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segunda-feira, 30 de março de 2015

A Cruz de Cristo


Sermão pregado por Paul David Washer
retirado da revista HeartCry Maganize, Vol.55 , de outubro de 2007
tradução, revisão e capa: Beatriz Rustiguel da Silva
FONTE: Hemeneutica Particular





E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, 
dizendo: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que,
traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Marcos 15:34)  


Uma das minhas maiores preocupações é que a Cruz de Cristo é raramente explicada. Não é suficiente dizer que “Ele morreu” - porque todos os homens morrem. Não é suficiente dizer que “Ele teve uma morte nobre” – porque os mártires fazem o mesmo. Devemos entender que ainda não proclamamos plenamente a morte de Cristo, com poder salvador, até que tenhamos esclarecido todas as confusões que a rodeiam e tenhamos exposto o seu verdadeiro significado aos nossos ouvintes – Ele morreu carregando as transgressões do seu povo e sofreu a pena divina por seus pecados: Ele foi abandonado por Deus e esmagados sob a ira de Deus, em nosso lugar.


Abandonado por Deus
Uma das passagens mais perturbadoras, até mesmo assombrosas, das Escrituras é o registro de Marcos sobre o grande clamor do Messias quando Ele estava pendurado numa cruz romana. Em voz alta Ele gritou: 

“Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Marcos 15:34)

À luz do que sabemos sobre a natureza impecável do Filho de Deus e sua perfeita comunhão com o Pai, é difícil entender as palavras de Cristo, mas mesmo assim nelas encontramos o significado da Cruz, e encontramos a razão para a morte de Cristo. O fato de que Suas palavras também terem sido registradas na língua original, em hebraico, nos mostra o quando elas são importantes. O autor não quer que haja mal entendidos ou que qualquer coisa se perca.

Nestas palavras, Jesus não está apenas clamando a Deus, mas como um professor, Ele também está direcionando seus espectadores e todos os futuros leitores para uma das mais importantes profecias Messiânica do Antigo Testamento - Salmo 22. Apesar de todo o Salmo estar repleto de profecias detalhadas da Cruz, nós vamos nos preocupar apenas com os seis primeiros versos:

“DEUS meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido? Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego. Porém tu és santo, tu que habitas entre os louvores de Israel.Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste. A ti clamaram e escaparam; em ti confiaram, e não foram confundidos. Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo.” (Salmo 22:1-6)

Nos dias de Cristo, as Escrituras Hebraicas não foram separadas números, capítulos e versículos como são hoje. Portanto, quando um rabino procurava dirigir os seus ouvintes a um salmo ou certa porção das Escrituras, ele iria fazê-lo recitando as primeiras linhas do texto. Neste grito da Cruz, Jesus dirige-nos ao Salmo 22 e nos revela algo do caráter e do propósito dos seus sofrimentos.

No primeiro e segundo verso, nós ouvimos a reclamação do Messias - Ele se considera abandonado por Deus. Marcos usa a palavra grega egkataleípo, o que significa abandonar, ou desertar. O salmista usou a palavra hebraica azab, que significa deixar, soltar ou abandonar. Em ambos os casos, a intenção é clara. O próprio Messias está consciente de que Deus o abandonou e que se fez de surdo ao seu clamor. Este não é um abandono simbólico ou poético. É real! Se houve uma criatura que alguma vez sentiu o abandono de Deus, essa criatura foi o Filho de Deus na cruz do Calvário!

No quarto e quinto versículo do Salmo, a angústia sofrida pelo Messias se torna mais aguda ao recordar a fidelidade do pacto de Deus para com seu povo. Ele declara: 

“Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste. A ti clamaram e escaparam; em ti confiaram, e não foram confundidos.” 

A aparente contradição é clara. Nunca houve um só momento na história em que o povo da aliança de Deus houvesse visto um homem justo clamar a Deus e não ser resgatado. No entanto, o Messias imaculado está dependurado do madeiro completamente desamparado. Qual poderia ser a razão pelo desamparo de Deus? Por que virou as costas a Seu Filho unigênito?

Entrelaçadas no pranto do Messias se encontram as respostas a essas inquietantes perguntas. No terceiro versículo, Ele faz a inquebrantável declaração de que Deus é Santo, e logo, no sexto versículo, Ele admite a atrocidade – Ele tinha se convertido em um verme, e já não era um homem. Por que o Messias utilizaria tal linguagem pejorativa consigo mesmo? Acaso se enxergava a si mesmo como um verme porque tinha convertido-se em “opróbrio dos homens e desprezado do povo”, ou tinha uma razão mais espantosa para Sua auto-depreciação? Porque ele não clamou, “Deus meu, Deus meu, por que o povo me há desamparado?” Mas, ele se esforçou em saber por que Deus o tinha feito! A resposta pode ser encontrada em somente uma amarga verdade: o Senhor tinha feito com que  toda a nossa iniquidade tivesse caido sobre Ele, e como um verme, Ele foi desamparado e moído em nosso lugar.

