Eu Quero Ser Feliz
Mateus 5.1-12
IVERALDO PEREIRA
iveraldopereira@hotmail.com
Introdução
Todo ser humano busca, de um modo ou outro, a felicidade. Todos querem a tal felicidade. A
questão a ser enfrentada é: "onde encontrar a verdadeira felicidade?". Nas bem-aventuranças, Jesus utilizou a palavra bem-aventurado nove vezes. Ele simplesmente significa feliz, no sentido verdadeiro da alegria interior. Jesus está descrevendo o único caminho para a felicidade.
Comecemos verificando o texto de Mateus 5.1-12. O último ponto, no versículo 12, diz que essas verdades devem resultar em júbilo e alegria em demasia. Mas isso não parece ser uma contradição? O relato de Mateus apresenta um reino que realmente não se enquadra no que muitas pessoas esperavam. Como poderemos ver, a definição de felicidade nas palavras de Jesus não é bem o que você esperava.
Segundo essa definição, são pessoas felizes os humildes de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores, os perseguidos e os injuriados. Você pode dizer: "Espere um pouco! Não tenho certeza se quero esse tipo de felicidade! Parece sofrimento com outro nome! Você só pode estar brincando!" Mas o tempo todo, sofrimento está ligado a felicidade.
Como qualquer bom pregador, Jesus expressou seu propósito no início. O início do Sermão do Monte nos fala da questão como um todo que devemos conhecer a verdadeira bem-aventurança, a verdadeira felicidade. Para poder compreender esse sermão notável e singular, devemos compreender seus fundamentos. Precisamos entender seu contexto bíblico, temporal, político e religioso.
I. O contexto Bíblico
Onde estamos no contexto bíblico quando nos deparamos com o texto de Mateus 5? Onde estamos no curso do plano de Deus para revelar sua verdade ao homem? Bom, estamos em um novo ponto, em um lugar de mudança dramática, em uma transformação realmente incrível.
Vejamos Malaquias 4.6, a última mensagem do Antigo Testamento e onde ele se encerra: "Ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição".
Interessante. O Antigo Testamento termina com uma maldição; o Novo Testamento começa com uma bênção. Há uma mudança dramática. Encontramos no Antigo Testamento: a lei, o Sinai, trovões, raios, juízo e maldição. No Novo Testamento: Sião, graça, paz, bênção.
A palavra bem-aventurado vem do grego makarios, um adjetivo que basicamente significa
feliz ou aquele que desfruta da felicidade celestiaL A
palavra vem da raiz makar, que significa ser feliz mas não no sentido usual de felicidade, baseado em circunstâncias positivas. Homero, por exemplo, utilizou a palavra para descrever os deuses gregos como sendo bem-aventurados, um estado não influenciado pelo mundo dos seres humanos, sujeitos à pobreza, fraqueza e morte. Este é o significado do Novo Testamento para bem-aventurado.
Jesus disse que essa felicidade é a alegria que ninguém pode tirar de você (Jo. 16.22). É uma paz interior, uma extrema felicidade no íntimo e uma alegria interior. Essa alegria interior não é resultado de circunstâncias. Passemos um pouco adiante. Bem-aventurado é uma palavra que indica caráter, que toca o homem na base de sua existência. Digo isto porque a palavra é utilizada para descrever Deus. Muitas vezes encontramos na Bíblia a afirmação: "Bendito seja 'Deus" (SI 68.32; 72.18; 119.12; I.Tm 1.11).
Qualquer que seja essa expressão, ela é verdadeira no que se refere a Deus. Qualquer que seja o significado de ser bendito e bem-aventurado, ele é verdadeiro no que se refere a Deus e a Jesus Cristo (lTm 6.15). Portanto, é lógico que os únicos que, algum dia, experimentarão esse sentimento em sua plenitude são os que participam juntamente com Deus e com Cristo. Não há bem-aventurança nem felicidade, do ponto de vista bíblico, fora disto.
