POR TIM BRISTER
Existe uma opinião popular de que o Cristianismo é
uma religião de proibições. Para muitos, o maior obstáculo para se tornar um
cristão tem a ver com as restrições à sua liberdade para viver “sua melhor vida
agora”. O Cristianismo impediria esse tipo de vida por ser uma religião de
“nãos”. Não se divirta. Não aja como certas pessoas. Não viva de certa forma.
Não vá a certos lugares. Não isso e não aquilo. Em resumo, os de fora do
Cristianismo sentem como se fosse uma nuvem em seu dia ensolarada, um proverbial
“não” para cada “sim”.
Para ser franco, Deus resumiu os distintivos de Seu
povo do pacto no negativo nos Dez Mandamentos (“Não terás outros deuses diante
de mim; Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão; Não furtarás; Não dirás
falso testemunho; Não cobiçarás; etc). Devemos entender a vontade revelada de
Deus para Seu povo como uma série de baldes de água fria altamente restritivos?
Nesse ponto, é instrutivo aprender como Jesus
entendia e interpretava o que Deus queria ao dar os Dez Mandamentos ao Seu
povo. Quando os Fariseus e Saduceus conspiraram juntos para testar Jesus, um
deles, supostamente versado na lei de Deus, perguntou a Jesus qual seria o
maior mandamento de todos. Jesus respondeu “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo
o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande
e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo
como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”
(Mateus 22.37-40). A resposta que Jesus deu para os líderes religiosos é
confirmado nos relatos dos outros evangelhos, incluindo um encontro particular
com outro mestre da lei em Lucas 10.25-37.
Para Jesus, os Dez Mandamentos não eram uma listra
restritiva de nãos. Era uma prescrição da melhor forma de amar Deus e amar o
próximo. Os quatro primeiros mandamentos dizem respeito a como amamos Deus com
todo nosso coração, alma, mente e força, e os últimos seis dizem respeito a
como amamos nosso próximo como a nós mesmos. Juntos, eles trazem a promessa do
tipo de shalom que nosso mundo deseja mas não pode ter, à parte de um
relacionamento pactual com o Deus que nos ama tanto.
Entendidos corretamente, os Dez Mandamentos são a
forma de Deus nos mostrar a melhor forma de viver, assim como a melhor forma de
amar. Enquanto a Lei nunca poderá justificar um homem prante Deus, isso não
significa que a Lei é má. De fato, Geerhardus Vos nos explica que Deus deu a
lei, em parte, para que homem viva uma vida de santa alegria. A base dessa
explicação vem da afirmação de Jesus de que “O sábado foi estabelecido por
causa do homem, e não o homem por causa do sábado”. O Sábado foi criado para o
benefício do homem. Jesus disse que Seu povo foi chamado para viver uma vida de
amor, e essa vida amorosa é manifesta pela forma com que cumprimos Seus
mandamentos. Como o Apóstolo João afirma, “E o amor é este: que andemos segundo
os seus mandamentos. Este mandamento, como ouvistes desde o princípio, é que
andeis nesse amor” (2 João 1.6). Deus não está nos restringindo ao nos dar seus
mandamentos, Ele está nos apontando para o caminho da justiça por amor de Seu
nome. Está nos levando para calmas águas. Está restaurando nossa alma. Está
sendo nosso Pastor, e porque descobrimos Sua bondade e misericórdia ao nos
governar, não deveríamos desejar qualquer outra vida.
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Em Sua bondade, Deus não apenas nos revelou o que o
agrada, mas também nos revelou o caminho de vida aonde há plenitude de alegria.
Não há alegria no assassinato, roubo, falso testemunho e cobiça. Não há vida
nos ídolos e na adoração dos falsos deuses que o mundo coloca à nossa frente.
Esse mundo e suas paixões são passageiras, mas aquele que cumpre a vontade Deus
(isso é, obedece Seus mandamentos) vive para sempre (1 João 2.17).
Ironicamente, os próprios “nãos” que os não crentes
apresentam como objeções à sua liberdade e prazer no mundo demonstram os
maiores e mais verdadeiros prazeres e liberdades encontrados no conhecimento de
Deus e no cumprimento de Sua vontade. Deus não é contra a sua liberdade. Ele é
favorável a ela o bastante para comprá-la pelo preço de Seu próprio filho. Deus
não é contra seu prazer. Ele é favorável o suficiente para colocar a maldição
do pecado sobre a única pessoa que o agradou completamente para que pudéssemos
conhecer o prazer da salvação e as riquezas de sua amável aceitação.
Jesus disse que o mundo saberia quem são Seus
discípulos pela forma com que amamos uns aos outros (João 13.34-35). O mundo
irá ver esse amor em uma comunidade do pacto que vive sob o governo do Rei
Jesus, que nos mostrou que os Dez Mandamentos não são realmente restrições, mas
brilhantes facetas do diamante de Seu amor. Mostremos ao mundo qual é verdadeiramente
a melhor forma de viver, e a melhor forma de viver como aqueles que são
verdadeiramente livres.
Traduzido por Filipe Schulz | Reforma21.org |
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