Essa metáfora sombria do Messias agonizante não está somente nessa porção das Escrituras. Existem outras que nos levam ainda mais fundo ao coração da Cruz e revela-nos que foi necessário que “Ele padeça muito” em ordem de obter a redenção de seu povo. Se trememos diante das palavras do Salmista, seremos ainda mais abatido ao ouvir o Filho de Deus, três vezes santo, converter-se na serpente levantada do deserto, e depois, no cordeiro expiatório que carregava o pecado e que era deixado para ir morrer sozinho.

A primeira metáfora se encontra em Números. Por causa da constante rebelião de Israel em relação a Deus e a rejeição de Sua provisão misericordiosa, o Senhor enviou “serpentes ardentes” entre o povo e muitos morreram. No entanto, como resultado do arrependimento do povo e da intercessão de Moisés, Deus mais uma vez deu provisão para sua salvação. Ele ordenou a Moisés: “Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela.” (Números 21:8)

A princípio parece contraditória a lógica que “a cura tivesse a semelhança daquele que havia ferido”. No entanto, ela provém uma poderosa imagem da cruz. Os israelitas estavam morrendo do veneno das serpentes ardentes. O homem morre do veneno de seu próprio pecado. A Moisés lhe havia sido ordenado colocar a causa da morte no alto em uma haste. Deus colocou a causa de nossa morte sobre Seu próprio Filho ao levantá-lo alto sobre a cruz. Ele tinha vindo “semelhança da carne do pecado” (Romanos 8:3), e foi feito “pecado por nós.” (2 Coríntios 5:21). Os israelitas que cressem em Deus e olhassem para a serpente de bronze viveriam. O homem que crê no testemunho de Deus em relação a Seu Filho e lhe vê com fé, será salvo. Como está escrito, “olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.” (Isaías 45:22)

A segunda metáfora encontra-se no livro sacerdotal de Levítico. Como era impossível que um só sacrifício ilustrasse ou simbolizasse completamente a morte expiatória do Messias, um sacrifício envolvendo dois cordeiros foi posto diante do povo. O primeiro cordeiro foi imolado como oferenda pelo pecado perante o Senhor, e seu sangue foi aspergido na frente do propiciatório da parte de trás do véu do santo do santos. Isso simbolizava a Cristo, que derramou Seu sangue na cruz para expiar pelos pecados de Seu povo. O segundo cordeiro era apresentado diante do Senhor como cordeiro expiatório. O Sumo sacerdote “porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, e todos os seus pecados.” (Levítico 16:21) O cordeiro então era enviado ao deserto levando a iniquidade do povo a um lugar erro. Ali vagava sozinho, desamparado de Deus e cortado do meio do povo. Simbolizava a Cristo que “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1 Pedro 2:24) sofreu e morreu sozinho “fora do arraial.” O que era apenas simbólico na Lei se tornou em uma realidade excruciante para o Messias.

Não é assombroso que um verme, uma serpente venenosa, e um cordeiro sejam postos como símbolos de Cristo? Identificar o Filho de Deus com coisas “aborrecíveis” seria blasfemo se não viesse dos santos do Antigo Testamento “inspirados pelo Espírito Santo.” (2 Pedro 1:21) e confirmadas pelos autores do Novo Testamento que vão mais além nas sombrias descrições. Debaixo da inspiração do Espírito Santo  eles são o suficientemente audazes para dizer que aquele que “não conheceu o pecado” “se tornou,” e Ele que foi amado do Pai foi “feito maldição” diante Dele. Temos escutado essas verdades antes, porém, será que nós as consideramos o suficiente para sermos quebrantados?

Na cruz, Ele que é declarado “santo, santo, santo” pelo coro dos serafins, se “fez” pecado. A viagem ao significado dessa frase quase parece ser muito perigosa para trilharmos. Tropeçamos diante do primeiro passo. O que significa que Aquele em quem “nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2:9), se “fez pecado”? Não devemos explicar ligeiramente a verdade tratando de proteger a reputação do Filho de Deus e ainda assim, também, devemos ter cuidado de não falar coisas terríveis contra seu caráter impecável e imutável.

Segundo as Escrituras Cristo se “fez pecado” na mesma forma em que os pecadores se “convertem na justiça de Deus” n’Ele. Na sua segunda epistolo à igreja de Coríntio o apóstolo Paulo escreve: 

“Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (2 Coríntios 5:21) 

O crente não é “justiça de Deus” por alguma obra purificadora ou aperfeiçoadora no seu caráter que o faça ser igual a Deus e sem pecado, mas como resultado da imputação pela qual ele é considerado justo ante Deus pela obra de Cristo em seu favor. Da mesma maneira Cristo não se fez pecado por ter um caráter manchado ou sujo, e portanto tornando-se depravado, mas como resultado da imputação pelo que foi considerado culpável perante o juízo de Deus em nosso favor. Essa verdade, porém, não deve causar que pensemos menos da declaração de Paulo que Cristo se “fez pecado”, ainda que tenha sido uma culpa imputada, foi uma culpa real, trazendo uma inquietante culpa para Sua alma. Ele tomou nossas culpas como suas, esteve em nosso lugar, e morreu desamparado por Deus.

Que Cristo se fez pecado é uma verdade tão terrível quanto incompreensível, e mesmo assim, justamente quando pensamos que não se pode dizer palavras mais escuras contra Ele, o apóstolo Paulo acende uma lâmpada e nos leva mais ao fundo do abismo de humilhação e desamparo de Cristo. Entramos na caverna mais profunda para encontrar ao Filho de Deus pendurado na cruz e levando seu título mais infame – o maldito de Deus!