Pedro nos disse que aqueles que crêem no Senhor Jesus Cristo são "co-participantes da natureza divina" (2Pe 1.4). Podemos desfrutar dessa mesma alegria, deste mesmo estado de contentamento no íntimo, dessa mesma felicidade profunda em nosso ser que experimenta Deus e o Senhor Jesus. Que coisa maravilhosa!
Desde o início, o Sermão do Monte nada tem a oferecer para alguém que não tem fé em Jesus Cristo. Mas, para aqueles que conhecem e amam o Senhor Jesus, para aqueles que pela fé
se tomaram co-participantes da natureza divina, o mesmo gozo, o mesmo contentamento, a mesma alegria, o mesmo sentimento de makarios, que é fundamentalmente um elemento do caráter de Deus e de Cristo, são nossos. Assim, quando falamos de felicidade ou bem-aventurança, estamos abordando o tema dentro de um contexto bíblico e não nos referimos a uma atitude superficial baseada em circunstâncias.
Contudo, no Novo Testamento, há um novo Rei. Mateus logo apresenta o segundo e último Adão, aquele que era maior do que o primeito. Ele é o Rei que não comete o erro de deixar uma maldição, mas, em vez disso, vem reinar e trazer uma bênção. O Novo Testamento termina com uma promessa (Ap 22.20).
Com o novo Rei, uma nova e fantástica realidade surge na História da humanidade. Eis Aquele que pode reverter a maldição de Adão. O Evangelho de Mateus contém a descendência do Rei, sua antecipação profética, seu anunciador João Batista), sua chegada, a adoração que lhe é prestada, sua primazia ao vencer a tentação, sua afirmação e sua obra. Agora chegamos ao momento em que o Rei fala: o manifesto do próprio Monarca.
O Sermão do Monte é a grande declaração do Rei uma vez que ele concede bênção em vez de maldição para os que desejam ser abençoados. Este é o contexto bíblico geral no qual esse sermão foi realizado. Uma nova era, um novo Rei, uma nova mensagem.
II. O contexto Temporal
A mensagem de Jesus destrói as atitudes do mundo. Não se pode encher a alma vazia de um homem com coisas do mundo exterior. Isto é o que o mundo tenta fazer. Jesus veio para anunciar que a árvore da felicidade não cresce em uma terra amaldiçoada. No entanto, muitos a procuram lá.
Salomão foi o rei de maior esplendor que já existiu. Se alguém foi feliz segundo os padrões do mundo, esse alguém deve ter sido Salomão. Ele tinha nobreza - pertencia à linhagem real de Davi, pela qual vitia o Messias - a linhagem mais nobre e imponente da História. Seu palácio era a perfeição na terra. E estava localizado na cidade: a cidade de Deus: Jerusalém. Sua riqueza era imensurável e seus tesouros tão numerosos que o Antigo Testamento diz que sua prata era tão comum quanto as pedras. Ele se deleitava com comidas deliciosas e possuía incríveis estábulos com milhares dos melhores cavalos do mundo. Possuía construções, criados, vinhas, tanques de peixes e jardins. Centenas de mulheres! E foi o homem mais sábio que já existiu. Ele tinha tudo.
De acordo com os padrões do mundo, ele deve ter sido um homem extremamente feliz. No entanto, tudo o que disse sobre isso foi: ''Vaidade de vaidades, tudo é vaidade" (Ec 1.2). A palavra significa vazio. O Novo Testamento nos ensina que a vida do homem não consiste na abundância dos bens que ele possui (Lc 12.15). Se você está em busca da felicidade nas coisas deste mundo, está procurando no lugar errado. É absurdo pensar que você pode preencher o vazio de sua alma com o lixo do mundo.
As coisas materiais não atingem a alma. É uma questão simples, mas pense a esse respeito. Você não pode satisfazer uma necessidade espiritual com algo material. As pessoas tentam. Caso estejam infelizes no casamento, compram um carro novo ou uma roupa nova. Isto é insensatez.
