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terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Tesouro de Davi - comentários de Spurgeon


Os Salmos, , e comentários que Spurgeon compilou de outros autores, por versos, por Salmo, respectivamente

SALMO 1

Este Salmo pode ser considerado como o Salmo prefácio, posto que nele há uma ideia do conteúdo de todo o livro. O desejo do Salmista é ensinar-nos o caminho para a bem-aventurança e advertir-nos da destruição segura dos pecadores. Este é, pois, o assunto do primeiro Salmo, que pode ser considerado, em certos aspectos, como o texto sobre o qual o conjunto dos Salmos forma um sermão divino. C. H. S.




O Salmista diz mais, e de modo apropriado, sobre a verdadeira felicidade, neste curto Salmo, que qualquer dos filósofos, ou que todos eles juntos; estes não fazem mais que enrolar-se; Deus vai certeiramente ao ponto e diz o essencial. John Trapp.


Vers. 1. Bem-aventurado. Observe-se como este Livro dos Salmos começa com uma bênção, igual como o famoso Sermão de nosso Senhor no monte. A palavra traduzida como «bem-aventurado» é uma palavra muito expressiva. No original é plural, e é uma questão discutida se se trata de um adjectivo ou de um substantivo. Daí que podemos coligir a multiplicidade das bênçãos que repousam sobre o homem, a quem Deus justificou, e a perfeição e grandeza das bênçãos de que gozará.


Bem-aventurado o varão que não anda no conselho de maus. Este homem segue o conselho prudente, e anda nos mandamentos do Senhor, seu Deus. Para ele os caminhos da piedade são caminhos de paz e bem-aventurança. Os seus passos são ordenados pela Palavra de Deus e não pela astúcia e argúcias do homem carnal. É um sinal certo de graça interior o facto de que o modo de andar transformou-se e que a impiedade é apartada das nossas acções. C.H.S

A palavra haish é enfática neste homem; um entre mil que vive para o cumprimento do fim para o qual Deus o criou. Adam Clarke.


Nem se detém no caminho dos pecadores. O pecador tem um caminho ou modo particular de transgredir; um é um bêbado, o outro é pouco honrado ou de má fé, o outro impuro. Há poucos que se entreguem a toda classe de vícios. Há muitos avaros que aborrecem a embriaguez, e muitos bêbados que aborrecem a avareza; e assim a respeito de outras coisas. Cada um tem o seu pecado dominante; portanto, como diz o profeta: «Deixe o ímpio o seu caminho» (Is 55:7). Pois bem, bem-aventurado o que não anda por um caminho semelhante. Adam Clarke.


Nem se assenta na roda dos escarnecedores. Que outros se mofem do pecado, da eternidade, do inferno e do céu e do Deus eterno; este homem conhece uma filosofia melhor que a dos infiéis e tem um sentido muito claro da presença de Deus para permitir que o Seu nome seja blasfemado.


Quando os homens vivem no pecado, vão de mal a pior. No começo andam meramente no conselho dos descuidados e ímpios, que não se preocupam com Deus – o mal é, pelo contrário, de carácter mais prático que o habitual –, mas depois disto habituam-se ao mal e andam no caminho dos pecadores declarados que voluntariamente quebrantam os mandamentos de Deus; e se são deixados sozinhos, vão um passo adiante e voltam-se mestres e tentadores deploráveis em relação os demais, e com isso se sintam na cadeira dos escarnecedores. Graduaram-se no vício, e como verdadeiros doutores de condenação, concedeu-se-lhes o título, e os demais consideram-nos como professores em Belial. Mas o homem bem-aventurado, o homem que possui todas as bênçãos de Deus, não pode ter contacto com personagens desta classe. Mantém-se puro e livre destes leprosos; aparta as maldades dele como vestidos manchados pela carne; sai de entre os perversos e vai-se para fora do acampamento levando a reproche de Cristo. Oh, se pudéssemos ter graça para nos manter separados assim dos pecadores! C. H. S.


