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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

BOM NATAL !!!



   

O dia mais banal



Ainda que você não me conheça e minha língua não entenda,
Quero hoje te escrever, porque este velho mundo está dilacerado
E ainda que nunca te tenha visto, sinto-me muito igual a você

Ainda que sejamos moedas de valor, desvalorizadas por uma realidade miserável,
Somos nesta vida pétalas caídas de uma mesma flor.
Se de vez em quando é você a perdoar a si mesmo,
Se crê em outras religiões
Ou não encontrou ainda Deus e ainda assim o amaldiçoa
Às vezes com ferocidade, por ter perdido a confiança,
O seu sangue, no entanto, queima como o meu.
Ainda que te tenham convencido de que o amor
É a mais mentirosa das verdades,
Se é ainda prisioneiro de um erro que lhe fez apenas mal,
Bom Natal,
Desconhecido irmão distante
Desejo-lhe um bom Natal
Daqui do meu ceuzinho italiano
Não odeie quem quer roubar o seu futuro
Retribua com o bem o mal
Bom Natal
Ainda que a guerra esteja no ar
E todo o mundo se circunde de fronteiras sem liberdade;
Ainda que aos pobres nada reste se não fome e ardis,
Restos dos países ricos, migalhas de generosidade,
Uma mensagem chega ainda das pessoas que todo dia
Ajudam os que não conseguem;
Pela vida que renasce num estábulo,
Por um coração universal,
Bom Natal,
Desarmado irmão distante
Desejo-lhe um bom Natal
E a luz de um campo de trigo.
Não faça isso, não jogue fora este punhado de sonho
E, ainda que você desligue ou mude de canal,
Bom Natal
Ainda que sem um trabalho e sem dignidade,
Ainda que você esteja entupido de felicidade,
Se nesta noite, como que de presente,
Você se encontra só num leito de hospital,
Bom Natal
A um século que morre,
Bom Natal
Meu irmão, não desista jamais;
Corra você também atrás daquela estrela
A vida é uma grande mãe que te embala
Com seu hálito imortal e um oceano de amor
Mesmo sem árvore e presentes para abrir
Mesmo sem toda essa festa artificial
Fosse, como os outros dias,
O dia mais banal,
Bom Natal.



Marco Masini, 1999

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Deus tem um livro de oração. Você o usa?


Orar é difícil. Não por causa de alguma coisa em Deus – como o puritano Matthew Henry observou, Deus está mais ansioso em ouvir nossas orações do que nós em fazê-las. Não, orar é difícil por nossa causa. A carne pecadora e a fraqueza humana batalham contra nossa capacidade de perseverar na oração. Os editores sabem disso. Procure por “oração” na Amazon.com e você vai encontrar livros suficientes para construir uma pequena mansão inteira com pilhas de livros de bolso no estilo “7 Passos para…”. Muitos deles são livros úteis (embora alguns deles não o sejam!). Mas não seria bom ter o livro definitivo sobre oração, um que incluísse tanto formas de orar quanto as palavras a orar, um que poderia ser usado em qualquer época da vida?
Na verdade, isso soa como os Salmos.
Os Salmos são o livro de oração e louvor da Bíblia. Quando lemos um salmo, estamos escutando uma conversa inspirada entre Deus e o seu povo. A conversa ocorre por vezes em momentos de puro deleite e outras vezes em temporadas de desespero esmagador. Às vezes é uma conversa privada: “Tem misericórdia de mim, SENHOR, porque sou fraco!” (Salmo 6.2). Em outros momentos, ouvimos as vozes de uma multidão feliz de adoradores: “Vinde, cantemos ao SENHOR; jubilemos a rocha da nossa salvação” (Salmo 95.1). Em certo sentido, os Salmos são a resposta mais abrangente de Deus para o pedido “Ensina-nos a orar”.