Quando o rei Saul estava angustiado, nem todas as jóias de sua coroa puderam consolá-lo. O livro de Daniel nos conta que o rei Belsazar estava festejando, bebendo e se deleitando em um banquete mundano, como poucos tinham feito na história de qualquer nação. Daniel 5.5 diz que ele estava bebendo em vasilhas de ouro tiradas do Templo quando apareceu a mão de um homem na parede e escreveu que Belsazar tinha sido pesado na balança e achado em falta. A Bíblia diz que o seu semblante mudou. O vinho se tornou em fel e a comida parecia pedra no seu estômago.
O que Deus está dizendo nesse maravilhoso e incomparável sermão é simplesmente isto: você nunca encontrará a felicidade neste mundo. Nunca. Você precisa aprender isto. É como procurar vivos entre mortos.
III. O contexto Político
Os judeus estavam à procura de um messias, no entanto, sua definição de messias era a de um dirigente político. Queriam alguém que adentrasse Jerusalém montado em um cavalo branco e acabasse com todos os romanos numa rebelião jamais vista no mundo. Esperavam uma verdadeira revolução com a chegada do Messias.
Na Galiléia, quiseram fazer de Jesus rei porque previam um bem-estar social após ele ter alimentado multidões. Os judeus podiam estar procurando um reino político, mas Jesus nunca oferecera isto. Disse para Pilatos em seu julgamento, alvo de escárnio: "O meu reino não é deste mundo" 00 18.36).
Jesus não estava tão preocupado em mudar a estrutura da sociedade quanto estava em trabalhar o interior das pessoas. A ênfase está no ser, e não no governar ou ter. Cristo não está atrás do que os homens fazem, mas do que são, porque isso determinará o que fazem.
Os ideais do Sermão do Monte são opostos aos ideais humanos sobre governos e reinos. Na verdade, as pessoas mais exaltadas no reino de Cristo serão as mais humilhadas aos olhos do mundo.
IV. O contexto Religioso
Jesus estava confrontando uma sociedade inteira de religiosos, ritualistas profissionais. Havia quatro grupos principais dentro da religião judaica: fariseus, saduceus, essênios e zelotes. Recordemos algumas descrições simples e gerais de cada grupo.
- Os fariseus acreditavam que a felicidade era encontrada na tradição ou legalismo. Estavam interessados no passado. Para eles, a verdadeira felicidade resultava da obediência às tradições de seus antepassados.
- Os saduceus acreditavam que a felicidade era encontrada no presente, no modernismo e no liberalismo. "Eis-nos aqui", diziam; "Temos de interpretar as coisas de acordo com os padrões modernos". Tinham uma religião atualizada, um liberalismo inédito. Chega de coisas velhas e antiquadas (de certo modo, tanto os fariseus como os saduceus tinham um pouco de razão. A verdadeira religião tem de se basear no passado. A verdadeira religião tem de atuar no presente).
- Os essênios diziam: "Não, felicidade é separar-se do mundo". Ah! Isto parece bom, não é mesmo? Só que eles estavam enfatizando a separação geográfica. Apenas se mudavam da cidade para o deserto. - Por fIm, os zelotes diziam que a felicidade era encontrada na revolução política, na destruição de Roma.
Assim, os fariseus diziam: "Voltem ao passado". Já os saduceus: "Olhem para frente". Os essênios diziam: "Saiam de onde estão". E os zelotes: "Façam oposição". O que Jesus estava querendo dizer era: "Todos vocês estão errados. Cada um de vocês".
O que ele estava dizendo é: "Meu reino está dentro de cada um". Esta é a mensagem central de Jesus para o mundo. Este é o fundamento do Sermão do Monte. Trata-se de algo interior, não exterior. Nada de ritual, filosofia, localização ou ativismo. Jesus, neste momento, está abrindo a porta de uma Nova Aliança, à qual J eremias se referiu quando disse que Deus inscreveria sua lei no coração do seu povo Or 31.33).