Vers. 2. Antes tem o seu prazer na lei do SENHOR. «A lei do Jehová» é o pão diário do crente verdadeiro. E, contudo, nos dias de David, que reduzida era a quantidade de inspiração, porque apenas havia nada mais que os cinco primeiros livros do Moisés! Quanto mais, pois, deveríamos louvar toda a Palavra escrita que temos o privilégio de possuir nas nossas casas! Mas, há!, que trato tão pobre damos a este anjo do céu. Não são os como os esquadrinhadores de Bereia quanto às Escrituras. Quão poucos há entre nós que podem reclamar a bênção deste texto! C. H. S.


A «vontade» a que se alude aqui, é o deleite do coração, e o prazer certo na lei, que não olhe ao que a lei promete, nem ao que ameaça, mas só a isto: que «a lei é santa, justa e boa». Daí que não só é amor à lei, mas que também é um deleitar-se amoroso na lei que nem a prosperidade, nem a adversidade, nem o mundo, nem o príncipe do mundo podem tirar ou destruir; porque abre caminho vitoriosamente no meio da pobreza, da má fama, a cruz, da morte e do inferno, e no meio das adversidades é quando brilha mais. Martinho Lutero.


E em sua lei medita de dia e de noite. Neste versículo tão simples há todo um mundo de santidade e espiritualidade; e se em oração e dependência de Deus nos sentamos e o estudamos, poderemos contemplar muito mais do que nos apresenta à vista. É possível que quando o lermos ou o olhemos vejamos pouco ou nada; o servo de Elias foi olhar uma vez e não viu nada; por isso deu-lhe a ordem de ir olhar sete vezes. «O que vês agora?» – perguntou-lhe o profeta –. «Vejo uma nuvem que ascende, como a palma da mão», e, antes de pouco tempo, toda a superfície dos céus se achava coberta de nuvens. Igualmente é possível que se lance um olhar rápido sobre uma passagem e não se veja nada; medita sobre ela com frequência; logo verá luz, como a luz do sol. Jos. Carvil.


«A boca dos justos meditará sabedoria.» Por isso Agostinho tem na sua tradução «conversar»; o qual é uma formosa metáfora, posto que indica um conversar constante, familiar, com a lei do Senhor, que é aquilo em que deveria ocupar o homem, porque o falar é peculiar do homem.Martinho Lutero


O homem piedoso lê a Palavra de dia para que, vendo os demais as suas boas obras, possam glorificar a seu Pai que está nos céus; fá-lo-á de noite para não ser visto dos homens; de dia, para mostrar que não é um dos que temem a luz; de noite, para mostrar que é um dos que podem brilhar na sãobra; de dia, porque é a hora de obrar, e assim obra enquanto é de dia; de noite, para que o seu Senhor não venha, como ladrão na noite, e o encontre ocioso. Richard Baker.


Não tenho descanso, como não seja em companhia do livro. Tomás de Kempis.


Vers. 3. Será como árvore plantada; não uma árvore silvestre, mas «uma árvore plantada», escolhida, considerada como propriedade, cultivada e protegida de ser desarraigado, porque «toda planta que não plantou meu Pai celestial, será desarraigada».

Junto a correntes de águas. De modo que inclusive se falha uma corrente, há outra disponível. Os rios do perdão e os rios da graça, os rios da promessa e os rios da comunhão com Cristo, são fontes de provisões que não falham nunca.

Que dá o seu fruto a seu tempo. O homem que se deleita na Palavra de Deus, recebe instrução dela, dispõe de paciência na hora do sofrimento, fé na da prova e gozo santo na hora da prosperidade. O dar fruto é uma qualidade essencial do homem que possui graça, e seu fruto será na ocasião. C. H. S.

Os ímpios têm os seus dias marcados, as suas ocasiões, as suas obras e seus lugares determinados, aos quais se aderem estreitamente; de modo que se o seu vizinho morresse de fome, nem por isso se apartaria de seu costume. Mas o homem bem-aventurado, sendo livre em todos os momentos, em todos os lugares, para todas as obras e para todas as pessoas, acode a servir e a ajudar sempre que houver uma necessidade.

