POR GEOFFREY
WILLOUR
“E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma
coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem.” (Jesus Cristo no Evangelho de Mateus 6.7-8, ARA)
coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem.” (Jesus Cristo no Evangelho de Mateus 6.7-8, ARA)
“A Oração é um santo oferecimento dos nossos desejos a Deus, por coisas
conformes com a sua vontade, em nome de Cristo, com a confissão dos nossos
pecados, e um agradecido reconhecimento das suas misericórdias.”(Resposta da
pergunta #98 do Breve Catecismo de Westminster)
A oração é o grande privilégio do crente. Quando nós crentes vamos ao
encontro do nosso Pai celestial em oração, através da fé em Seu Filho Jesus
Cristo, nosso único mediador, literalmente entramos pelo Espírito Santo no que
pode ser descrito como outra dimensão. Na oração nós nos achegamos ao trono da
graça, entramos no santuário interno, o celestial Santo dos Santos, a própria
sala do trono da presença de Deus onde o Criador do universo é servido* por
anjos, apóstolos, santos e mártires, e toda a companhia celeste (Hebreus
4.14-16; 12.14-24,28-29; Apocalipse 4-5; 7.9-12). ( ? Nota do blog)** Quando Jesus morreu na cruz
pelos nossos pecados, tendo de uma vez completado a obra de expiação e
entregado Seu espírito ao Pai, o véu no Templo separando o Santo lugar do Santo
dos Santos foi rasgado em dois de cima a baixo, indicando que o Pai efetuou a
redenção pelo Seu Filho e que agora o caminho para o Santo dos Santos foi
aberto (todo o tempo) para todos o que creem (e não somente uma vez ao ano para
o sumo-sacerdote (somente), como era antes na antiga aliança – veja Mateus
27.50-51). Na oração nós realmente nos achegamos a Deus em uma santa e íntima
união pactual.
Assim, a ordenança da oração é poderosa. De fato, a tradição reformada e
presbiteriana historicamente tem visto a oração como sendo em certo sentido um
meio de graça (não no sentido de que Deus objetivamente oferece e sela Sua
graça em nós, como Ele faz com a Palavra e os sacramentos, mas no sentido de
que a oração é um meio pelo qual nós, pela fé, recebemos subjetivamente a graça
de Deus em Cristo, que é oferecida objetivamente a nós pela Palavra e
sacramentos). Portanto, a oração é uma coisa poderosa. Entretanto, hoje a
prática da oração é vista com muitos equívocos, e existem muitas ideias falsas
por aí sobre a oração. Um equívoco comum é uma visão do poder da oração que
basicamente torna a oração numa forma de magia branca.
Como são alguns exemplos dessa visão da oração como uma forma de magia
branca? Bem, querido leitor, deixe-me procurar responder essa questão te
perguntando algumas coisas para colocar o problema em evidência. Você acha que
suas orações são mais efetivas se elas são longas e prolixas? Você acha que
seria mais abençoado por Deus e seria uma pessoa mais espiritual se você
gastasse períodos prolongados na prática da oração? Você acredita que quanto
mais pessoas estão orando por você, é mais provável que Deus ouça suas orações
e te garanta as bênçãos e pedidos que você procura? Você acha que Deus estará
mais propenso a te escutar se você conseguir uma pessoa em particular que você
considera especialmente santa (por exemplo, seu pastor, ou um cristão maduro
que você admira) a orar por você? Você acha que usando uma fórmula particular
de oração (como a popular “oração de Jabez” ou a antiga “oração de Jesus”) vai
conseguir a atenção de Deus melhor que usar suas próprias palavras na oração?
Se você respondeu “sim” a quaisquer dessas perguntas, então você pode ter sido
influenciado pelas noções populares, mas não-bíblicas, de oração, noções pagãs
que basicamente tornam a oração em uma forma de magia branca.