Até pouco tempo atrás eu não usava salmos regularmente na minha vida de oração. Nos últimos meses tenho incorporado os salmos ao meu dia a dia, e tem sido uma grande bênção para mim. Vou descrever a minha prática atual e algumas coisas que aprendi, mas com esta ressalva em primeiro lugar: eu não sou você! Eu fui vítima muitas vezes de seguir servilmente a mais recente sugestão devocional que li em algum blog como se alguém tivesse o melhor produto no mercado da oração. Não faça isso. As probabilidades são que, em poucos meses, a prática que descrevo agora terá mudado de alguma forma. Portanto, escolha o que pode ser útil, adapte para sua própria situação e descarte o resto. Bom, com isso fora do caminho, aqui está o que eu estou fazendo.
Há dois momentos no meu dia onde oro por meio de um salmo. O primeiro é após a minha leitura regular da Bíblia. Eu uso um plano de leitura da Bíblia e queria cumpri-lo, então eu adicionei a leitura de 10 a 12 versículos dos Salmos por vez. Às vezes eu leio mais, às vezes eu leio menos. Mas uma porção de um salmo é sempre parte da minha manhã. O outro momento é depois que termino cada dia de trabalho. Eu memorizei alguns dos salmos mais curtos e os oro ao Senhor enquanto volto dirigindo para casa. Enquanto tenho feito isso, aprendi algumas coisas que podem ser úteis, aqui vão elas.
  • Escolha salmos que refletem sua situação. A variedade de experiências de vida refletida em Salmos é incrível. Tire proveito disso. Se seu coração está alegre, ore um salmo que reflita sua alegria. Se você está lutando, dê voz a sua batalha com as palavras de um dos lamentos de Davi, como o Salmo 6 ou o Salmo 42. Os Salmos não falam em um tom monótono, uma única voz para todos. Nem nossas orações deveriam.
  • Personalize-os enquanto você ora a Deus. Você sabia que é bom reescrever as Escrituras? Não, eu não estou falando sobre sincronizar o Apocalipse com o calendário maia. Estou falando da aplicação personalizada. Isto é o que a Bíblia nos convida a fazer. Quando Davi ora “Bem-aventurados os retos em seus caminhos, que andam na lei do SENHOR” (Sl 119.1), podemos orar: “Senhor, ajuda-me a andar irrepreensivelmente hoje quando sou tentado. Dá-me a bem-aventurança dos que guardam os teus mandamentos”. O primeiro verso do Salmo 46: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia” pode se tornar “Deus, tu és o meu refúgio, neste problema. Tu és minha força neste momento”. É assim que os Salmos são combustível para nossa vida de fé. Eles foram feitos para habitar onde você habita. Personalize-os.
  • Considere memorizar alguns salmos especiais. Você pode memorizar um capítulo inteiro da Bíblia. Comece com o Salmo 117, são apenas três versos! Há uma série de salmos que contém menos de dez versos. Escolha um que seja significativo para você e memorize-o. Escreva-o repetidamente. Coloque-o em um cartão e leve-o no bolso durante o dia. O trabalho de memorização exige que você medite nas Escrituras, e é apenas um passo de daí para uma conversa com Deus sobre isso.
Orar é difícil, mas os Salmos são uma das provisões de Deus para fortalecer nossa vida de oração. Vamos aprender a usar o livro de orações de Deus!
Traduzido por Josie Lima | Reforma21.org | Original aqui
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

De A a Z:a verdade sobre o Salmo 119


O Salmo 119 é o poema mais longo da Bíblia. É a oração mais longa da Bíblia. É o acróstico mais longo da Bíblia. É capítulo mais longo da Bíblia. Ele fica no centro da Bíblia e fala sobre a Bíblia. O Salmo mais longo é um salmo sobre Salmos. O capítulo mais desafiador da Palavra é um capítulo sobre a Palavra.
O escopo do Salmo 119 é amplo (22 estrofes) e limitado (cada verso é sobre a escritura). O capítulo cobre todos os aspectos da vida – sucessos, fracassos, vitórias, derrotas, prosperidade e adversidade – e, mesmo assim, é quase todo uma oração (praticamente todos os versos são dirigidos a Yahweh).
Por conta de sua extensão, sua unidade pode passar despercebida. As estrofes não são intercambiáveis. Pelo contrário, o Salmo é construído de forma a guiar o leitor em uma progressão da vida cristã. Ele cobre tudo o que você precisa saber para viver uma vida piedosa, de A a Z (ou “de aleph a tav”, no original). E ele o faz na ordem.
A (aleph) é o princípio fundamental da vida cristã: a felicidade vem da santidade. Se você não é santo, você não é feliz, e se você deseja ser feliz, tente a santidade (é por isso que só essa estrofe, assim como bet e het, já é um antídoto poderoso à abordagem “Jesus + Nada” à santificação).