As Escrituras declaram que toda a humanidade está sob maldição. Como está escrito, “Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” (Gálatas 3:10) Desde a perspectiva celestial, aqueles que quebrantam a Lei de Deus são maus e dignos de aversão. São miseráveis, corretamente expostos à vingança divina, e justamente fadados à destruição eterna. Não é um exagero falar que a última coisa o pecador maldito ouvirá quando ele der o seu primeiro passo no inferno é toda a criação se pondo de pé e aplaudindo a Deus por ter livrado a terra de tal pecador. Tal é a maldade daqueles que quebram a Lei de Deus, e tal é o desdém do santo para com o ímpio. E ainda assim, o Evangelho nos ensina que “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gálatas 3:30). Cristo converteu-se no que nós éramos a fim de nos redimir do que merecíamos. Ele converteu-se  em um verme, a serpente alçada no deserto, o cordeiro enviado fora do acampamento, o carregador de pecados, e Aquele sobre o qual a maldição de Deus caiu. É por essa razão que o Pai o rejeitou e todo o céu escondeu seu rosto.

É uma grande tragédia que o verdadeiro significado do “clamor da cruz” de Cristo frequentemente tenha se perdido em um clichê romântico. Não é raro ouvir a um pregador declarar que o Pai se afastou do Filho porque não conseguia testemunhar o sofrimento infligido pelas mãos de homens malvados. Tais interpretações são uma completa distorção do texto e do que atualmente transpirou na cruz. O Pai rejeitou a Seu Filho não porque lhe tenha faltado força para testemunhar seu sofrimento, mas sim porque “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (2 Coríntios 5:21) Ele colocou nossos pecados sobre Ele e lhe rechaçou porque Seus olhos são demasiadamente puros para aprovar o mal e não pode ver a maldade com favor.

Não é sem razão que muitos folhetos bíblicos ilustram um abismo entre um Deus santo e o homem pecador. Com tal ilustração as Escrituras estão completamente de acordo. Como o profeta Isaías clamou: 

“Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” (Isaías 59:1-2) 

É por isso que todos os homens teriam vivido e morrido separados da favorável presença de Deus e debaixo da ira divina se o Filho de Deus não houvesse estado em seu lugar, levado o seu pecado, e morrido “desamparado de Deus” em favor deles. Para fechar a brecha e restaurar a comunhão, “não convinha que o Cristo padecesse estas coisas?” (Lucas 24:26)

Cristo morreu sob a ira de Deus
Para obter a salvação de Seu povo, Cristo não somente sofreu o terrível desamparo de Deus, mas Ele bebeu o amargo cálice da ira de Deus e morreu uma morte sangrenta em lugar de seu povo. Somente assim a justiça divina pode ser satisfeita, a ira de Deus apaziguada, e a reconciliação possível.

No jardim, Cristo orou três vezes para que “o cálice” fora removido d’Ele, mas todas as vezes a Sua vontade entregava-se a vontade do Pai. Devemos nos perguntar: o que continha nesse cálice para que fizesse com que Ele rogasse tão fervorosamente? O que continha no cálice para causar tal angústia que Seu suor se mesclasse com sangue? Frequentemente é dito que o cálice representava a cruel Cruz romana e a tortura física que lhe esperava – É dito que Cristo previu a ‘cauda de gato’ sendo usada em suas costas, as coroas de espinhas penetrando sua fronte, e os cravos atravessando Suas mãos e Seus pés. Ainda assim, aqueles que enxergam essas coisas como a fonte de Suas angústias não entendem a Cruz, nem o que ocorreu lá. Ainda que as torturas o cobrissem, pelas mãos humanas, elas faziam parte do plano redentor de Deus; Havia algo muito mais sinistro que evocou o clamor do Messias.

Nos primeiros séculos da igreja primitiva, milhares de cristãos morreram em cruzes. É dito que Nero os crucificava ao contrário, ele os cobria de alcatrão, e lhes ateava fogo para usar como luzeiros nas cidades de Roma. Através das épocas, desde então, um sem número de cristão foram levados às mais inquietantes torturas e, mesmo assim, é o testemunho de amigos e inimigos que muitos deles foram para a morte com grande coragem e ousadia. Será que devemos crer que os seguidores do Messias enfrentaram uma morte tão cruel com alegria, enquanto que o Capitão de sua Salvação se acovardou no jardim, com medo da mesma tortura? Acaso o Cristo de Deus temeu os chicotes e espinhos, cruzes e lanças, ou será que o cálice representava um terror infinitamente maior que a crueldade humana? 

