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terça-feira, 4 de outubro de 2016

O Único Antídoto: O Poder do Espírito



T. A. McMahon
Estes são tempos difíceis para todos os cristãos nascidos de novo. A apostasia parece estar crescendo exponencialmente. Os cristãos bíblicos estão tendo grandes dificuldades para encontrar igrejas que preguem e ensinem as Escrituras. Conteúdos extra-bíblicos têm atraído a imaginação de um número cada vez maior de cristãos à medida que eles se voltam para best-sellers religiosos e filmes “bíblicos” em vez de buscarem a Palavra de Deus escrita. Mesmo com o surgimento de ministérios de discernimento e de sites de “vigilância”, a confusão doutrinária vem aumentando e aparentemente não tem interrupção.
A Bíblia nos adverte de que tais condições iriam ocorrer e nos diz que não devemos nos surpreender quando elas de fato acontecerem. A Bíblia também nos dá algumas das razões pelas quais isto está acontecendo. As Escrituras declaram profeticamente: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2Timóteo 4.3-4). E também diz: “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios...” (1Timóteo 4.1-3).
Se estamos nos últimos tempos ou nos últimos dias dos últimos tempos, deveria ser óbvio a todo cristão bíblico que a “sã doutrina” está sendo raramente “tolerada”. Na verdade, é irônico que no momento que o mundo ocidental está vivendo, em que o acesso à Bíblia nunca foi tão grande, o analfabetismo bíblico entre os cristãos seja tão abundante. Raros são os crentes que sabem os nomes dos doze apóstolos; mais crítico, entretanto, é o número de cristãos que têm dificuldade para explicar o Evangelho simples. O “desviar-se” da verdade, sobre o qual Hebreus 2.1 nos admoesta, tornou-se uma descida íngreme para a Igreja.
É irônico que no momento que o mundo ocidental está vivendo, em que o acesso à Bíblia nunca foi tão grande, o analfabetismo bíblico entre os cristãos seja tão abundante.
A Bíblia não subestima as lutas que acompanham a vida de um crente em Cristo – algumas dessas podem ser reveladas como os maus frutos da nossa velha natureza, mas outras são as consequências da oposição do mundo e de Satanás à Palavra de Deus. Jesus declarou: “Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Tudo isto, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem aquele que me enviou...” (João 15.20-22). Depois da ascensão de Cristo e do martírio de Estêvão, a Igreja foi dispersa por uma grande oposição ao Evangelho. O apóstolo Paulo, anteriormente um perseguidor dos cristãos, foi subsequentemente sujeito à perseguição depois de sua conversão e por todo o restante de sua vida. Todavia, ele afirmou: “Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Romanos 8.36-37).
Pode parecer que provações contínuas na vida de um crente não poderiam levar a um bom final, mas Pedro nos mostra algo que vai além disso: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus” (1Pedro 4.12-14).
Poucos crentes no Ocidente já experimentaram o tipo de provação física que Paulo e Pedro descreveram, porém, há provações de um tipo diferente que são espiritualmente destrutivas, embora não sejam necessariamente físicas. Estas são as provações da fé de cada um de nós no âmbito da sedução religiosa, por exemplo, não ser enganado por falsos mestres populares e por doutrinas não-bíblicas, ser separado da comunhão por não compactuar com um novo ensinamento ou com uma nova prática que não tem apoio nas Escrituras, ou ser “um espinho na carne” de um grupo de estudos bíblicos por não abrir mão da verdade da Palavra de Deus. Estas são coisas que frequentemente geram conflitos simplesmente porque tentamos ser firmes na fé.
Então, como essa firmeza pode ser mantida sem causar conflitos e divisões? Não pode, exceto em raras circunstâncias onde houver uma disposição para o arrependimento e para a submissão à verdade da Palavra de Deus. Em nenhum momento as Escrituras prometem que não haverá oposição à Palavra de Deus. Pelo contrário, a Bíblia nos disponibiliza uma condição de “grande alegria” que acontece em nosso coração e capacita o crente a ser vencedor ou a lidar com a situação de maneira que seja agradável ao Senhor. Como isto pode ser realizado? A Primeira Carta de Pedro 4.14 nos diz: “...porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus...”.
A obra do Espírito Santo é absolutamente necessária na vida de um crente. Foi por isso que Jesus disse: “Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. (...) Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (João 16.7,13-14). Todo verdadeiro crente em Jesus é nascido do Espírito Santo (João 3.5), selado com o Espírito Santo (Efésios 4.30), e recebe capacitação, poder e direcionamento do Espírito Santo (Romanos 15.13; Romanos 8.14), a fim de glorificar a Deus e viver a vida de maneira que seja agradável ao Senhor. De acordo com as Escrituras, esta é a única maneira através da qual um crente pode ser espiritualmente frutífero.