O mesmo é válido para os nossos dias. Não podemos nos animar porque estamos seguindo a tradicional visão correta da teologia. Os liberais não podem se animar porque inventaram outra grande teoria (na verdade, muito antiga) de que a Bíblia não é a Palavra de Deus. Estas não são as coisas que Jesus está procurando. Enfim, todas essas coisas têm um fundo de verdade, não é mesmo? Precisamos nos envolver socialmente e estar separados para Deus. Precisamos ser contemporâneos e tomar como base o passado, mas, essas coisas, por si mesmas e fora delas, são externas. Deus está procurando o que está no interior do homem. Ele demonstra isso quando sua Palavra diz: "O Senhor vê o coração" (1Sm 16.7).
Conclusão
Com base na análise desses contextos, existem pelo menos cinco razões pelas quais é importante estudar o Sermão do Monte:
1. Mostra a necessidade do novo nascimento. Nunca poderemos agradar a Deus por nós mesmos, na nossa carne. Os únicos que desfrutarão as bem-aventuranças são os co-participantes da natureza divina.
2. Aponta claramente para Jesus Cristo e talvez seja a maior e única compreensão que podemos ter da mente de Cristo. Você quer saber o que Cristo pensa? Estude o seu sermão.
3. Descreve para os cristãos o único caminho para a felicidade. Se você deseja ser feliz, se deseja estar cheio do Espírito, não saia à procura de algo enganoso. Apenas conheça a fundo o Sermão e coloque-o em prática.
4. É o melhor meio de evangelização que conheço. Surpreso? Se realmente vivermos o Sermão do Monte, alcançaremos o mundo para Cristo.
5. Obedecê-lo agrada a Deus. É um privilégio que pecadores, como eu e você, possam agradar a Deus. Que conceito maravilhoso!
m quê você tem buscado felicidade? Qual é o melhor caminho a seguir? Que tal dedicar algum tempo para estudar o Sermão do Monte mais a fundo?
Leitura Bíblica indicada
MI 4.1-6 Ele converterá o coração
2Pe 1.1-11 Co-participantes da natureza divina
Lc 12.13-21 Entesouramento vão
Ec 5.9-17 Doce sono do trabalhador
Jr 31.27-34 Leis impressas no coração
SI 68.1-35 Cantai a Deus
Ap 22.1-21 Venho sem demora
iveraldopereira@hotmail.com
Mateus 5.1-12
IVERALDO PEREIRA
iveraldopereira@hotmail.com
Introdução
Todo ser humano busca, de um modo ou outro, a felicidade. Todos querem a tal felicidade. A
questão a ser enfrentada é: "onde encontrar a verdadeira felicidade?". Nas bem-aventuranças, Jesus utilizou a palavra bem-aventurado nove vezes. Ele simplesmente significa feliz, no sentido verdadeiro da alegria interior. Jesus está descrevendo o único caminho para a felicidade.
Comecemos verificando o texto de Mateus 5.1-12. O último ponto, no versículo 12, diz que essas verdades devem resultar em júbilo e alegria em demasia. Mas isso não parece ser uma contradição? O relato de Mateus apresenta um reino que realmente não se enquadra no que muitas pessoas esperavam. Como poderemos ver, a definição de felicidade nas palavras de Jesus não é bem o que você esperava.
Segundo essa definição, são pessoas felizes os humildes de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores, os perseguidos e os injuriados. Você pode dizer: "Espere um pouco! Não tenho certeza se quero esse tipo de felicidade! Parece sofrimento com outro nome! Você só pode estar brincando!" Mas o tempo todo, sofrimento está ligado a felicidade.
Como qualquer bom pregador, Jesus expressou seu propósito no início. O início do Sermão do Monte nos fala da questão como um todo que devemos conhecer a verdadeira bem-aventurança, a verdadeira felicidade. Para poder compreender esse sermão notável e singular, devemos compreender seus fundamentos. Precisamos entender seu contexto bíblico, temporal, político e religioso.
I. O contexto Bíblico
Onde estamos no contexto bíblico quando nos deparamos com o texto de Mateus 5? Onde estamos no curso do plano de Deus para revelar sua verdade ao homem? Bom, estamos em um novo ponto, em um lugar de mudança dramática, em uma transformação realmente incrível.
Vejamos Malaquias 4.6, a última mensagem do Antigo Testamento e onde ele se encerra: "Ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição".
