POR FILIPE SCHULZ
Falar do hino Amazing Grace sem falar da história de seu autor é praticamente impossível. A história de John Newton está associada ao seu mais memorável hino – de mais de cem já escritos por ele. Falar desse hino é nos fazer lembrar da graça maravilhosa de Jesus, que nos resgatou do pecado e que também nos mostra como Deus cuidou e cuida da vida de todos aqueles que foram chamados à sua irresistível graça. Esse fato está assim descrito na lápide de J. Newton:

 “John Newton, uma vez um infiel e um libertino, um mercador de escravos na África, foi, pela misericórdia de nosso senhor e salvador Jesus Cristo, perdoado e inspirado a pregar a mesma fé que ele tinha se esforçado muito por destruir.”

Resumo da vida de John Newton

  • John Newton era pastor de uma igreja crescente em Olney, na Inglaterra, quando compôs a letra daquele que talvez seja seu hino mais conhecido até hoje
  • Newton nasceu em Londres no dia 24 de julho de 1725. Seu pai, um capitão de navio mercante, o amava, porém era um homem severo e reservado. Por outro lado, a mãe de John era uma mulher atenciosa e cuidadosa. Ela lhe ensinou as Escrituras – capítulos inteiros da Bíblia de uma vez – bem como hinos e poemas.
  • Com a idade de 11 anos, ele fez a primeira das cinco viagens marítimas na companhia de seu pai, durante a qual rapidamente aprendeu a xingar e amaldiçoar com os melhores marujos.
  • Já adulto, disse certa vez: “Eu geralmente considerava a religião como um meio necessário para se escapar do inferno; mas eu amava o pecado e não estava disposto a abandoná-lo”.
  • Aos 19 anos de idade, Newton foi obrigado a se alistar como aspirante da Marinha para servir no navio HMS Harwich. Passado algum tempo, ele desertou, foi capturado, encarcerado, açoitado a bordo do navio, fustigado com chicote de nove tiras, e rebaixado. Então Newton entrou em terrível depressão e desespero, que o levaram, por vezes, a querer se lançar ao mar e a planejar maneiras de assassinar o capitão que o humilhara. Entretanto, não demorou muito para que a situação dele mudasse, quando o capitão de seu navio fez uma permuta entre ele e marinheiros de um navio que estava preste a zarpar para a África Ocidental à procura de escravos.
  • Após capturar uma lucrativa quantidade de escravos, Newton ganhou a permissão de ficar na África, ao longo da costa da Guiné, onde trabalhava para um traficante de escravos inglês.
  • Tempos depois, Newton foi injustamente acusado de roubar o traficante inglês. Ele ficou acorrentado com cadeias no convés do navio daquele homem e foi mantido com pouca comida, água e roupa. Na verdade, ele se tornou escravo daquele homem e, por ironia do destino, recebeu o mesmo tratamento com o qual eram tratadas as pessoas que tinham sido escravizadas com a ajuda dele.
  • Apesar dos olhos vigilantes de seu antigo senhor traficante de escravos, Newton conseguiu enviar algumas cartas para seu pai, nas quais pedia socorro.
  • Certo dia, um navio mercante denominado Greyhound  chegou onde Newton estava. Ele fora enviado àquele lugar por ordem do seu pai a fim de resgatá-lo. A bordo do Greyhound em sua viagem de volta, Newton demonstrou ser o homem mais profano e devasso do navio.
  • Mais tarde naquela viagem, Newton folheou o livro que havia a bordo –Imitation of Christ [i.e., “Imitação de Cristo”]. Newton começou a ler esse livro como um mero passatempo, mas, depois, passou a se perguntar o que lhe aconteceria se aquilo que nele estava escrito fosse verdade. Ele ficou com medo e fechou o livro.
  • Naquela noite de 21 de março de 1748, uma violenta tempestade se abateu sobre o navio, que por pouco não afundou. Newton orou a Deus pela primeira vez depois de anos. Ele temia estar à beira da morte e, se a fé cristã fosse verdadeira, estava certo de que não seria perdoado. John refletiu em tudo o que fizera naqueles últimos anos, inclusive a atitude de zombar dos fatos históricos do Evangelho, e ficou abalado.
  • Em 1749 Newton zarpou como primeiro piloto de um navio negreiro. A essa altura, ele já tinha se esquecido do compromisso que assumira e recaiu nas antigas práticas pecaminosas. Enquanto buscava escravos ao longo da costa ocidental da África, John Newton foi novamente acometido de malária, situação que o levou a refletir mais uma vez sobre a sua vida.
  • Daquele momento em diante, a vida de Newton mudou gradativamente.
  • A mudança mais evidente na vida de Newton se deu na área do tráfico de escravos. Um ano antes de crer em Jesus Cristo, John Newton se tornou capitão de um navio negreiro. Nos quatro anos seguintes à sua salvação, Newton realizou três viagens com o intuito de buscar escravos na África e levá-los para serem vendidos no Caribe. Durante essas viagens, Newton liderou sua tripulação em cultos de adoração e em momentos de oração.
  • Mais tarde, Newton se conscientizou de que o tráfico de escravos e sua participação nele eram algo moralmente ultrajante e repulsivo. Ele afirmou: “a força do hábito, o exemplo e o interesse [comercial] cegaram meus olhos”.
  • Ele manteve comunhão com alguns dos mais notáveis nomes do avivamento evangélico na Inglaterra, tais como George Whitefield e John Wesley; ensinou e encorajou pessoas influentes como o grande missionário William Carey e o poeta William Cowper.
  • John Newton foi orientador e conselheiro de um crente em Cristo mais novo do que ele, chamado William Wilberforce, o qual atuou no Parlamento Britânico. Wilberforce se tornou o mais notável e eficaz abolicionista da história da Inglaterra. Alguns meses antes da morte de Newton, ocorrida em 21 de dezembro de 1807, o Parlamento Britânico aprovou o Decreto da Abolição do Tráfico de Escravos, o que muito alegrou Newton.
  • Como explicar tamanha transformação na vida de um homem? Semanas antes de sua morte, já velho e debilitado, Newton explicou: “Minha memória praticamente se foi; mas ainda consigo me lembrar de duas coisas: que eu sou um tremendo pecador e que Cristo é um tremendo Salvador”.