B (bet) mostra que santificação produz satisfação. Essa é uma satisfação que afeta cada área da vida, e se transforma em um deleite e alegria que faz uma pessoa se sentir melhor que a pessoa mais rica do mundo. De fato, essas duas primeiras estrofes fazem a vida do crente parecer fácil, se não fosse por:
C (gimel), que ensina que crentes são peregrinos. Esse mundo não é nossa casa. Nós estamos de passagem, e nós nunca iremos, de fato, pertencer a este mundo. Isso já seria difícil o bastante, mas então descobrimos que
D (dalet) a vida do peregrino é marcada por dificuldades. Nossa alma irá passar tempo na poeira, cheia de sofrimento, enquanto pedimos a Deus que nos torne mais obedientes.
E (he) é um truísmo: o resultado dessas dificuldades é que você é o que você ama. O valor de um homem é visto no valor do objeto de suas afeições. Você quer ser alguém de valor? Então ame a Palavra inestimável!
F (vav) serve como uma recapitulação, mostrando a progressão da vida do crente. Fé leva a confiança, confiança a perseverança, perseverança a dificuldades e as dificuldades levam à santidade.
G (zayin), então, nos lembra que, por mais que tudo isso seja verdade, não é fácil. Só porque o caminho está descrito, não significa que será simples trilhá-lo. Nossas vidas serão marcadas  pelas dificuldades. Felicidade está ligada a santidade, mas isso não significa que santidade é fácil.
H (het) é escrita à luz dessa tensão: mesmo que o caminho seja difícil, o salmista se compromete a andar por ele, não obstante a severidade das tentações e perseguições. Sabendo dos perigos e dificuldades, o verdadeiro crente se compromete a resistir.
I (tait), por sua vez, ensina que esse compromisso não é feito em um vácuo. Pelo contrário, só é possível fazê-lo por conhecer a realidade do que chamamos de graça irresistível. Deus irá buscar seus filhos. Os eleitos não irão se desviar do caminho, pois Deus é “o cão de caça dos céus”.


Assim, J (yod) mostra que, quando Deus nos alcança, experimentamos a força total da razão pela qual fomos criados: nós fomos criados para obedecer. Deus nos fez com suas mãos para que pudéssemos servi-lo com as nossas.
K (kaph) então pausa por um momento e nos mostra que nem todas as dificuldades ocorrem por causa do mundo. Em alguns casos, Deus decide afligir mesmo seus filhos obedientes, para santificá-los. Isso pode ser obviamente visto na pessoa de Jesus Cristo.
L (lamed) responde K ao provar que Deus irá salvar mesmo aqueles que aflige. Deus pode afligir seus próprios filhos, mas o justo sempre será vindicado por ele – mesmo se, para isso, for preciso uma ressurreição.
M (mem) é uma resposta à gravidade das verdades descritas em K e L. É uma declaração de que a verdadeira sabedoria se desenvolve por meio da Palavra e dos caminhos de Deus. Seus caminhos não são os nossos, seus planos não são os nossos e, assim, aquele que conhece sua Palavra irá odiar a falsa sabedoria e se agarrar aos caminhos de Deus.
N (nun) responde essa questão básica: como pode a pessoa sábia se manter nos caminhos de Deus em um mundo que é tão hostil ao cristão? O mundo está cheio das trevas da falsa sabedoria, e os filhos de Deus são estrangeiros cercados por perigos. Mas sua Palavra é uma luz para nossos pés – nosso GPS que nos irá levar para casa.

O (samech) ensina que, enquanto a Palavra de Deus guia os crentes, o julgamento de Deus certamente aguarda aqueles que não vem para a luz
Mas para aqueles que vem, ayin mostra que Deus os protege sob suas mãos. Se você está na luz, você é um escravo de Deus, um escravo da santidade e um escravo de Sua Palavra.
P (pe), então, mostra como Deus usa seus escravos. Ele os coloca em uma guerra santa, uma batalha contra o pecado. Somos seus guerreiros, e a santidade é nosso campo de batalha.
Tsade ilustra as linhas de batalha: Deus é justo, e todos os outros estão do outro lado. Se você não estiver reconciliado com ele por meio do Verbo, você é seu inimigo.
À luz dessa divisão, Q (cough) mostra que devemos confiar na oração. Somos soldados em batalha e a oração é nosso meio de comunicação com o Comandante.