Para entender o conteúdo sinistro desse cálice, devemos nos dirigir às Escrituras. Existem duas passagens em particular que devemos considerar – uma nos salmos e a outra em Jeremias:

“Porque na mão do SENHOR há um cálice cujo vinho é tinto; está cheio de mistura; e dá a beber dele; mas as escórias dele todos os ímpios da terra as sorverão e beberão.” (Salmos 75:8)

“Porque assim me disse o SENHOR Deus de Israel: Toma da minha mão este copo do vinho do furor, e darás a beber dele a todas as nações, às quais eu te enviarei. Para que bebam e tremam, e enlouqueçam, por causa da espada, que eu enviarei entre eles.” (Jeremias 25:15-16)

Como resultado da incessante rebeldia dos ímpios, a justiça de Deus havia decretado um juízo contra eles. Deus, justamente, derramaria sua indignação sobre as nações. Ele colocaria o cálice de vinho da Sua ira em suas bocas e forçaria-lhes a tomar até o fim. O simples pensamento de que tal destino espera o mundo é absolutamente terrível, e ainda assim esse teria sido o destino de todos, exceto que a misericórdia de Deus buscou a salvação do povo, e a sabedoria de Deus elaborou um plano de redenção ainda desde antes da fundação do mundo. 

O Filho de Deus se faria homem e caminharia sobre a terra em perfeita obediência à Lei de Deus. Ele seria como nós em todos os sentidos, e tentado em todas as maneiras como nós, mas sem pecado. Ele viveria uma vida perfeitamente justa para glória de Deus e em lugar de Seu povo. Então, no tempo designado, Ele seria crucificado pelas mãos de homens ímpios, e naquela cruz, Ele levaria a culpa de Seu povo, e sofreria a ira de Deus contra eles. O perfeito Filho de Deus e verdadeiro Filho de Adão juntos em uma gloriosa pessoa tomaria o amargo cálice da mão do próprio Deus e o beberia até o fim. Ele o tomaria até que fora “consumado”, e a justiça de Deus fora completamente satisfeita. A ira divina que devia ter sido nossa seria exaurida sobre o Filho, e por Ele, seria extinta.

Imagine uma represa que está cheia até a borda e está sendo pressionada pelo o peso da água. De uma vez só o muro protetor é removido e o poder destrutivo é liberado. Com a certeira destruição indo diretamente até um vilareijo, localizado em um vale próximo, de repente a terra se abre e traga a água que causaria tamanho arrasado. Da mesma forma, o justo juízo de Deus corria em direção a cada homem. Não se podia achar escape na montanha mais alta nem no abismo mais profundo. Os pés mais velozes não poderiam escapar, nem o melhor nadador suportar sua maré. A represa foi rachada e nada poderia conserta seu dano. Porém, quando toda esperança humana foi esgotada, no tempo oportuno, o Filho de Deus se interpôs. Ele se colocou entre a justiça divina e a Sua gente. Ele tomou a ira que seu povo tinham provocado e o castigo que eles mereciam. Quando Ele morreu nem uma gota de ira restou. Ele a bebeu toda!

Imaginem duas pedras de moinho, uma girando sobre da outra. Imaginem que entre as pedras existe um grão de trigo que é esmagado pelo grande peso. Primeiro, é moído até ser irreconhecível, e depois suas partes internas são espalhadas e moídas até se tornarem pó. Não há qualquer esperança de reconstruí-lo. Tudo está perdido além de qualquer esperança. Assim, de igual maneira, “ao SENHOR agradou moê-lo” (Isaías 53:10), a Seu próprio Filho, e colocá-lo em indescritível angústia. Portanto, agradou ao Filho submeter-se a tal sofrimento a fim que Deus fosse glorificado e o povo redimido. Não é que Deus se tenha sentido prazer no sofrimento de Seu amado Filho, mas através de sua morte, a vontade de Deus se cumpriu. Nenhum outro meio tinha poder de remover o pecado, satisfazer a justiça, e apaziguar a ira de Deus contra nós. A menos que esse divino grão de trigo tivesse caído ao chão e morrido, haveria permanecido sozinho sem um povo ou uma noiva. O prazer não estava no sofrimento, mas em tudo o que o sofrimento conseguiria: Deus seria revelado em uma glória ainda desconhecida aos homens e anjos, e um povo seria trazido a uma relação sem obstáculo com o seu Deus.

Em uma das histórias mais épicas do Antigo Testamento, o patriarca Abraão recebe a ordem de levar seu filho, Isaque, ao monte Moriá e ali o oferecesse como sacrifício a Deus. 

“Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi.” (Gênesis 22:2). 

Que carga foi posta sobre Abraão! Não podemos nem imaginar a tristeza que encheu o coração do velho homem e a tortura que cada passo da viagem trouxe. As Escrituras são cuidadosas em nos contar que ele foi ordenado a oferecer seu “filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas.” A especificação parece planejada para chamar nossa atenção e nos fazer pensar que há um significado oculto nessas palavras, além do que podemos enxergar.


