“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tito 2.11-12).
Jesus vive! Ele está sentado à direita do Deus Pai. Ele intercede constantemente por nós diante do Pai. Os Céus estão abertos. A graça foi revelada a todas as pessoas, nos oferece a vida eterna gratuitamente e, se cremos em Jesus Cristo, Ele nunca mais nos deixará. Sobre isso há um exemplo fictício que já foi utilizado em muitos sermões – duas situações, dois dias diferentes na vida de um cristão:
1º Dia – Levanto-me cedo, pela manhã, invisto tempo para ler a Bíblia e para orar. Dirijo-me ao trabalho, bem humorado. Meu chefe me ordena fazer algumas tarefas desagradáveis que, na verdade, deveriam ser feitas por um dos meus colegas. Com algum esforço, consegui responder: “Sim, faço com prazer!” ao invés de responder com reclamações. Depois do expediente, a caminho de casa, encontrei alguém para compartilhar o Evangelho e faço-o com alegria. À noite, ao invés de sentar à frente da TV, aproveito para ler a Bíblia. No fim do dia, bem disposto e tranqüilo, vou dormir.
2º Dia – Mal consigo sair da cama. Chego ao trabalho quase “queimando” o horário. Estou mal-humorado, não tive tempo para tomar café e muito menos para ler a Bíblia e orar. Novamente, meu chefe – ainda entusiasmado com o dia anterior –me encarrega de fazer algo que é de responsabilidade daquele meu colega preguiçoso. Mesmo resmungando, aceito a incumbência, mas, em meu coração, fico extremamente irritado. Executo o trabalho totalmente irado. O almoço também não estava bom e, além disso, ninguém me elogiou pelos meus serviços. Estou intratável e tenho auto-comiseração. Depois das horas-extras que fui obrigado a fazer, finalmente saio do meu local de trabalho. Novamente surge a oportunidade de testemunhar, porém, estou sem vontade de fazê-lo. Cansado e frustrado sigo o meu caminho. À noite, sobrecarrego meu estômago e me jogo no sofá, diante da “telinha” e a Bíblia fica ao meu lado, abandonada. Inquieto deito-me e procuro adormecer.
Pergunta: Em qual dos dois dias eu demonstrei ser digno da graça de Deus?
Resposta: Em nenhum deles. Esta é a característica da graça: Ela é imerecida. Não conseguimos desenvolvê-la por nossa força ou méritos. A graça que foi revelada proclama que Jesus Cristo já consumou tudo por nós e nos oferece a vida eterna, um relacionamento pleno com Deus (Efésios 1-3).
Alguns cristãos têm dificuldades em aceitar essas verdades porque temem que as pessoas poderiam se aproveitar dessa graça para viver livremente, sem qualquer lei. Isso, de fato, pode ser verdade: Algumas pessoas terão uma compreensão errada sobre a graça, considerando-a algo barato, de pouco valor.
Isso não seria de admirar, pois, Paulo esclarece em 1Coríntios 2.14: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura...”. O homem natural, incrédulo pode interpretar erradamente o “escândalo da graça” como uma permissão para pecar. Além dos tipos de pessoas, que Paulo menciona em Tito 1.10,15 –“palradores frívolos”, “enganadores”, “impuros” e “descrentes”, o apóstolo acrescenta:“No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra” (Tito 1.16).
No entanto, a questão é: Se, de fato, fui alcançado por essa graça de Deus, revelada em Jesus Cristo, eu ainda ouso abusar dessa graça imensurável, da minha vida eterna? O apóstolo Paulo considera que se alguém o faz, na verdade, não é cristão, não conhece a Deus.
A graça não conduz para uma vida desregrada, mas nos livra dessa vida desregrada. Em última análise, Jesus Cristo, ao se entregar por nós, nos resgatar e purificar, o fez para Si mesmo. Essa obra redentora nos tornou “povo de Sua propriedade”, conforme Paulo menciona em Tito 2.14. Nós, cristãos, não constituímos uma sociedade da qual é possível se dissociar, nenhum círculo de amigos cujos componentes podemos selecionar, mas somos propriedade do Altíssimo, comprados com o preciosíssimo sangue do Senhor Jesus Cristo, para sermos zelosos “de boas obras” (Tito 2.14).
Contudo, devemos manter claro em nossas mentes que nossas realizações e nossas obras não têm parte em nossa salvação. Paulo, nesse aspecto, concorda com Tiago que diz: “...a fé sem as obras é inoperante...” (Tiago 2.20). Nossas boas obras são um fruto natural resultante da obra de Cristo por nós, a nossa salvação. Nossas obras não contribuem para a nossa vida eterna, mas comprovam que temos vida eterna. O significado das boas obras é ressaltado várias vezes, na carta de Tito (cap. 3.8,14). Ainda, em Tito 2.11-15, após a constatação de que somos redimidos, Paulo reforça a recomendação de sermos zelosos em boas obras: “Dize estas coisas; exorta e repreende também com toda a autoridade” (Tito 2.15). Boas obras são uma parte imprescindível da vida do cristão.
Uma pergunta impertinente: “Você afirma que é salvo, que tem vida eterna e que conhece a Deus?” Tiago continua: “Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé” (Tiago 2.18). De acordo com Tito 3.1, pessoas salvas deveriam estar “prontos para toda boa obra”.
Se cremos em Jesus Cristo, a graça de Deus nos capacita para termos uma vida temente a Deus e para as boas obras, porque Ele nos libertou “de toda iniqüidade” (Tito 2.14). Não é à toa que Paulo reforça, na carta de Tito, que tivemos um novo nascimento e fomos renovados pelo “Espírito Santo, 6que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tito 3.5-6). Somos novas criaturas (2Coríntios 5.17).
Nossa possível inoperância, nossas desculpas como: “Sou muito fraco”, “sou um fracassado”, “preciso ser mais cheio do Espírito Santo”, “sou muito pecador” e outras semelhantes são expressões de incredulidade e de desobediência! Paulo nos diz claramente: A graça, que nos foi revelada, nos orienta (Tito 2.11). Jesus Cristo, ao nos libertar de toda a iniqüidade, nos capacita (Tito 2.14).
Isso não significa que podemos viver sem pecado em nossos corpos corruptíveis. Issonão significa que não teremos lutas e, repentinamente, nos tornamos fortes. Pelo contrário, no momento em que a graça transforma nossa vida, realmente começam as lutas contra o pecado e então percebemos quão fracos somos.
No entanto: Não desanime se você sentir que não é perfeito. “Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos” (Isaías 57.15). Justamente na nossa fraqueza é que a força de Deus se torna poderosa (2Coríntios 12.9). Não se admire se não encontrar nenhum poder em si mesmo que o possa capacitar para uma vida temente a Deus e de boas obras. Na verdade, você não vai encontrar nada! Você pode meditar e se esvaziar a ponto de se esvair. O seu “...socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra” (Salmos 121.2).
Tudo é uma questão de “vida de obediência na fé”: Se cremos em Jesus Cristo, podemos obedecer a Deus em qualquer situação, graças ao derramamento do Espírito Santo, porque a graça nos foi revelada – Jesus salva – e porque a graça permanece conosco –Jesus vive! Isso dá sentido à nossa vida e ela não se torna vã.
“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, 25ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!” (Judas 24-25). (René Malgo — Chamada.com.br)
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