R (resh) simplesmente ensina que oração não é o suficiente para a nossa batalha -  o que é bom, porque você não está sozinho. Deus sempre responde aqueles que oram com fé, e ele irá salvar aqueles que clamam a ele.
S (shin) é uma representação daqueles que foram resgatados. É uma descrição do que eles fazem, com o que eles se importam e como eles se sentem. Vemos que aqueles que são resgatados amam a palavra de Deus e odeiam os inimigos de Deus.
T (ou “Z”, tav, a última letra) sobe os créditos e exibem uma imagem eterna do crente resgatado como uma ovelha que necessita de seu pastor. Mesmo após passear pela vida do crente, de A a Z, ainda estamos na posição de ovelhas, totalmente dependentes da palavra de Deus.

Traduzido por Filipe Schulz | Reforma21.org | Original aqui
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Os Fatos Sobre o Movimento da Fé.


John Ankerberg e John Weldon

Quais os ensinos fundamentais do Movimento da Fé?

O Movimento da "Fé" acredita que a mente e a língua humanas contêm uma habilidade ou poder sobrenatural. Quando alguém fala, expressando a sua fé em leis supostamente divinas, seus pensamentos e expressão verbal positivos produzem uma "força" supostamente divina que irá curar, proporcionar riqueza, trazer sucesso e, de outras maneiras, influenciar o ambiente. Kenneth Copeland ensina que "a força poderosa do mundo espiritual, o qual cria as circunstâncias que nos rodeiam, é controlada pelas palavras pronunciadas pela boca humana. Essa força vem de nosso interior".[1] Portanto, "não há nada nesta terra tão grande ou poderoso... que não possa ser controlado pela língua... É até possível controlar Satanás, aprendendo a controlar a própria língua".[2]
Segundo os pregadores da "Fé", Deus responde automaticamente e realiza o que ordenamos quando confessamos nossas necessidades e desejos pela fé, de maneira positiva.[3]
Por isso os cristãos devem supostamente aprender a operar seu homem interior ou "homem espiritual" no poder do mundo espiritual, mediante leis sobrenaturais, leis que irão funcionar para qualquer indivíduo, quer crente ou incrédulo.[4]
Segundo observa Charles Capps: "As palavras são a coisa mais poderosa do Universo"; "Isso não é teoria, é fato. É uma lei espiritual"; e: "Esses princípios de fé são baseados em leis espirituais. Eles funcionam para quem quer que aplique essas leis. Você os faz funcionar pelas palavras da sua boca".[5] A não ser que os cristãos obedeçam a essas leis e as apliquem com sucesso, o próprio Deus fica prejudicado em Sua possibilidade de agir na vida deles. Por quê? Porque tanto Deus como os cristãos são limitados por essas leis. Fred K. C. Price e outros ensinam que da mesma forma que o poder de Deus tem origem na fé que Ele exerce nas palavras que profere, o mesmo se aplica aos cristãos.[6] Por exemplo, "Deus criou o universo pelos métodos que você acabou de colocar em prática pelas palavras de sua boca. Deus liberou a Sua fé em palavras".[7]
Isso significa que tanto o homem quanto Deus são limitados em sua capacidade de agir sobrenaturalmente, a não ser que as fórmulas de fé adequadas sejam ditas, permitindo que o seu poder opere.[8] Só quando homens e mulheres imitam a Deus e Suas leis, eles podem realizar milagres.