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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Lista atualizada dos Feitos Notáveis da Cruz





  1. Firmou conosco uma Nova Aliança: Hb 10.5-9; Lc 22.19-20
  2. Aniquilou o diabo: Hb 2.14
  3. Aniquilou o pecado: Hb 9.26; Rm 8.23
  4. Despojou-nos da natureza carnal: Gl 5.24;
  5. Crucificou o nosso velho homem: Rm 6.6
  6. Sarou as nossas enfermidades: Is 53.4-5; 1Pe 2.24
  7. Venceu o mundo: Gl 1.4; 6.14
  8. Ele destruiu o documento da dívida: Cl 2.14
  9. Despojou principados e potestades: Cl 2.15
  10. Nos fez morrer para a lei: Rm 7.4
  11. Libertou-nos das maldições da lei:: Gl 3.13
  12. Destruiu as inimizades: Ef 2.14-16
  13. Purificou-nos dos pecados: Hb 9.14; Ap 1.5
  14. Tirou-nos a consciência do pecado: Hb 10.1-2
  15. Justificou-nos: Rm 5.9
  16. N´Ele fomos ressuscitados: Ef 2.4-5; Cl 2.13
  17. Levou cativo o cativeiro: Ef 4.8a
  18. Aboliu a morte: 1Tm 1.9-10
  19. Pregou o evangelho aos mortos: 1Pe 3.18-20; 4.6
  20. Tomou posse das chaves da morte e do inferno: Ap 1.18
  21. Redimiu-nos, resgatou-nos junto ao Pai: Ef 1.7; Cl 1.14
  22. Reconciliou-nos com o Pai: Rm 3.25; Ef 2.11-23; Cl 1.20-22
  23. Comprou-nos para o Pai: Ap 5.9
  24. Consagrou-nos para o Pai: Hb 12.24; 9.18-22
  25. Resgatou-nos de uma vã maneira de viver: 1Pe 1.18-19
  26. Deu-nos entrada ao Santuário Celestial: Hb 10.19-22
  27. Fez-nos santos e irrepreensíveis: Hb 10.10-14; Ef 1.4; Cl 2.10
  28. N´Ele fomos assentados nos lug. celestiais: Ef 2.6; Rm 8.28-
  29. Derramou o Espírito e deu dons ao homens: At 2.33; Ef 4.8b


domingo, 29 de julho de 2012

UMA NOVA CATEGORIA DE FÉ.



 CAP. 49

Confiando no Senhor Jesus Cristo para a sua completa salvação e estando certo de que por esse meio é salvo, o crente se submete a um novo princípio-mestre. Antes ele imaginava que para ser redimido deveria trabalhar incansavelmente para isso, a ponto de cada fragmento de suas virtudes buscarem esse fim. Ele agia ou abstinha-se de agir, era justo ou generoso, louvava ou orava a Deus com o propósito de se auto-beneficiar. Quão pouco da essência da virtude poderia ser assim encontrada! Ainda que os motivos do trabalhador não estejam imunes a isso, pelo menos, salvando-lhe, o Senhor poderia conduzí-los para muito além do anseio de produzir sua propria salvação, e então poderia levá-los a seguir as coisas nobres e benevolentes do puro amor de Deus. É natural que quando um homem está em perigo ele procure principalmente pela sua própria segurança, é por isso que, primariamente, a própria natureza é o inimigo do altruísmo. Quando, porém, os melhores interesses do homem estão graciosamente seguros e lhe estão postos acima de todo o perigo, ele olha além de si mesmo para seu Doador e regula sua vida não pelo egoísmo, mas pela gratidão. Este é um grande passo para a maioridade, quando o medo servil é substituído pelo amor filial, pois quando somos levados a agir instintivamente não conseguimos entender uma paixão, como a de Xavier:
“Meu Deus, eu te amo,
Não porque por isso chegarei ao céu,
E nem porque sem isso queimarei eternamente.
Tu, ó meu Jesus, que abraças-te-me na cruz,
Suportando pregos, lança, desgraças,
Mágoa, tormentos, agonia e suor;
Sim, a morte mesma, e tudo mais por mim, o teu inimigo.
Então, por quê, ó Bendito Cristo,
Não devia eu amar-te assim?
Mais que a esperança do céu,
Mais que o escape do inferno.”

No amor grato temos o impulso que alavanca a moral, o princípio nobre, elevado e poderoso que produz obras infinitamente mais valiosas do que qualquer outra que pudesse sobrevir do medo de um escravo ou da esperança por recompensa.
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Livro A Dica do Labirinto: Considerações profundas sobre a fé e a dúvida
Tradução: Wesley Carvalho