No final da década de 1960, Dave Hunt editou um livro de William Law intitulado The Power of the Spirit [O Poder do Espírito]. No século XVIII, Law escreveu An Affectionate Address to the Clergy [Um Discurso Afetuoso Para o Clero], cujo título completo era An Humble, Affectionate, and Earnest Address to the Clergy [Um Discurso Humilde, Afetuoso e Sincero ao Clero]. O livro foi impresso novamente em 1896 por Andrew Murray, um dos autores cristãos favoritos de Dave. Murray mudou o título do livro de Law para The Power of the Spirit, e disse sobre ele:
Confesso que em tudo o que já li, nunca encontrei ninguém que tenha me ajudado tanto a entender a verdade escriturística da obra do Espírito Santo. (...) Peço aos meus irmãos e irmãs no ministério que não façam apenas uma leitura apressada do livro. Estou certo de que um estudo paciente e em espírito de oração lhes trará uma grande bênção.
Dave concordou:
Tenho convicção de que Andrew Murray não foi exagerado em seu elogio a respeito desse volume escrito por Law. E, embora, como Murray, eu não possa concordar com todos os ensinamentos de Law, também creio que tudo o que está incluído aqui seja sadiamente baseado nas Escrituras.
Mais adiante, Dave observou a relevância dos escritos de Law para as atuais questões geradas a partir dos abusos espirituais dos pentecostais e dos carismáticos e da crítica dos cristãos conservadores e dos fundamentalistas:
Nada além da obediência ao Espírito, do caminhar no Espírito, e do confiar que Ele nos proverá contínua inspiração poderão guardar os homens de serem pecadores e idólatras em tudo o que fizerem.
O que William Law tinha a dizer é, creio eu, uma contribuição muito importante para a presente discussão. Ele repreendia o orgulho, a falta de amor, e as inconsistências de ambos os lados, e aparentemente não tomava o lado de nenhum dos extremos. Mas ele, inquestionavelmente, mantinha uma base escriturística para a atual manifestação integral e a vitalidade do cristianismo do Novo Testamento. Aos adeptos das denominações mais tradicionais, ele enfatizava a necessidade da soberania e do poder do Espírito Santo para hoje; e para os pentecostais, ele frisava o fato de que o poder do Espírito Santo é dado principalmente para capacitar o crente a testemunhar e a viver uma vida santa. E o simples delineamento daquela vida que ele apresentava trazia convicção do pecado e uma sensação de estar aquém do desejado tanto para os fundamentalistas quanto para os pentecostais.
O texto a seguir foi extraído do capítulo “A Habitação do Espírito de Deus Essencial para a Salvação”, da edição exclusiva de Dave Hunt do livro The Power of the Spirit para os leitores de hoje:
O Espírito do Deus triúno, que foi soprado em Adão quando este foi criado, foi o que tornou Adão uma criatura santa à imagem e semelhança de Deus. Um novo nascimento por meio deste Espírito de Deus no homem é tão necessário para fazer o homem caído viver novamente para Deus como foi, no início, para fazer Adão à imagem e semelhança de Deus. E um fluir constante dessa vida divina através do Espírito é tão necessário para a continuidade do homem em seu estado redimido quanto a luz e a umidade são necessárias para a vida continuada de uma planta. Uma religião que não é edificada completamente sobre essa base sobrenatural, mas que se baseia em parte sobre os poderes, os raciocínios e as conclusões humanas, não tem nada mais do que uma sombra da verdade em si. Tal religião deixa o homem com meras formas e imagens vazias, que não podem restaurar a vida divina à sua alma, assim como um ídolo de barro e madeira não poderiam criar um outro Adão.
O verdadeiro cristianismo não é nada a não ser a contínua dependência de Deus através de Cristo por toda a vida, luz e virtude; e a religião falsa de Satanás é buscar essa bondade em qualquer outra fonte. Portanto, o verdadeiro filho de Deus reconhece que “O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada” (João 3.27). Toda bondade vem de Deus tão certamente quanto toda vida vem de Deus.