Por exemplo, "Deus criou o universo dizendo que este viesse a exisitr. Ele deu a você essa mesma habilidade na forma de palavras."[9] Deus é, portanto, um Deus de "palavra de fé", que criou o homem à Sua imagem e lhe deu o potencial de usar o poder que Ele manifestou na criação.[10] "O homem é então um espírito, perfeitamente capaz de operar no mesmo nível de fé que Deus."[11] Como resultado, "você tem o poder de Deus à sua disposição".[12] Tudo isso explica porque a maioria dos pregadores da Fé pensa que o homem é um deus literal – nas palavras de Copeland, um ser "da classe de Deus".[13] Ao imitar o uso das leis cósmicas por Deus, o homem pode realizar atos sobrenaturais como os dEle.
Mas os pregadores da Fé também afirmam haver perigo em tudo isso. Essas leis cósmicas operam indiscriminadamente. Se os cristãos não tiverem cuidado, Satanás pode enganá-los porque tem igualmente condições de operar, usando as línguas de homens da classe de Deus.[14] Por exemplo, a "confissão negativa" – qualquer coisa dita que negue os princípios do Movimento da Fé – permite que Satanás entre na vida dos cristãos e os engane.
Em qualquer caso, até a missão do próprio Cristo é adequada à filosofia da Fé. Por que Jesus veio? Segundo o Movimento da Fé, uma razão da vinda de Jesus foi transformar-nos em "Cristãos da Fé" fortes, que pudessem fazer as coisas que Ele fez – e coisas maiores ainda. Jesus veio a este mundo por causa do poder da palavra proferida por Deus e por causa da fé que Deus tem na Sua fé.[15] De fato, Jesus foi a síntese do verdadeiro homem de "Fé". Ele sabia como usar perfeitamente as leis espirituais do Universo[16] e, portanto, tinha imensos poderes e fazia milagres incríveis. Assim sendo, Jesus foi um exemplo do Homem Bem-Sucedido. Robert Tilton ensina: "Jesus veio para livrar a humanidade do fracasso e nos levar ao sucesso".[17] E: "Deus criou o homem para ter sucesso, mas ele falhou... Deus enviou então Jesus para resgatar-nos do fracasso e restaurar-nos à posição de sucesso... (Por causa do nosso fracasso) Deus preparou um novo plano. Esse plano foi enviar Jesus. Mediante Jesus recebemos força e poder para sermos bem-sucedidos..."[18]
No livro Commanding Power (Poder Que Comanda), Kenneth Hagin Jr. ensina que a expiação de Cristo trouxe aos cristãos o "poder de comandar" ou a habilidade de ordenar que as coisas que nos rodeiam se conformem aos nossos desejos. "Nosso problema é que oramos e confessamos muito, mas não mandamos. É gostoso mandar!... Jesus já pagou o preço para fazermos isso..."[19]
Além disso, na cruz e no inferno, Jesus não só derrotou Satanás e sofreu o castigo pelo pecado, como também levou sobre Si a maldição da lei (Gl 3.12), pagando o preço pelas nossas fraquezas, pobreza e doença, a fim de que cristão nenhum tenha de experimentá-las.[20]
Isso significa que, para o Movimento da Fé, Jesus não é simplesmente nosso Salvador do pecado. Ele é o Redentor da nossa Fé, o exemplo perfeito dos "princípios da Fé" em ação. Como "pequenos cristos" e "pequenos deuses", devemos ser imitadores dEle.