Direitos reservados: Projeto Spurgeon – Proclamando a Cristo crucificado

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O vale da dor





Referência: Mateus 26.36-46
INTRODUÇÃO
1. O vale da dor é incontornável. Todos passamos por ele. Todos sofremos.
2. Jesus também teve o seu Getsêmani. O jardim do Getsêmani fica no sopé do Monte das Oliveiras, pois ali existia muitos olivais. Getsêmani significa lagar de azeite, prensa de azeite.
3. Por ser um aparato destinado a receber os frutos da oliveira, para transformá-los em óleo, produto de muitas utilidades, o dito aparato era instalado mesmo no interior do jardim das Oliveiras.
4. Foi neste lagar de azeite, onde as azeitonas eram esmagadas, que Jesus experimentou o mais intensa e cruel agonia. Ali sua vida foi moída. Ali foi esmagado sob o peso dos nossos pecados. Ali seu corpo foi golpeado. Ali suou sangue. Ali enfrentou a fúria do inferno, o silêncio do céu.
I. O PRELÚDIO DO VALE DA DOR 
1. Olhe pela janela dos quatro evangélicos e veja que noite fatídica foi aquela para Jesus.
2. Lá estava Jesus, com os doze discípulos, celebrando a Páscoa
a) Ele ensina a eles a humildade, lava-lhes os pés;
b) Ele aponta o traidor, e este sai na escuridão daquela noite para o trair;
c) Ele lhes dá o novo mandamento;
d) Ele avisa a Pedro “Nesta noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes”.
e) Ele lhes consola: “Não se turbe o vosso coração…”
f) Ele ora por eles (Jo 17).
3. Saem de noite, do Cenáculo, na noite da trama, da armadilha, dos acordos escusos, do suborno traidor, na calada da noite. O sinédrio está reunido na surdina, urdindo planos diabólicos, subornando testemunhas, comprando a consciência fraca de Judas.
4. Saem do Cenáculo apenas em 11. Judas não voltou. Descem o Monte Sião. Cruzam o Vale do Cedrom. Entram no Getsâmani. Era noite. Dos 11 que o acompanham, 8 estão ficando para trás. E parece que por ordem dele: “Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar.”
5. Continua Jesus caminhando, mas agora, somente com 3. A angústia toma conta de sua alma. A morte, o salário do pecado, o acossa. “A minha alma está profundamente triste até a morte”.
6. Os 3 ficam também para trás. Ele agora segue sozinho. Ajoelhou-se o Senhor do céu e da terra. Ajoelhou-se o Rei do Universo. Ajoelhou-se o Deus encarnado.
Prostrou-se com o rosto em terra – humilhou-se.
Ora intensamente, numa luta de sangrento suor.
O anjo de Deus vem consolá-lo.
Judas capitaneia a súcia, a turba maligna.
Os inimigos caem. Cristo se entrega voluntariamente.
II. AS MENSAGENS DO VALE DA DOR
1. No Vale da dor enfrentamos profunda tristeza – v. 38 
No Getsêmani da vida você terá tristeza. Sim, se Cristo passou pelo Vale da Dor, nós também passaremos. Vida Cristã é um vale de lágrimas. Temos alegria do céu, mas cruzamos também os vales da dor. Passamos por desertos esbraseantes, por ondas revoltas, por ventos contrários, por rios caudalosos, por fornalhas ardentes.
Jesus também teve tristeza e não foi só no Getsêmani:
a) Ficou triste com a morte do seu amigo Lázaro – e essa tristeza levou-o também a chorar. Quantas vezes você já ficou triste e chorou pela morte de um amigo, de um ente-querido?
b) Ficou triste e chorou sobre a cidade de Jerusalém – Jesus chorou ao contemplar a impenitente cidade de Jerusalém, assassina de profetas, rebelde. Ele disse: “Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedrejas os que te foram enviados, quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus filhotes, mas tu não o quisestes”. Quantas vezes você já chorou por um parente ou amigo que se recusou a crer em Cristo até a hora da morte?
c) Ficou triste no Getsêmani – Agora, entre a ramagem soturna das oliveiras, sob o clima denso da trama, e peso da cruz Jesus declara: “A minha alma está profundamente tirste até a morte”.
d) Por que Jesus estava triste?
1) Era porque sabia que Judas estava se aproximando com a turba assassina?
2) Era porque estava dolorosamente consciente de que Pedro o negaria?
3) Era porque sabia que o Sinédrio o condenaria?
4) Era porque sabia que Pilatos o sentenciaria.
5) Era porque sabia que o povo gritaria infrene: Crucifica-o?
6) Era porque sabia que o povo escolheria a Barrabás e o condenaria?
7) Era porque sabia que seria açoitado, cuspido e humilhado pelos soldados romanos?
8) Era porque sabia que os seus discípulos o abandonariam na hora da morte? NÃO!!!
A tristeza de Cristo era porque sua alma pura, estava recebendo toda a carga de todos os nossos pecados. Na cruz Deus escondeu o rosto do seu Filho. Ali ele foi feito pecado e maldição. Ali ele clamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Até o sol escondeu o rosto de Jesus, e as trevas cobriram a terra.
Jesus foi traspassado, moído. Na cruz ele desceu ao Hades.
Ali ele entristeceu-se porque sorveu sozinho o cálice da ira de Deus. Só pagou o preço da nossa redenção. Sofreu só, sangrou só, só morreu!
Como você tem enfrentado o seu vale de dor, o seu Getsêmani?
2. O vale da solidão- v. 39
No Getsêmani da vida, no vale da dor, muitas vezes, você sofrerá sozinho.