A queda do homem de seu primeiro estado trouxe separação de Deus e, assim, trouxe separação da vida, da luz e da virtude que estão nEle. A salvação do homem, portanto, só pode ser realizada através da reconciliação do seu espírito com o Espírito do Criador. “Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (2Coríntios 5.20), escreveu Paulo. Tampouco pode essa reconciliação ser realizada através dos esforços do próprio homem, mas ela deve, por sua própria natureza, ser um dom de Deus. Nenhum anjo ou homem poderia mostrar qualquer amor, fé ou desejo de estar com Deus sem que a semente viva desses afetos divinos tenham sido primeiro formados dentro dele através do Espírito de Deus. E como uma árvore ou uma planta pode crescer e dar frutos somente por meio de algum poder que primeiramente fez nascer a semente da qual a planta surgiu, assim também a fé, a esperança e o amor a Deus só podem crescer e frutificar por meio do mesmo poder que criou a primeira semente deles na alma. Portanto, a contínua inspiração e a obra do Espírito Santo no espírito do homem não são menos essenciais para a salvação, que Deus nos proporcionou através de Jesus Cristo, do que o próprio novo nascimento.
A vida divina no homem não pode nunca estar nele, mas é o crescimento da vida que procede de Deus. Portanto, é o resistir ao Espírito, apagar o Espírito, entristecer o Espírito, que fazem crescer todo mal que reina em uma criação caída e fazem dos homens e das igrejas uma presa fácil e inevitável do mundo, da carne, e do diabo. Nada além da obediência ao Espírito, do caminhar no Espírito, e do confiar que Ele nos proverá contínua inspiração poderão guardar os homens de serem pecadores e idólatras em tudo o que fizerem. Pois, tudo na vida ou na religião do homem que não estiver firmado no Espírito de Deus como sua fonte, direção e fim, sim, tudo será terreno, sensual e demoníaco.
A falta de (...) completa submissão à vontade de Deus e o fracasso em perceber que nossa salvação só pode ser gerada a partir do poder do Espírito Santo que habita em nós e que forma a vida de Cristo em nosso coração redimido, são as características que colocaram a Igreja cristã na mesma apostasia que caracterizou a nação judaica. E aconteceu na Igreja pelo mesmo motivo que aconteceu em Israel. Os judeus rejeitaram Aquele que era a substância e o preenchimento de tudo o que havia sido ensinado na Lei e nos Profetas. A Igreja cristã está em um estado de decadência porque também rejeitou o Espírito Santo, que lhe foi dado para ser o poder e o preenchimento de tudo o que fora prometido no Evangelho. E, assim como a rejeição dos fariseus a Cristo foi sob uma profissão de fé nas Escrituras Messiânicas, assim também os líderes da Igreja hoje rejeitam a demonstração e o poder do Espírito Santo em nome da sã doutrina.
A vinda do Espírito Santo foi tanto para cumprir com o Evangelho quanto a vinda de Cristo foi o cumprimento da Lei e dos Profetas. Assim como todos os tipos e figuras da Lei não eram nada mais que sombras sem a vinda de Cristo, assim também o Novo Testamento é letra morta sem o Espírito Santo nos homens redimidos com o poder vivo de uma completa salvação. Isto fica claro a partir das seguintes palavras: “Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” (João 16.7). Sem a cruz e a ressurreição, Cristo não teria “ido”. Estes eventos antecedentes possibilitaram a ascensão de Jesus, pois foi “pelo seu próprio sangue, [que Ele] entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção. (...) Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus” (Hebreus 9.12,24). Assim, a vinda do Espírito Santo, sendo o fruto da morte, ressurreição e ascensão de Cristo, é essencial para o cumprimento da salvação que Cristo obteve.
Onde o Espírito Santo não é honrado como aquele através do qual a vida completa e o poder da salvação pelo Evangelho devem ser eficazes, não surpreende que os cristãos não tenham mais a realidade do Evangelho assim como os judeus não tinham mais a pureza da Lei. Por isso, os mesmos desejos pecaminosos e vícios que prosperaram entre os judeus apóstatas se expandiram com tanta força na cristandade caída. Pois o Novo Testamento, sem a vinda do Espírito Santo em poder sobre o ego, o pecado e o diabo, está para o céu assim como seria o Antigo Testamento sem a vinda do Messias. Será que é necessário falar mais para demonstrar a verdade de que a única coisa absolutamente essencial para a salvação do homem é o Espírito de Deus habitando e operando no espírito do homem? E o fato de estarmos ainda apegados a uma religião que não reconhece isto é uma prova concreta de que ainda não estamos naquele estado redimido em nossa comunhão com Deus, estado esse que é o objetivo do Evangelho. (T.A. McMahon — The Berean Call — Chamada.com.br)

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