As maiores expressões de oração como “magia branca” podem ser
encontradas em certos círculos carismáticos e pentecostais, especialmente entre
os chamados pregadores da prosperidade. Por exemplo, eu ouvi um pregador da
prosperidade (do tipo “declare e reinvidique”) se gabando de como ele
basicamente manda em Deus. A ideia em alguns dos círculos supostamente
“cristãos” é que se você tem bastante fé pode basicamente “declarar e reinvidicar”
suas bênçãos de Deus – incluindo as bênçãos de cura, saúde, riqueza, e
prosperidade. Entretanto, isto passa o mais longe possível da doutrina
bíblica sobre a oração. (Tente dizer a Jó, ou o Apóstolo Paulo, ou Estevão o
Mártir – todos homens de oração profunda e sincera – que eles somente não
tiveram fé o suficiente para “declarar e reinvidicar” suas bênçãos, ou que
suas dificuldades e sofrimentos são evidência de uma fé fraca). Além de
ser completamente blasfemo, é também completamente pagão. É o exemplo mais
extremo de oração como magia branca. Isto transforma Deus em um capataz e
sujeita o Criador à vontade da criatura. Não é um meio de fazer Deus de capacho
ou dar ordens a Deus. Antes, é um caminho pelo qual nós expressamos nossa total
dependência do Soberano do universo, e humildemente pedimos a Ele por coisas
que são necessárias para nós e agradáveis à Sua vontade. É um meio pelo qual
nós dizemos a Deus, “Seja feita a tua vontade” (e não,
“Senhor, faça a minha vontade).
Quando os discípulos do nosso Senhor pediram que Ele os ensinasse como
orar, Ele os ensinou um modelo de oração que veio a ser conhecido como a
“Oração do Senhor”¹ (Lucas 11.1-4; Mateus 6.9-13). (Seria mais preciso a
chamá-la de “a oração dos discípulos”, porque ela pretendia servir como modelo
de oração para os seguidores de Jesus Cristo.) Enquanto muitas coisas podem ser
ditas sobre esse modelo de oração, eu faria somente algumas observações.
Primeiramente, esta oração é muito curta e direta ao ponto.
Pode ser orada em menos de 30 segundos. Segundo, ela é muito íntima (Deus
é chamado pelo crente de “Pai Nosso”) e simples, evitando o excesso
de floreio e vã repetição caracterizados pela oração do tipo “magia branca” que
acontece hoje. Terceiro, ela é completamente teocêntrica e focada no Reino.
Somente uma das petições (“O pão nosso de cada dia nos dai hoje”) se foca em
nós e nossas necessidades terrenas, e mesmo assim somente pede pelo que precisamos (pão
nosso de cada dia), e não o que nós poderíamos querer (saúde,
riqueza, facilidade, conforto, prosperidade, etc.). Finalmente, ela é uma
oração que manifesta uma atitude de total submissão à vontade de Deus, o oposto
de tentar forçar Deus a servir nossos desejos ou interesses ou pautas. A oração
“magia branca” procura usar Deus para propósitos egocêntricos.
A oração verdadeira procura se submeter à vontade de Deus em humildade e
gratidão. Quando somos tentados a nos inclinar ao modo de pensar da “oração
magia branca”, faríamos bem em refletir sobre a Oração do Senhor.
RELACIONADOS
A oração é um grande privilégio. A oração é poderosa. A oração é vital
para a vida spiritual e a saúde tanto do crente individual como da igreja
corporativa. Entretanto, oração não é magia branca, e Deus não é nosso Mordomo
Cósmico. À medida que procuramos ser pessoas devotadas à Palavra e à oração,
deixemo-nos lutar por uma teologia bíblica sobre oração, para a glória de Deus
e para o nosso bem espiritual.
(Ao longo desse texto, eu realmente apreciei alguns dos comentários do
Rev. Jonathan Fisk, pastor luterano do Sínodo de Missouri, faz do tema da
oração perto do final desse recente vídeo do “Worldview Everlasting”. Foi dos comentários do Pastor
Fisk que eu tirei a ideia de classificar as falsas noções de oração como “magia
branca”.)
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¹ A “Oração do Senhor” é mais conhecida aqui no Brasil como o “Pai Nosso”, mas mantivemos a tradução por causa do contraste que ele faz logo depois com a “oração dos discípulos”.
¹ A “Oração do Senhor” é mais conhecida aqui no Brasil como o “Pai Nosso”, mas mantivemos a tradução por causa do contraste que ele faz logo depois com a “oração dos discípulos”.
Traduzido
por Marcel Cintra | Reforma21.org | Original aqui
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e não o utilize para fins comerciais.
* Nota do blog 01 - Não entendi o uso da palavra " servido", entra em contraste com a citação de Atos 17:25, "Nem tampouco é servido por mãos humanas, como que necessitando de alguma coisa..."
** Nota do Blog 02 - Os vers. de referência não servem como base para apoiar a idéia do autor ( essa é a minha opinião pessoal).
* Nota do blog 01 - Não entendi o uso da palavra " servido", entra em contraste com a citação de Atos 17:25, "Nem tampouco é servido por mãos humanas, como que necessitando de alguma coisa..."
** Nota do Blog 02 - Os vers. de referência não servem como base para apoiar a idéia do autor ( essa é a minha opinião pessoal).
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