Nesta hora Jesus buscou dois refúgios: a solidariedade humana e a vontade divina. Na solidão precisamos de a) Comunhão Humana; b) Comunhão com Deus. Jesus pediu a presença dos 3 discípulos com ele. Jesus não pede nada, nem quer ouvir nada deles, mas pede a presença deles. Paulo também prediu que Timóteo fosse ter com ele e levasse João Marcos. Na hora da solidão, precisamos de gente e precisamos de Deus!
a) Muita gente há havia abandonado a Jesus (Jo 6:66).
b) Seus discípulos o iam abandonar agora (Mt 26:56).
c) Pior de tudo, na cruz ia gritar: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” – As multidões o deixaram. Os discípulos o deixaram. Agora é desamparado pelo próprio Pai.
d) Muitas coisas disse Jesus às multidões. Quando porém, falou de um traidor, foi apenas para os 12. E únicamente para 3 desses 12 é que ele disse: “A minha alma está profundamente triste até à morte”. E por fim, quando começou a suar sangue, estava completamente sozinho.
e) Quando Paulo estava no seu Getsêmani, na prisão romana, à beira do martírio, disse: “Todos me abandonaram. Na minha primeira defesa ninguém foi ao meu favor. Mas ali viu sua coroa.
f) Quando João foi exilado na Ilha de Patmos, passou pelo seu Getsêmani sozinho, mas ali Deus lhe abriu a porta do céu.
g) Quando Jó foi abandonado pela sua mulher, e acusado pelos seus amigos, pode ver a Deus face a face.
h) Como você tem enfrentado a sua solidão?
3. O vale da oração – v. 39,42,44
Quando passamos pelo Vale da dor, muitos murmuram, outros se desesperam, outros deixam de orar, outros deixam de ler a Bíblia, outros abandonam a igreja, outros se revoltam contra Deus.
Nas provas devemos aprender a orar como Jesus. Sua oração foi marcada por 5 características:
1) Humilhação – Ele, o Deus eterno, está de joelhos. Ele, o criador do universo, está com o rosto em terra, suando sangue. Como não deveríamos estar quando também atravessamos o vale da dor?
2) Intensidade (Lc 22:44) – Jesus enfrentou a maior batalha da sua vida em oração. A batalha foi tão intensa que Jesus começou a suar sangue. Foi uma oração de guerra. Ele se agonizou em oração.
3) Perseverança – Ele orou 3 vezes e progressivamente.
4) Vigilância (v. 41) – Jesus alertou os discípulos para vigiar e orar. Porque não vigiaram: 1) Dormiram na batalha; 2) Pedro negou Jesus; 3) Os discípulos fugiram; 4) Pedro cortou a orelha de Malco; 5) Não sabiam o que responder a Jesus? Seus olhos estavam carregados de sono, porque seus corações estavam vazios de oração.
5) Submissão (v. 39,42,44) – A oração não é que a vontade do homem seja feita no céu, mas para que a vontade de Deus seja feita na terra. Porque Jesus orou teve coragem para enfrentar a turba, a prisão, os açoites, a cruz, a morte. Sem oração você foge como os discípulos (v. 56). “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Mas se orar, o bicho foge”.
Muitos se desesperam quando cruzam o vale da dor, mas Cristo caiu de joelhos e orou e na oração prevaleceu. E você, tem se rendido a Deus? Tem se colocado de joelhos, dizendo: “eu me rendo Senhor, seja feita a tua vontade Senhor”.
Marcos 14:36 diz que Jesus começou sua oração, dizendo: “Aba, Pai”. Era a palavra que uma criancinha usava para se dirigir ao seu Pai. Jesus se dirige a Deus, sabendo que ele é Pai, digno de toda confiança. O que nos livra da tentação é saber que no vale da dor: Deus é bom e ele é o nosso Pai.
4. O vale da Consolação (Lc 22:43) 
Deus nos consola nos dando livramento da prova, ou nos dando poder para vencer as provas.
a) Paulo ora 3 vezes pedindo cura do espinho na carne, mas Deus lhe diz: “A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.
b) Tiago diz que devemos ter por motivo de toda a alegria, o passarmos por diversas tribulações (Tg 1:2-4).
c) No Getsêmani da vida, Deus o consolará: “E apareceu-lhe um anjo do céu que o confortava”.
d) Jesus não encontrou pleno conforto nos seus discípulos, pois a vigília da solidariedade tinha se transformado no sono da fuga. Mas quando Jesus buscou a face do Pai, um anjo desceu do céu para confortá-lo. Porque os amigos mais solidários falharam, ele ficou solitário com o Pai e foi consolado.
e) Agora o sofredor manchado de sangue é consolado por um anjo do céu. Depois que travou a mais sangrenta batalha da história. Depois que aceitou sorver sozinho o cálice da ira de Deus. Depois que se dispôs a carregar o lenho maldito. Depois que se dispôs a se tornar maldição por nós. Depois que desafiou o inferno e seus demônios, foi consolado!
f) Deus nunca abandona os seus no vale da dor, no Getsêmani da vida. Ele é o Deus e Pai de toda consolação.
1) Os amigos de Daniel – No Getsêmani da fornalha foram consolados pelo anjo do Senhor.
2) Pedro na prisão – ia ser morto no dia seguinte, mas o anjo do Senhor o levantou, o guiou, o livrou, o consolou.
3) Paulo no naufrágio – Passou 14 dias na voragem do mar. Tempestade convulsiva. Todos haviam perdido a esperança. Mas Deuse enviou seu anjo para confortar a Paulo e lhe garantiu a vitória.
4) Você tem sentido a consolação de Deus?
CONCLUSÃO 
1) Como foi que Jesus entrou no Getsêmani da sua vida? Profundamente angustiado, abatido e cheio de tristeza.
2) Como foi que saiu? Tão fortalecido e vitorioso que bastou somente uma palavra sua para fazer seus inimigos recuarem, caindo todos por terra. Jesus não foi preso, ele se entregou. Ele se deu. Ele morreu. Ele ressuscitou. Ele venceu. Ele está conosco. Ele nos consola, nos guia, nos leva para a Casa do Pai.