Amazing Grace

Amazing grace, how sweet the sound
That sav’d a wretch like me!
I once was lost, but now am found,
Was blind, but now I see.
’Twas grace that taught my heart to fear,
And grace my fears reliev’d;
How precious did that grace appear,
The hour I first believ’d!
Thro’ many dangers, toils and snares,
I have already come;
’Tis grace has brought me safe thus far,
And grace will lead me home.
The Lord has promis’d good to me,
His word my hope secures;
He will my shield and portion be,
As long as life endures.
Yes, when this flesh and heart shall fail,
And mortal life shall cease;
I shall possess, within the veil,
A life of joy and peace.
The earth shall soon dissolve like snow,
The sun forbear to shine;
But God, who call’d me here below,
Will be forever mine.

Preciosa Graça

Preciosa a graça de Jesus,
que um dia me salvou.
Perdido andei, sem ver a luz,
mas Cristo me encontrou.
A graça, então, meu coração
do medo me libertou.
Oh, quão preciosa salvação
a graça me outorgou!
Promessas deu-me o Salvador,
e nele eu posso crer.
É meu refúgio e protetor
em todo o meu viver.
Perigos mil atravessei
e a graça me valeu.
Eu são e salvo agora irei
ao santo lar do céu.

Curiosidades

  • Quando “Amazing Grace” foi publicado pela primeira vez no “Newton’s Olney Hymns” somente a letra fora impressa sem partitura musical alguma. Acredita-se também que o texto era recitado na época e não cantado.
  • O hino tem sido utilizado em vários filmes, entre eles Jornada nas Estrelas II: A Ira De Khan, em que Montgomery Scott toca “Amazing Grace” no meio de um contexto de simbolismo cristão, para lembrar a morte do Sr. Spock. A música tornou-se “instantaneamente reconhecível para muitos na plateia como a música que soa apropriada para um funeral”, de acordo com um erudito de “Star Trek”.
Fontes e bibliografia
  1. Site: https://www.chamada.com.br/mensagens/john_newton.html
  2. Site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Amazing_Grace
  3. Site: http://searanews.com.br/a-historia-de-john-newton-e-do-hino-amazing-grace/#.U1FVbvldXHk
  4. Richard Cecil, The Works of the Rev. John Newton, 3ª ed., vol. 1, 1824; reimpressão, Carlisle, PA: The Banner of Truth Trust, 1985, 1:4.
  5. William E. Phipps, Amazing Grace in John Newton: Slave-Ship Captain, Hymnwriter, and Abolitionist, Macon, GA: Mercer University Press, 2001.

Para ver e ouvir

Pesquisa e redação: Angélica Schulz, culinarista e minha mãe