Interessante. O Antigo Testamento termina com uma maldição; o Novo Testamento começa com uma bênção. Há uma mudança dramática. Encontramos no Antigo Testamento: a lei, o Sinai, trovões, raios, juízo e maldição. No Novo Testamento: Sião, graça, paz, bênção.
A palavra bem-aventurado vem do grego makarios, um adjetivo que basicamente significa
feliz ou aquele que desfruta da felicidade celestiaL A
palavra vem da raiz makar, que significa ser feliz mas não no sentido usual de felicidade, baseado em circunstâncias positivas. Homero, por exemplo, utilizou a palavra para descrever os deuses gregos como sendo bem-aventurados, um estado não influenciado pelo mundo dos seres humanos, sujeitos à pobreza, fraqueza e morte. Este é o significado do Novo Testamento para bem-aventurado.
Jesus disse que essa felicidade é a alegria que ninguém pode tirar de você (Jo. 16.22). É uma paz interior, uma extrema felicidade no íntimo e uma alegria interior. Essa alegria interior não é resultado de circunstâncias. Passemos um pouco adiante. Bem-aventurado é uma palavra que indica caráter, que toca o homem na base de sua existência. Digo isto porque a palavra é utilizada para descrever Deus. Muitas vezes encontramos na Bíblia a afirmação: "Bendito seja 'Deus" (SI 68.32; 72.18; 119.12; I.Tm 1.11).
Qualquer que seja essa expressão, ela é verdadeira no que se refere a Deus. Qualquer que seja o significado de ser bendito e bem-aventurado, ele é verdadeiro no que se refere a Deus e a Jesus Cristo (lTm 6.15). Portanto, é lógico que os únicos que, algum dia, experimentarão esse sentimento em sua plenitude são os que participam juntamente com Deus e com Cristo. Não há bem-aventurança nem felicidade, do ponto de vista bíblico, fora disto.
Pedro nos disse que aqueles que crêem no Senhor Jesus Cristo são "co-participantes da natureza divina" (2Pe 1.4). Podemos desfrutar dessa mesma alegria, deste mesmo estado de contentamento no íntimo, dessa mesma felicidade profunda em nosso ser que experimenta Deus e o Senhor Jesus. Que coisa maravilhosa!
Desde o início, o Sermão do Monte nada tem a oferecer para alguém que não tem fé em Jesus Cristo. Mas, para aqueles que conhecem e amam o Senhor Jesus, para aqueles que pela fé
se tomaram co-participantes da natureza divina, o mesmo gozo, o mesmo contentamento, a mesma alegria, o mesmo sentimento de makarios, que é fundamentalmente um elemento do caráter de Deus e de Cristo, são nossos. Assim, quando falamos de felicidade ou bem-aventurança, estamos abordando o tema dentro de um contexto bíblico e não nos referimos a uma atitude superficial baseada em circunstâncias.
Contudo, no Novo Testamento, há um novo Rei. Mateus logo apresenta o segundo e último Adão, aquele que era maior do que o primeito. Ele é o Rei que não comete o erro de deixar uma maldição, mas, em vez disso, vem reinar e trazer uma bênção. O Novo Testamento termina com uma promessa (Ap 22.20).
Com o novo Rei, uma nova e fantástica realidade surge na História da humanidade. Eis Aquele que pode reverter a maldição de Adão. O Evangelho de Mateus contém a descendência do Rei, sua antecipação profética, seu anunciador João Batista), sua chegada, a adoração que lhe é prestada, sua primazia ao vencer a tentação, sua afirmação e sua obra. Agora chegamos ao momento em que o Rei fala: o manifesto do próprio Monarca.
O Sermão do Monte é a grande declaração do Rei uma vez que ele concede bênção em vez de maldição para os que desejam ser abençoados. Este é o contexto bíblico geral no qual esse sermão foi realizado. Uma nova era, um novo Rei, uma nova mensagem.