Qual a relação entre os ensinos do Movimento da Fé e a teologia das seitas?

A maioria dos pregadores da Fé afirmou publicamente que não ensina a "Ciência Cristã", "Poder da Mente" ou o "Novo Pensamento".[21] Isso parece indicar que até os próprios pregadores da Fé reconhecem suas similaridades com sistemas heréticos ou, pelo menos, têm conhecimento das acusações feitas por outros.
Não obstante, apesar dos desmentidos, em muitos pontos seus ensinamentos são semelhantes ou quase idênticos aos encontrados nas religiões do "Poder da Mente".[22] Os conceitos de confissão positiva, prosperidade e sucesso, saúde divina, manipulação da criação, negativa sensorial, e rejeição implícita da medicina científica podem ser todos encontrados nas teologias do "Poder da Mente" dos séculos dezenove e vinte, tais como a "Unity School of Christianity" ("Escola Unitária do Cristianismo"), "New Thought" ("Novo Pensamento"), e "Science of Mind" ("Poder da Mente"). [Esses três grupos, juntamente com o Movimento da Fé, também ensinam que a "confissão negativa" pode produzir doenças, tragédia e até a morte.]
De fato, alguns ensinos e práticas contidos no Movimento da Fé também são encontrados em outras religiões e seitas não-bíblicas. Por exemplo, o conceito dos crentes serem "deuses" ou terem poderes divinos é encontrado no mormonismo e no "armstronguismo" (Igreja de Deus Universal – N. R.). A prática de "decretar" a existência de coisas pode ser vista em alguns grupos ocultistas e orientais, tais como a Igreja Universal e Triunfante, e o budismo Nichiren Shoshu.
Talvez seja por isso que o historiador carismático D. R. McConnel documenta tão prontamente a origem pagã do Movimento da Fé através de E. W. Kenyon:
[O Pai moderno do Movimento da Fé, Kenneth] Hagin plagiou E. W. Kenyon, em palavras e conteúdo, na maior parte da sua teologia. Todos os pregadores da Fé, inclusive Kenneth Hagin e Kenneth Copeland, quer admitam ou não, são filhos e netos espirituais de E. W. Kenyon. Foi Kenyon, e não Hagin, que formulou as principais doutrinas do moderno Movimento da Fé... Os alicerces da teologia de Kenyon foram formados nas seitas metafísicas, especialmente no "Novo Pensamento" (New Thought) e na "Ciência Cristã"... Kenyon tentou forjar uma síntese dos pensamentos metafísico e evangélico... O resultado na teologia da Fé é uma estranha mistura de fundamentalismo bíblico e metafísica do Novo Pensamento.[23]
Por exemplo, considere como as influências das seitas no Movimento da Fé se entrelaçaram na doutrina da cura:
A teologia da cura do Movimento da Fé não está baseada na capacidade de detectar sintomas, mas em negá-los. Os sintomas físicos não são reais. Mas eles irão tornar-se reais se o crente reconhecer a sua existência e deixar de aplicar os princípios da curae spiritual. Só quem não sabe crer em Deus para a cura espiritual irá recorrer à medicina científica. A visão da "Fé" quanto à medicina científica é pagã... e é a mesma visão pregada pelo fundador da metafísica do século dezenove, P. P. Quimby.[24]
Conclusão
Em seu confronto com a Igreja de Roma, Martim Lutero confessou que, a não ser que fosse "convencido pelos testemunhos das Sagradas Escrituras ou razão evidente", ele estava "obrigado pela Escritura" a manter os princípios da Reforma. Não era "seguro nem correto" agir contra a sua consciência nesse aspecto. Para Lutero, a Escritura estava acima de toda experiência e acima de todas as afirmações extra-bíblicas de revelação divina – e, por causa dessa sua posição, a igreja tem uma dívida incomensurável para com ele. Do mesmo modo, ao examinar o Movimento da Fé, só as Escrituras devem ser o nosso padrão – e não a experiência ou novas alegações de revelação divina. (John Ankerberg e John Weldon - http://www.chamada.com.br)

...os pregadores da Fé têm sido hábeis em disfarçar-se de carismáticos... [mas] tanto "as raízes como os frutos" da teologia da Fé são decididamente metafísicos... 
– Hank Hanegraaff - Presidente do Instituto Cristão de Pesquisas nos EUA e autor do livroCristianismo em Crise (citação do Prefácio de "A Different Gospel", edição atualizada, de D. R. McConnell). 

