impostos à escolha de músicas, então ele não é homem que você procura para essa tarefa.
Ele precisa se inspirar em Etã, o ezraíta (veja o Salmo 89), não na Better than Ezra [Melhor que Esdras]

O conteúdo é o principal

O líder precisa entender que sua preocupação primordial é o conteúdo das músicas. Uma doutrina sólida deve ser a marca de cada letra. Ele pode até ter que mudar algumas letras para conformar a música ao padrão doutrinário da igreja; não há problema nisso.
Nós já fizemos isso em nossa igreja. O sentimental “He thought of me above all” [Ele pensou em mim, acima de tudo] se tornou o levemente mais correto “He showed His love above all” [Ele demonstrou Seu amor, acima de tudo]. Ao selecionar músicas e hinos para o culto, a preferência pessoal é um luxo. Se os grisalhos gostam de “Castelo Forte”, toque-a com alguma frequência. Se os músicos não gostam… e daí? Isso não é a banda de garagem dele, é o culto a Deus, feito pelo seu povo.

Menos é mais

A música está lá para apoiar a letra. Stuart Townend, músico muito conhecido, em um treinamento sobre louvor em Joanesburgo, falou a alguns líderes que, às vezes, é melhor se perguntar não “como eu deveria tocar para essa parte ficar melhor?”, mas “eu deveria tocar nessa parte?”. O que ele quis dizer é que há momentos em que é melhor silenciar os instrumentos e deixar as vozes da congregação encher o ambiente.
Serve como um bom lembrete que apitos, sinos e outros sons podem levar a congregação a se distrair. Exemplo: quando um guitarrista está fazendo um solo desnecessário, pense no que o resto de nós está fazendo. Estamos lá, em pé, assistindo. Penso que poderíamos usar esse tempo para admirar a glória de Deus na habilidade de sua criatura de improvisar. Mas na verdade, a maioria de nós fica só esperando a nossa vez de louvar a Deus.

Louve!

Os membros da banda não estão dando um show, estão adorando. Deus deve ser seu foco. É por Ele que eles chegam cedo para ensaiar e ficam até mais tarde desmontando os equipamentos. É por Ele que eles treinam, sozinhos, durante a semana. O Domingo é sua oferta para o Senhor. Eles precisam ser como o Little Drummer Boy e tocar o seu melhor para Deus (pa-rampam-pam-pam).

Essa mentalidade também ajuda a banda a lidar com as reclamações das pessoas.
Na era do iPod, quando podemos ter todas as músicas que gostamos no bolso, na altura que quisermos, o estilo das músicas do louvor se torna um problema na maioria das igrejas.
Alguns querem ouvir mais o baixo, outros desejam que o baterista tire longas férias. Alguns gostam mais alto, outros querem ouvir suas próprias vozes. Esse tipo de coisa pode paralisar um líder. Mas quando lembramos Quem é a audiência realmente, alivia-se a pressão de agradar os homens.
Traduzido por Filipe Schulz | Reforma21.org | Original aqui
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