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sábado, 11 de dezembro de 2010

Reino de Deus ou Reino dos Céus?




O novo Testamento registra duas expressões para a mesma realidade: reino de Deus e reino dos céus. Os dois autores de evangelhos, Mateus e Marcos, escrevendo sobre o mesmo fato, no início do ministério de Jesus, usaram uma e outra expressão. Mateus, por exemplo, diz que Jesus começou a pregar: “...é chegado o reino dos céus (Mt 4.17), e Marcos, referindo-se ao mesmo episódio, diz: “...é chegado o reino de Deus” (Mc 1.15). Ambas as expressões aludem a um mesmo Reino que tem Deus como Rei. Posto isto, Reino dos céus e Reino de Deus são sinônimos perfeitos.

Ainda poderíamos apresentar outras passagens paralelas em que Mateus usa a expressão “Reino dos céus” e Marcos e Lucas usam “Reino de Deus”. Mas queremos apresentar uma só passagem em que Jesus tanto usa a expressão“Reino dos céus” como “Reino de Deus”. Isto está em Mateus capítulo 19 versículos 23 e 24: “Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus”.
Mas existe uma razão, porque Mateus preferia a expressão “reino dos céus” em contraste com todos os outros evangelistas, que usavam “reino de Deus”?
Primeiramente, devemos estar consciente da reverência que um judeu piedoso tinha para com o nome sagrado de Deus, sendo levado, sempre que possível, a substituí-lo por outro termo, dos quais “céu” era o mais frequentemente escolhido. Por isso Mateus, que escreveu para os judeus, fazia sempre esta substituição. Por exemplo, na parábola do filho pródigo, Lucas escreve: “Pai, pequei contra o céu e contra ti...” (Lc 15.21). Por outro lado, Marcos, que escreve para os romanos, vai utilizar a expressão “reino de Deus” ao se referir as mesmas passagens de Mateus.

Contudo, a melhor coisa a saber realmente sobre o Reino de Deus (ou dos céus) é que a boa nova do Reino veio a ser o cerne da pregação de Jesus, dos seus ensinamentos, do seu testemunho. O anúncio do Reino de Deus aos pobres irritou profundamente as elites religiosas de sua época, sendo considerado provocativo pelo Sinédrio, pelos príncipes dos sacerdotes, doutores da lei, escribas e fariseus. E constituiu-se na razão político-religiosa de sua morte na cruz (Lc 23.5).

Pr. Flavio Constantino


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