Graças a Deus por mais este trabalho que vem fortalecer a refutação à Teologia da Saúde e da Prosperidade em solo brasileiro. Este livro revela muitas declarações absurdas de vários pregadores da Confissão Positiva nos EUA, mostrando o caráter herético dessa corrente doutrinária. É, sem dúvida, um forte alerta aos crentes no Brasil, para que não venham a seguir o exemplo de tais líderes na outra América.
– Pr. Paulo Romeiro - Presidente do AGIR e autor dos livros SuperCrentes e Evangélicos em Crise.
Notas
  1. Kenneth Copeland, The Laws of Prosperity, 1989, 83.
  2. Copeland, The Power of the Tongue, 1991, 29, 20, 30.
  3. Copeland, The Power, 3, 8, 23; The Image of God in You, 1990, 4-12; You’re Right Standing With God, 1991, 13The Laws of Prosperity, 83.
  4. E. g., Copeland, The Power, 6, 24; The Image of God, 2; Prosperity: The Choice is Yours, 1990, 4-5, 30.
  5. Charles Capps, God’s Creative Power Will Work for You, 1976, 1-2.
  6. Copeland, The Power, 4, 7, 23-24; Prosperity: The Choice, 18; The Laws of Prosperity, 84; cf. Fred K.C. Price, How Faith Works, 101.
  7. Capps, God’s Creative Power, 25; cf. Fred K.C. Price, How Faith Works, 99; cf. Price, "The Power of Positive Confession", fita cassete Nº 46 (1988), Krenshaw Christian Center, Los Angeles, CA.
  8. Copeland, The Power, 8, 15; The Outpouring of the Spirit: The Result of Prayer, 1991, 19; Our Covenant with God, 1991, 32.
  9. Capps, God’s Creative Power, última capa.
  10. Ibid., 3.
  11. Ibid., 1.
  12. Copeland, The Power, 15.
  13. Copeland, The Power, 8.
  14. Ibid., 8, 21.
  15. Ibid., 10; Copeland, Our Covenant with God, 21, 27.
  16. Copeland, The Power, 16.
  17. Robert Tilton, God’s Laws of Success, 1985, 27.
  18. Ibid., 113.
  19. Kenneth Hagin Jr., Commanding Power, 1984, 12-13.
  20. Copeland, The Power, 10; A Covenant of Blood, 1987; Our Covenant, 28, 33, 37.
  21. E. g., Tilton, Metamorphosis of the Mind, 1987, 18; Savelle, God’s Provision, 19; Osteen, The Confessions of a Baptist Preacher, 1983, 11.
  22. E. g., Savelle, God’s Provision for Healing, 19, 22; Capps, God’s Creative Power, 14-17;Angels, 1984, 84, 127, How to Have Faith in Your Faith, 1986, 129. Changing the Seen, 8-12, passim; Osteen, The Confession, 27-29; K. Hagin, Jr., Commanding Power, Words, 1991, The Key to the Supernatural, 1986, passim; Robert Tilton, Acknowledging Good Things, 7, 55, 65, 89-90, Charting Your Course, 30, 77-78, 81-82, 85, 92-100, God’s Laws, 5, 10, 23, passim. Em comparação, Riches Within Your Reach: The Law of Higher Potential (1976) de Robert Collier, escritor do Novo Pensamento, em muitos pontos não se distingue dos ensinamentos da "Fé".
  23. McConnell, A Different Gospel, 184-186.
  24. Ibid., 154-155.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Ajudando Igrejas a lidarem com a apostasia.



Dr. David Murray
O que você diria para uma igreja em que dois de seus dois mais promissores jovens “cristãos” não apenas deixaram a comunhão, mas se voltaram para ela com hostilidade e deboche? Esse é o cenário muito real que me pediram para tratar em um encontro recente de pastores e líderes. É, sem dúvidas, uma das mais agonizantes e perturbadoras experiências da vida cristã quando um amigo querido ou um membro da família abandona sua fé.  Eu já tive contato com isso, várias vezes, pessoalmente, tanto entre pessoas próximas quanto no ministério pastoral.
Me pediram para dar alguns conselhos e direcionamentos para ajudar pastores e líderes a lidarem com tais situações em suas igrejas. Eu parto do princípio que todas as tentativas de recuperar a “ovelha perdida” foram esgotadas, e que os membros já foram excluídos. Meus conselhos são limitados à ministração na vida das ovelhas remanescentes que sofrem e fazem muitos questionamentos quanto a isso. Altamente baseado na obra épica de John Owen sobre apostasia, eu sugeri que fosse feito nas igrejas uma série de sermões sobre os tópicos a seguir (que também deveriam ser enfatizados nas visitas pastorais).

1. A perseverança dos santos

Alguns cristãos serão abalados pela apostasia de outros cristãos professos. “Se ele pode cair, que esperança há para mim?”. Logo, pregue sobre as grandes promessas de Deus de eterna segurança para seu povo (João 6.39, 40; 10.28, 29)

2. A apostasia acontece

Isso realmente deve ser pregado antes que a apostasia ocorra, para evitar que as pessoas sejam pegas de surpresa quando de fato acontecer. Todo o Antigo Testamento é a história da apostasia de Israel. No Novo Testamento, vemos apostatas como Judas e Demas. Alguns em Corinto negaram a ressurreição e alguns na Galácia voltaram à lei como forma de salvação. Não é surpresa que os Apóstolos alertavam a igreja quanto a essa possibilidade (Atos 20.29,30; 1 Coríntios 11.19; 1 Timóteo 4.1; Judas; 1 João 2.19).