quinta-feira, 1 de março de 2012

A Cruz é Algo Radical - A. W. Tozer


"Devemos fazer algo com relação à cruz, e somente uma de duas coisas podemos fazer fugir dela ou morrer nela.  "


A cruz de Cristo é a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os homens.

A cruz dos velhos tempos Romanos não conhecia acordo; ela nunca fez concessões. Ela venceu todas as suas disputas matando o seu oponente e silenciando- o de uma vez para sempre. Ela não poupou Cristo, mas o matou assim como os outros. Ele estava vivo quando O penduraram naquela cruz e completamente morto quando O tiraram dela seis horas mais tarde. Isso era a cruz, a primeira vez que apareceu na história Cristã.

Depois que Cristo foi levantado da morte os apóstolos saíram para pregar Sua mensagem, e aquilo que pregavam era a cruz. Onde quer que eles fossem pelo mundo afora carregavam a cruz e o mesmo poder revolucionário ia com eles. A mensagem radical da cruz transformou Saulo de Tarso e o mudou de um perseguidor de Cristãos para um crente gentil e um apóstolo da fé. O poder da cruz transformou homens maus em bons. Ela livrou a longa escravidão do paganismo e alterou completamente toda a perspectiva moral e mental do mundo Ocidental. Tudo isto ela fez e continua a fazer enquanto for permitido permanecer sendo o que era originalmente, uma cruz.

Seu poder se foi quando foi mudada de algo de morte para algo de belo. Quando os homens fizeram dela um símbolo, pendurando- a aos seus pescoços como um ornamento ou fizeram seu esboço diante das suas faces como um sinal mágico para repelir o maligno, então ela se tornou na melhor das hipóteses um fraco emblema, e na pior das hipóteses um fetiche positivo. Como tal ela é venerada hoje em dia por milhões que não sabem absolutamente nada sobre o seu poder.

A cruz alcança seu fim pela destruição de um padrão estabelecido, a vítima, e cria um outro padrão, seu próprio. Assim, ela tem sempre seu estilo. Ela vence através da derrota do seu oponente e imposição da sua vontade sobre ele. Ela sempre domina. Ela nunca se compromete, nunca negocia nem concede, nunca renuncia um ponto por motivo de paz. Ela não se importa com a paz; ela se importa somente em acabar com sua oposição o mais rápido possível.

Com perfeito conhecimento de tudo isto Cristo disse, “Se alguém quer vir após mim, negue- se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga- me” (Mt 16:24). Assim a cruz não somente provoca um fim à vida de Cristo, ela também dá fim à primeira vida, a velha vida, de cada um dos Seus verdadeiros seguidores. Ela destrói o velho padrão, o padrão de Adão, na vida do crente e o conduz a um fim. Então o Deus que ressuscitou Cristo da morte ressuscita o crente e se inicia uma nova vida.

Isto, e nada menos, é Cristianismo verdadeiro, entretanto não podemos deixar de reconhecer a divergência crucial deste conceito daquele defendido pelos membros evangélico de hoje. Porém não ousamos qualificar a nossa posição. A cruz permanece bem acima das opiniões dos homens e para aquela cruz todas as opiniões devem finalmente ir para julgamento. Uma liderança superficial e mundana modificaria a cruz para agradar os entretenimentos loucos dos religiosos que terão a sua diversão mesmo dentro do santuário; mas agir assim é procurar desastre espiritual e se expor ao perigo da ira do Cordeiro transformado em Leão.

Devemos fazer algo com relação à cruz, e somente uma de duas coisas podemos fazer fugir dela ou morrer nela. Se formos tão imprudentes para fugir devemos por este ato pôr de lado a fé de nossos pais e fazer do Cristianismo alguma outra coisa exceto o que ele é. Então teremos deixado somente a vazia linguagem da salvação; o poder se apartará com nosso apartamento da verdadeira cruz.

Se formos sábios faremos o que Jesus fez; enfrentaremos a cruz e desprezaremos a vergonha pela alegria que está colocada diante de nós. Fazer isto é entregar todos os padrões das nossas vidas para serem destruídos e reconstruídos no poder de uma vida eterna. Descobriremos que isto é mais do que poesia, mais do que doce melodia e sentimento nobre. A cruz cortará em nossa vida onde ela fere mais, sem poupar nem a nós nem nossas reputações cuidadosamente cultivadas. Ela vai nos derrotar e levar nossas vidas egoístas a um fim. Somente então poderemos nos levantar em plenitude de vida para estabelecer um padrão de vida completamente novo, livre e repleto de boas obras.

A mudança de atitude em relação a cruz que vemos na ortodoxia moderna não prova que Deus tenha mudado, nem que Cristo tenha facilitado na Sua exigência de que carreguemos a cruz; antes significa que a Cristandade atual se afastou dos padrões do Novo Testamento. Até agora temos mudado tanto que isto pode necessitar nada menos do que uma nova reforma para restaurar a cruz para o seu lugar correto na teologia e vida da Igreja.

Extraído do livro: “The Root of the Righteous” (A Raiz do Justo).