E a sua folha não cai. Descreve antes o fruto que a folha, e, por isso, intima-se ao que professa a palavra de doutrina que dê primeiro os frutos de vida se não querer que o seu fruto murche, porque Cristo amaldiçoou a figueira que não dava fruto. Martinho Lutero.

E tudo o que faz, prosperará. Assim como há uma maldição envolta na prosperidade do malvado, há também uma bênção escondida nas cruzes, perdas e aflições do justo. As provas e tribulações do santo pertencem à administração divina, e por meio delas cresce e dá fruto em abundância. C. H. S.

A prosperidade externa, segue-se ao acto de andar com Deus, é muito doce; como o zero, que quando segue a um dígito aumenta o valor do número, embora ele mesmo, em si, não é nada. John Trapp

Ver. 4. Não assim os maus. Nota o uso da palavra, «maus» ou ímpios, porque, como vimos ao começo do Salmo, estes são os principiantes no mal e são os pecadores que ofendem menos. Estes são os que prescindem de Deus, ainda que continuem sem alterar-se na sua moralidade. Se este é o teu triste estado, qual será a condição dos pecadores francos e declarados, os infiéis e reprovados?C. H. S.

Que são como a moinha. Este é seu carácter: intrinsecamente sem valor, mortos, inúteis, sem substância e levados pelo vento. C. H. S.

Que arrebata o vento. Aqui vemos o seu destino e condenação: a morte os arrebatará com as suas rajadas terríveis de fogo, no qual serão totalmente consumidos. C. H. S.

Aqui, de passagem, podemos ver que os maus têm algo de que dar obrigado, sem que o saibam; que podem agradecer aos piedosos pelos dias bons que vivem na terra, posto que é por eles e não por si mesmos que gozam do que gozam. Porque como a moinha, em tanto que está unido ao trigo, goza de alguns privilégios por causa do trigo, posto cuidadosamente no celeiro, mas logo que é ido e separado do trigo é lançado e esparramado pelo vento, assim os maus, enquanto que se achem na companhia dos bons, no meio deles, participam por sua causa de algumas das bênçãos prometidas aos bons; mas se os bons os abandonam ou são se apartados deles, então cai sobre eles como um dilúvio de fogo, como ocorreu a Sodoma quando Loth a abandonou e se foi da cidade. Sir Richard Baker.


Vers. 5. Portanto, não se erguerão na congregação dos justos. Toda a igreja tem um demónio nela. A cizânia cresce nos mesmos sulcos que o trigo. Não há nenhuma era que tenha sido limpeza de toda a moinha. Os pecadores mesclam-se com os santos, e a escória com o ouro. Os preciosos diamantes de Deus acham-se ainda no mesmo terreno que os calhaus.


Os pecadores não podem viver no céu. Estariam fora do seu elemento. Seria mais fácil para um peixe viver encarrapitado numa árvore que para um malvado viver no Paraíso. C. H. S.

Vers. 6. Porque Jehová conhece o caminho dos justos, ou como o hebraico ainda de modo mais pleno: «O Senhor é conhecedor do caminho dos justos.» Ele está observando constantemente o seu caminho, e ainda que o caminho possa passar por entre a névoa e a escuridade, tudo, o Senhor o conhece.

Porém o caminho dos maus conduz à perdição. Não só vão perecer eles mesmos, mas que também perecerá o seu caminho. O justo: cinzela o seu nome na rocha, mas o mau escreve a sua lembrança sobre a areia. C. H. S.


*+*
Tradução de Carlos António da Rocha
http://www.spurgeon.org/treasury/treasury.htm
El Tesoro de David, C.H.Spurgeon, edição em pdf de 747 páginas, encontrada sem restições na 'rede'.

FONTE: No Caminho de Jesus

Um comentário:

  1. A graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo meu irmão! Fico feliz em saber que gostou de meu blog. É uma honra para mim. Também achei muito interessante as suas postagens e resolvi segui-lo tambem. Como o senhor observou eu não sou calvinista, mas a cada dia que se passa eu os admiro e respeito cada vez mais.

    Um abraço fraternal!

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