II. O contexto Temporal
A mensagem de Jesus destrói as atitudes do mundo. Não se pode encher a alma vazia de um homem com coisas do mundo exterior. Isto é o que o mundo tenta fazer. Jesus veio para anunciar que a árvore da felicidade não cresce em uma terra amaldiçoada. No entanto, muitos a procuram lá.
Salomão foi o rei de maior esplendor que já existiu. Se alguém foi feliz segundo os padrões do mundo, esse alguém deve ter sido Salomão. Ele tinha nobreza - pertencia à linhagem real de Davi, pela qual vitia o Messias - a linhagem mais nobre e imponente da História. Seu palácio era a perfeição na terra. E estava localizado na cidade: a cidade de Deus: Jerusalém. Sua riqueza era imensurável e seus tesouros tão numerosos que o Antigo Testamento diz que sua prata era tão comum quanto as pedras. Ele se deleitava com comidas deliciosas e possuía incríveis estábulos com milhares dos melhores cavalos do mundo. Possuía construções, criados, vinhas, tanques de peixes e jardins. Centenas de mulheres! E foi o homem mais sábio que já existiu. Ele tinha tudo.
De acordo com os padrões do mundo, ele deve ter sido um homem extremamente feliz. No entanto, tudo o que disse sobre isso foi: ''Vaidade de vaidades, tudo é vaidade" (Ec 1.2). A palavra significa vazio. O Novo Testamento nos ensina que a vida do homem não consiste na abundância dos bens que ele possui (Lc 12.15). Se você está em busca da felicidade nas coisas deste mundo, está procurando no lugar errado. É absurdo pensar que você pode preencher o vazio de sua alma com o lixo do mundo.
As coisas materiais não atingem a alma. É uma questão simples, mas pense a esse respeito. Você não pode satisfazer uma necessidade espiritual com algo material. As pessoas tentam. Caso estejam infelizes no casamento, compram um carro novo ou uma roupa nova. Isto é insensatez.
Quando o rei Saul estava angustiado, nem todas as jóias de sua coroa puderam consolá-lo. O livro de Daniel nos conta que o rei Belsazar estava festejando, bebendo e se deleitando em um banquete mundano, como poucos tinham feito na história de qualquer nação. Daniel 5.5 diz que ele estava bebendo em vasilhas de ouro tiradas do Templo quando apareceu a mão de um homem na parede e escreveu que Belsazar tinha sido pesado na balança e achado em falta. A Bíblia diz que o seu semblante mudou. O vinho se tornou em fel e a comida parecia pedra no seu estômago.
O que Deus está dizendo nesse maravilhoso e incomparável sermão é simplesmente isto: você nunca encontrará a felicidade neste mundo. Nunca. Você precisa aprender isto. É como procurar vivos entre mortos.
III. O contexto Político
Os judeus estavam à procura de um messias, no entanto, sua definição de messias era a de um dirigente político. Queriam alguém que adentrasse Jerusalém montado em um cavalo branco e acabasse com todos os romanos numa rebelião jamais vista no mundo. Esperavam uma verdadeira revolução com a chegada do Messias.
Na Galiléia, quiseram fazer de Jesus rei porque previam um bem-estar social após ele ter alimentado multidões. Os judeus podiam estar procurando um reino político, mas Jesus nunca oferecera isto. Disse para Pilatos em seu julgamento, alvo de escárnio: "O meu reino não é deste mundo" 00 18.36).
Jesus não estava tão preocupado em mudar a estrutura da sociedade quanto estava em trabalhar o interior das pessoas. A ênfase está no ser, e não no governar ou ter. Cristo não está atrás do que os homens fazem, mas do que são, porque isso determinará o que fazem.
Os ideais do Sermão do Monte são opostos aos ideais humanos sobre governos e reinos. Na verdade, as pessoas mais exaltadas no reino de Cristo serão as mais humilhadas aos olhos do mundo.
IV. O contexto Religioso
Jesus estava confrontando uma sociedade inteira de religiosos, ritualistas profissionais. Havia quatro grupos principais dentro da religião judaica: fariseus, saduceus, essênios e zelotes. Recordemos algumas descrições simples e gerais de cada grupo.