3. As zonas de perigo da apostasia

John Owen destacou três áreas nas quais a apostasia normalmente começa: doutrina, estilo de vida e adoração.
Owen relacionou a apostasia doutrinária com a falta de experiência cristã. Ele disse que quando alguém não tem uma experiência de necessidade pessoal, nenhum senso da justiça de Deus, nenhum vislumbre da glória de Deus, nenhuma submissão à soberania de Deus e nenhum temor à Palavra, então a apostasia estará logo ali na próxima esquina.
Owen ressaltou que um estilo de vida sem santidade é mais capaz de levar a apostasia do que o abandono das doutrinas cristãs. Ele enxergava tanto o legalismo quanto a falta de normas como eventuais caminhos para a apostasia.
Owen também argumentou que se negligenciarmos, não obedecermos ou acrescentarmos regras além do necessário à adoração, a apostasia não tarda a chegar.
Pastores devem estar atentos a essas três zonas de perigo: doutrina, estilo de vida e adoração. E devem chamar a atenção do rebanho para isso.

4. As causas da apostasia

Owen prossegue e lista as causas particulares da apostasia, para que os pastores e suas congregações possam ver e orar.
  • Inimizades profundas e não tratadas contra as coisas espirituais nas mentes de muitos
  • Orgulho e vaidade daqueles que se recusam a aceitar a autoridade da Escritura
  • Preguiça e negligência
  • Falta de certeza e confiança
  • Falso senso de segurança devido à negligenciar os avisos do Espírito sobre apostasia
  • O amor pelo mundo e suas paixões passageiras (Demas, em 2 Timóteo 4.10)
  • Primeiro “apóstata”, Satanás leva muitos a apostasia e força outros a apostatarem por meio de perseguições
  • Pessoas em cargos altos da igreja levando vidas perversas (Jeremias 23.15; 1 Samuel 2.12-17)
  • Pecados culturais que influenciam as pessoas
  • Divisões na igreja

5. A diferença entre um tropeço (Pedro) e uma queda (Judas)

Pastores devem discernir com sabedoria um tropeço de um cristão da queda de um apóstata. Todo cristão se desvia da doutrina, cai em pecado ou falha na adoração de vez em quando. Isso não faz dele um apóstata. John Owen definiu a apostasia como “rebelião e desobediência contínuas e persistentes contra Deus e sua Palavra” ou “renúncia pública final e total de todos os princípios e doutrinas do Cristianismo”.

6. A abominação da apostasia

Hebreus 6 descreve o ato da apostasia como “estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública”. Ao declararem que experimentaram Cristo e seu Evangelho e não acharam nenhuma verdade ou bondade neles, os apostatas fazem exatamente o que fizeram os judeus. De fato, Owen diz que a apostasia cristã é pior porque os judeus o faziam em “ignorância”.

7. O julgamento de Deus sobre a apostasia

Além de relembrar os cristãos da congregação de quão abominável é a apostasia aos olhos de Deus, eles também devem ser alertados sobre os julgamentos temporais, espirituais e eternos que recaem sobre os apóstatas. Deus usa descrições de como abomina e julga a apostasia como um meio de sua graça para manter as pessoas longe da apostasia.

8. A necessidade da perseverança

As grandes promessas de Deus sobre a perseverança dos santos são dadas àqueles que perseveram nos meios que Deus provê. Os cristãos devem ser lembrados da incalculável necessidade e valor da Igreja, da Palavra, dos sacramentos e da comunhão.

9. Como evitar a apostasia

John Owen desejava que os cristãos soubessem que a apostasia poderia ser evitada com o cuidado com o coração (Provérbios 4.23). Mantenha o Evangelho no centro do seu coração; ame sua verdade e experiencie seu poder. Mantenha o pecado longe de seu coração, especialmente os pecados tão perigosos como do orgulho espiritual e de espírito de julgamento.

Conclusão

Quando a apostasia ocorre na congregação, muitas vezes é tentador apenas ignorá-la e levantar a placa de “acontece, é a vida”. Entretanto, isso não vai tratar as necessidades de cristãos e não-cristãos que estão feridos e perplexos por conta de tais ocorridos. Isso também acaba com a oportunidade de preparar a igreja para futuros desapontamentos. Então eu encorajo pastores e líderes a focarem nesses nove tópicos, tanto de forma pública como particular.
Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo
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