Pesquisa no blog

terça-feira, 19 de julho de 2011

Conhecendo a si mesmo




O Conhecimento do homem e o Livre-arbítrio - João Calvino





1. Conhece-te a ti mesmo

[1539] Não é sem motivo que o provérbio antigo recomenda tanto ao homem o conhecimento de si mesmo. Porque, se achamos que é uma vergonha ignorar as coisas pertencentes à vida humana, o desconhecimento de nós mesmo é muito mais prejudicial, pois, dependendo do conselho alheio sobre todas as coisas, deixamos-nos enganar lamentavelmente, e acabamos até ficando totalmente cegos. Mas, assim como o preceito é muitíssimo útil, com muito maior razão é necessário cuidar diligentemente para não entendê-lo mal. Isso temos visto acontecer com alguns filósofos. Porque, quando eles admoestam o homem no sentido de conceder a si próprio, reduzem o seu objetivo a considerar sal dignidade e suas qualidades excelentes. Com isso, levam-no a nada mais contemplar, senão aquilo no que ele possa exaltar-se em vã confiança própria e inchar-se de orgulho.

2. Sem presunção

Ora, a verdade de Deus nos manda procurar outra coisa, quanto à nossa estima própria. Manda-nos buscar um conhecimento que nos afaste para longe de toda presunção quanto à nossa virtude pessoal e nos despoje de todo tipo de glória, para nos levar à humildade. Essa é a regra que devemos seguir, se desejamos conseguir o objetivo do bem sentir do bem fazer. Sei quanto é agradável ao homem que o levem a reconhecer seus talentos e as suas qualidades elogiáveis, em vez de ser levado a entender e a enxergar a sua pobreza, a sua infâmia, a sua torpeza e a sua loucura. Porque não há no espírito humano maior apetite que o de que lhe passem mel na boca dizendo-lhe doces palavras lisonjas.

3. Fome de lisonjas, e seus estragos

Todavia, quando os ser humanos vê que mostram apreço por suas qualidade, inclina-se a acreditar em tudo o que lhe dizem a seu favor. Portanto, não é de admirar que a maior parte do mundo erre desse modo nesse aspecto. Uma vez que os seres humanos têm um amor desordenado e cego por si mesmos, mostram-se dispostos a acreditar que não existe meles nada que mereça desprezo. Assim, sem necessidade de outro advogado, todos acolhem a vã opinião de que o ser humano é auto-suficiente para ter uma vida digna e feliz. Se existem alguns que se dispõem a um sentimento mais modesto, concedendo alguma coisa a Deus para que não pareça que atribuem tudo a si mesmo, não obstante repartem tudo entre Deus e eles. Mas fazem isso de tal maneira que a maior parte da virtude, da sabedoria e da justiça fica com eles. Sendo, pois, assim, que o ser humano é tão inclinado a gabar-se, não há nada que o possa agradar mais do que quando o afagam com vãs lisonjas. É por isso que aquele que mais exalta a excelência da natureza humana é sempre o mais bem recebido. Todavia, essa doutrina – a que ensina o ser humano a aprovar a si mesmo – não faz mais que enganá-lo. E isso, seja quem for aquele em quem se ponha fé, só causará ruína. Pois, que proveito poderemos ter em conceber uma vã aliança para deliberar, ordenar, tentar e empreender o que nos parece bom, e, entretanto, fraquejar, tanto por falta de uma inteligência saudável quanto por falta de capacidade para pretendida realização? Fraquejar, ou mostrar fraqueza, digo eu, desde o começo, e, contudo, insistir nesse intento com coração obstinado até sermos totalmente postos em confusão. Ora, não pode ver outro fruto aos que se acham capazes de fazer qualquer coisa por sua própria virtude e poder. Se alguém der ouvidos aos mestres que falam dessa maneira, os quais nos distraem querendo que tenhamos consideração por nossa justiça e virtude, esse, que lhes dá ouvidos, não terá proveito nenhum no conhecimento de si próprio, mas estará cego, vítima de perniciosa ignorância.

Aqui são apenas as duas primeiras páginas do capítulo II da Institutas – Edição especial. Calvino continua a desenvolver este assunto maravilhosamente e neste capítulo II, mas à frente fala sobre o livre-arbítrio. Compre este maravilhoso livro em http://www.cep.org.br de seqüência a leitura.

Autor: João Calvino
Fonte: As Institutas da Religião Cristã, edição especial, ed. Cultura Cristã, Vol 1, pg 81-82

3 comentários:

  1. Olá meu irmão,Bom dia!hoje eu estou aqui por um motivo especial,fazer um convite para participar da campanha um Minuto pela Familia que a nossa querida Daiane do Blog Deus em mim e Restaurando minha familia lançou esta semana,gostaria muito que participasse,para vc saber mais da uma passadinha no meu blog e veja a postagem da campanha,se vc ja recebeu o convite otimo uma benção,contamos com você,Participe!!! vamos orar juntas com o mesmo proposito,A NOSSA FAMILIA.Abraços,Deus te abençoe...

    ResponderExcluir
  2. Conhecer-se, é lavar o interior do copo e do prato, que Jesus nos orientou. Estamos entulhados pelas mazelas de um mundo corrompido, com informações corrompidas, de pessoas (como nós) que se corrompem a cada dia. A água que Cristo dá, lava, limpa, purifica e mata a sede da alma humana. JESUS É O SENHOR. ALELUIA! "HOMEM, SE TE IGNORAS, SE TE NÃO CONHECES, SAI FORA"!

    ResponderExcluir
  3. é tão complicado conhecermos a nós mesmo, e temos que sempre nos alto examinar , nos controlar, nos policiar,é tão mais fácil olhar para as falhas dos outros e acharmos que não temos falhas ,é tão mais fácil julgar os outros do que a nós mesmo eu tinha uma missionária a saudosa missionária Alcina ela sempre dizia para nos ter muito cuidado com elogios , elogio pode ser bom para o ego para a carne mas ele pode derrubar um crente em sua vida com deus isto em todos os sentidos gostei do teu texto.

    ResponderExcluir