- Os fariseus acreditavam que a felicidade era encontrada na tradição ou legalismo. Estavam interessados no passado. Para eles, a verdadeira felicidade resultava da obediência às tradições de seus antepassados.
- Os saduceus acreditavam que a felicidade era encontrada no presente, no modernismo e no liberalismo. "Eis-nos aqui", diziam; "Temos de interpretar as coisas de acordo com os padrões modernos". Tinham uma religião atualizada, um liberalismo inédito. Chega de coisas velhas e antiquadas (de certo modo, tanto os fariseus como os saduceus tinham um pouco de razão. A verdadeira religião tem de se basear no passado. A verdadeira religião tem de atuar no presente).
- Os essênios diziam: "Não, felicidade é separar-se do mundo". Ah! Isto parece bom, não é mesmo? Só que eles estavam enfatizando a separação geográfica. Apenas se mudavam da cidade para o deserto. - Por fIm, os zelotes diziam que a felicidade era encontrada na revolução política, na destruição de Roma.
Assim, os fariseus diziam: "Voltem ao passado". Já os saduceus: "Olhem para frente". Os essênios diziam: "Saiam de onde estão". E os zelotes: "Façam oposição". O que Jesus estava querendo dizer era: "Todos vocês estão errados. Cada um de vocês".
O que ele estava dizendo é: "Meu reino está dentro de cada um". Esta é a mensagem central de Jesus para o mundo. Este é o fundamento do Sermão do Monte. Trata-se de algo interior, não exterior. Nada de ritual, filosofia, localização ou ativismo. Jesus, neste momento, está abrindo a porta de uma Nova Aliança, à qual J eremias se referiu quando disse que Deus inscreveria sua lei no coração do seu povo Or 31.33).
O mesmo é válido para os nossos dias. Não podemos nos animar porque estamos seguindo a tradicional visão correta da teologia. Os liberais não podem se animar porque inventaram outra grande teoria (na verdade, muito antiga) de que a Bíblia não é a Palavra de Deus. Estas não são as coisas que Jesus está procurando. Enfim, todas essas coisas têm um fundo de verdade, não é mesmo? Precisamos nos envolver socialmente e estar separados para Deus. Precisamos ser contemporâneos e tomar como base o passado, mas, essas coisas, por si mesmas e fora delas, são externas. Deus está procurando o que está no interior do homem. Ele demonstra isso quando sua Palavra diz: "O Senhor vê o coração" (1Sm 16.7).
Conclusão
Com base na análise desses contextos, existem pelo menos cinco razões pelas quais é importante estudar o Sermão do Monte:
1. Mostra a necessidade do novo nascimento. Nunca poderemos agradar a Deus por nós mesmos, na nossa carne. Os únicos que desfrutarão as bem-aventuranças são os co-participantes da natureza divina.
2. Aponta claramente para Jesus Cristo e talvez seja a maior e única compreensão que podemos ter da mente de Cristo. Você quer saber o que Cristo pensa? Estude o seu sermão.
3. Descreve para os cristãos o único caminho para a felicidade. Se você deseja ser feliz, se deseja estar cheio do Espírito, não saia à procura de algo enganoso. Apenas conheça a fundo o Sermão e coloque-o em prática.
4. É o melhor meio de evangelização que conheço. Surpreso? Se realmente vivermos o Sermão do Monte, alcançaremos o mundo para Cristo.
5. Obedecê-lo agrada a Deus. É um privilégio que pecadores, como eu e você, possam agradar a Deus. Que conceito maravilhoso!
m quê você tem buscado felicidade? Qual é o melhor caminho a seguir? Que tal dedicar algum tempo para estudar o Sermão do Monte mais a fundo?
Leitura Bíblica indicada
MI 4.1-6 Ele converterá o coração
2Pe 1.1-11 Co-participantes da natureza divina
Lc 12.13-21 Entesouramento vão
Ec 5.9-17 Doce sono do trabalhador
Jr 31.27-34 Leis impressas no coração
SI 68.1-35 Cantai a Deus
Ap 22.1-21 Venho sem demora
iveraldopereira@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário