Teólogos não encontram causa religiosa para a violência de ataque em Realengo

A sociedade (para sentir-se segura) precisa de uma explicação e as autoridades punir os culpados, 1Jo 5.19 "Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno." A imprensa busca a explicação para uma sociedade liberal, sem religião e que só busca 'a tal felicidade' em teólogos de 3 religiões monoteístas, leiam o texto: 

RIO - A carta encontrada pelos policiais , depois que Wellington executou 12 crianças e se matou , tem 35 linhas impressa, assinada a mão e em tom de despedida. No texto, ele dizia como queria ser enterrado e demonstrava, paradoxalmente, respeito aos pais.

"Se não cumprirem meu pedido, automaticamente estarão desrespeitando a vontade dos pais, o que prova que vocês não tem (sic) nenhuma consideração pelos nossos pais que já dormem, eu acredito que todos vocês tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que eu pedi", escreveu no fim da carta.

'Ele sabia que estava cometendo um pecado'

Teólogos de três religiões monoteístas - cristianismo, islamismo e judaísmo - não vêem qualquer fundamento religioso para o massacre de Realengo, apesar do conteúdo da carta deixada pelo assassino, com teor religioso. O teólogo Eduardo Rosa Pedreira, doutor em Teologia pela PUC-RJ, disse, contudo, que o documento supostamente escrito pelo criminoso tem "traços muito claros de uma cultura religiosa maniqueísta e repressora".

O pedido do criminoso, que manifesta a esperança de que "um fiel seguidor de Deus" peça perdão por ele, com a esperança na volta de Jesus, indica que na loucura dele há um traço de lucidez. Ele sabia que estava cometendo um pecado e esperava que alguém intercedesse por ele

- O pedido do criminoso, que manifesta a esperança de que "um fiel seguidor de Deus" peça perdão por ele, com a esperança na volta de Jesus, indica que na loucura dele há um traço de lucidez. Ele sabia que estava cometendo um pecado e esperava que alguém intercedesse por ele - disse o teólogo e pastor presbiteriano, acrescentando que o teor da carta não tem qualquer base bíblica, mas revela que o criminoso "bebeu em alguma fonte cristã sectária".

Autor do livro "Código Penal Celeste - prepare sua defesa diante do Tribunal Supremo", entre outros, o rabino Nilton Bonder, da Congregação Judaica no Brasil, afirmou que viu no texto do criminoso apenas "fragmentos de costumes religiosos", que foram costurados por "uma pessoa bastante perturbada mentalmente, com sinais de uma patologia grave".

- O texto não tem qualquer fundamento religioso, nenhuma conexão religiosa. Foi um ato insano, de desespero, sem qualquer ideologia religiosa.

Comunidade muçulmana nega associação

O porta-voz da comunidade muçulmana e presidente da Comissão de Ética da União Nacional das Entidades Islâmicas do Brasil, Jihad Hassan Hammad, rechaçou, em entrevista à Agência Brasil, a possibilidade de associar à religião o atirador que atacou inocentes em uma escola pública no Rio. Ele disse ter sido feito um rastreamento e que não há nada sobre a suposta relação de Wellington Menezes de Oliveira com o islamismo.

O xeique apelou para que se evite "generalizar" e "que as pessoas discriminem umas às outras" por causa da religião. No Brasil, segundo Jihad, há cerca de 1,5 milhão de muçulmanos. Ele lembrou que o fato de uma pessoa ler o Alcorão, o livro sagrado do islamismo, não significa que ela seja religiosa.

- Este jovem que cometeu o ato no Rio de Janeiro não era muçulmano, mas mesmo se fosse, não representa os ensinamentos da religião. Ele não está cadastrado em entidades nem em nossas mesquitas.

O xeique disse que seguirá de São Paulo, onde vive, para o Rio de Janeiro com o objetivo de participar do velório e enterro dos mortos na tragédia. Segundo ele, como líder religioso, uma das suas funções é se solidarizar com as vítimas e suas famílias.

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/04/08/teologos-nao-encontram-causa-religiosa-para-violencia-de-ataque-em-realengo-924190274.asp